O Fórum Nerd foi convidado a conferir o filme “Meu Casulo de Drywall” em uma cabine de imprensa a convite da Aurora Filmes.
O ponto de partida do filme de Caroline Fioratti é bem empolgante. Meu Casulo de Drywall é uma crítica social aos padrões de comportamento de uma classe média alta, sobretudo à criação que os pais desse estrato social dão a seus filhos, sempre cheios de privilégios, mas emocionalmente carentes. O filme tinha a faca e o queijo para apresentar de forma sutil uma fase da vida de adolescente mas que acaba passando por presepadas no decorrer da obra que baixam bastante o seu nível.
O longa conta a história de Virgínia (Bella Piero), uma adolescente que promove a festa do seu aniversário de 17 anos em seu apartamento em um condomínio de classe média onde vive com os pais, até que uma tragédia acontece na festa e todos os personagens do filme passam a lidar com a assimilação desse evento.
A premissa de Meu Casulo de Drywall é ótima e traz para Fioratti a capacidade de desenvolvimento de uma excelente história. A diretora e roteirista parece compreender a semente de determinadas tensões na sociedade brasileira preenchendo sua trama com figuras como homens agressivos com suas esposas e ausentes no ambiente familiar, militares, política, tudo envolvido no mesmo caso, mas infelizmente, isso não é feito de uma forma tão sutil quanto pareceu ser e a produção peca por isso.
Logo de cara já temos um verdadeiro catálogo de adversidades, sem sutileza, nem tempo para aprofundamento e nem para analisarmos. Isso significa que, para ilustrar a necessidade de acolhimento após a perda da filha, Patrícia deita em posição fetal na cama, antes de deitar em posição fetal nas costas do sofá, e deitar em posição fetal na piscina do prédio. O juiz Roberto (Caco Ciocler) é um sujeito violento, por isso, na única cena em que aparece, comunica-se aos gritos e tapas. Antonio (Marat Descartes) é o militar homofóbico, então ele se resume-se às marcas roxas deixadas no filho. Claro, tudo isso existe, mas falta foco no drama, que carece de foco e fio condutor. a Própria protagonista mesmo é deixada pra lá na obra como se fosse apenas uma figurante, sequer a conhecemos direito, ou também nem temos informações a respeito da mãe, do melhor amigo, outros coadjuvantes importantes.
O tom da obra também é afetado por conta disso, hora temos um sombrio suspense e outra o filme deixa de lado para algumas incongruências facilitadores de narrativas apenas para apresentar mais situações estranhas. A diretora até que manda bem no pouco clima psicológico da obra, trazendo bons momentos, mas peca em costurar isso até o final do filme sem que a edição não atrapalhe nas elipses.
Conclusão: Meu Casulo de Drywall muda de forma muito brusca os humores da sua história, desejando construir muitas alternativas para aquele drama, o que acaba mais atrapalhando do que ajudando o longa, o filme poderia ter sido muito mais interessante do que foi se não fosse a obviedade por trás e a pouca inspiração ao fazê-lo.
Nota: 5,0
Postar um comentário