Drama LGBTQIA+ leva muito tempo para desenvolver sua história e não elabora muito bem em todos os tópicos abordados apesar de tentar transmitir boas mensagens.


A convite da A2 Filmes, nós do Forúm Nerd agradecemos por termos sido chamados para a cabine de imprensa virtual de "Névoa Prateada", o drama britânico com temáticas LGBTQIA+ dirigido Sasha Polak e estrelado por Vicky Knight que foi lançado no ano passado no exterior e tem sido premiado em diversos festivais de cinema. 

Na trama de Névoa Prateada, acompanhamos Franky (Vicky Knight), uma jovem enfermeira londrina de 23 anos que mora com sua família e foi rejeitada por seu pai após sofrer queimaduras graves em seu corpo causadas por um incêndio a 15 anos atrás. Obcecada por encontrar e desmascarar os possíveis responsáveis pelo seu acidente, ela encontra-se incapaz de entrar em um relacionamento sério até se apaixonar por  Florence (Esme Creed-Milies),uma de suas pacientes.

Durante o começo, muitas das relações de Franky tanto com sua família, quanto dos outros personagens que ela vem a conhecer, são estabelecidos de maneira confusa com a forma na qual a história se desenrola. A transição da protagonista para uma mulher lésbica, em particular, acontece de maneira tão repentina que esta parte de seu progresso como personagem pareceu quase inexistente.  Com menos de 20 minutos de duração, o filme já passava a sensação de que estava quase na metade, mas havia muito mais para se explorar. 

Outro problema é a falta de interesse no romance principal entre Franky e Florence. As duas não possuem carisma como casal e seus momentos românticos são tão monótonos até que chega a um ponto em que seu relacionamento acaba se tornando algo tóxico e abusivo. As atuações também não ajudam, a performance de Vicky Knight em particular consiste muito na mesma entonação de voz e isso fica evidente principalmente nas cenas em que sua personagem precisa expor o sentimento de raiva. 

O acidente que casou as cicatrizes na protagonista também é um de seus pontos mais interessantes, mas o problema é que toda vez em que isso vem a tona, é sempre através de diálogos expositores ao em vez de mostrar o seu real ponto de vista, e por causa disso, é difícil para o expectador sentir a mesma raiva que Franky sente de seu pai. Também é importante ressaltar que há um segundo enredo que é constantemente abordado em que a irmã da personagem principal, Leah (Charlotte Knight) comenta sobre seu relacionamento abusivo com seu namorado obcecado em sexo e encontra refúgio na religião mulçumana para criar uma quebra de perspectiva.

Apesar dos problemas com sua narrativa, o filme possui boas intenções com os temas que eles procuram abordar. Existem momentos em que vemos Franky e Florence sendo fisicamente e emocionalmente maltratadas por pessoas grosseiras após se assumirem como um casal. Também há um drama envolvendo a personagem Alice (Angela Bruce) que proporcionam alguns dos momentos mais deprimentes e baixo astral de todo filme.

Toda a jornada de Franky pode parecer pouco clara durante o começo e o meio do filme por causa de seu ritmo mais lento, porém, por trás de todos estes tópicos deprimentes que infelizmente existem em nossa realidade, existe uma mensagem bastante positiva sobre a importância em deixar de sentir raiva e rancor pelas angustias que nos aconteceram no passado, pois seremos capaz de perdoar e encontrar a paz em nossas vidas.

"Névoa Prateada" pode até possuir uma boa mensagem sobre a futilidade em guardar ressentimentos e aproveitar a vida, mas apesar de ser bem intencionado, as lições que tentam ser repassadas acabam demorando demais para causar efeito devido ao seu romance pouco simpático e a decisão de sua história em expor vários elementos importantes sobre sua trama através de diálogos ao em vez de permitir com que seu público sinta as mesmas emoções de seus personagens. 

Nota: 5,5/10

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