Novo jogo da DC coloca os jogadores nos papeis dos vilões contra os maiores heróis de sua editora em uma experiência que se diverte com sua proposta absurda.


Por mais improvável que pudesse parecer, o Esquadrão Suicida tem recebido mais destaque em mídias populares do que qualquer outra equipe da DC nesses últimos anos. Não só a Força-Tarefa X teve dois filmes lançados para os cinemas que renderam dois derivados (sendo esses o longa-metragem das Aves de Rapina e a série de TV do Pacificador) como eles também terão ainda este ano um anime produzido pela Wit Studio. Como se toda essa atenção já não bastasse, o grupo agora teve seu primeiro jogo AAA feito por ninguém menos que o time da Rocksteady, a desenvolvedora conhecida por criar os lendários jogos da franquia Batman Arkham. 

Por mais que um jogo estrelando os membros da Força-Tarefa X não fosse a primeira opção dos fãs da série Arkham que queriam uma continuação deste universo, existe uma grave desinformação a respeito de seu desenvolvimento. Muitos acreditam que por ser ambientado na cidade de Metropolis, os desenvolvedores foram forçados pela Warner Bros a fazerem este game ao em vez de um single-player do Superman, o que não é verdade. O que realmente aconteceu, segundo o jornalista Jason Schreier do site Bloomberg, foi que após o lançamento de "Batman Arkham VR" (2016), a Rocksteady de fato quis a trabalhar em um multiplayer. Em contrapartida, um outro jogo do Esquadrão Suicida que estava sendo feito pela WB Montreal foi cancelado no final de 2016, e marca acabou sendo entregue para o estúdio responsável pelo Arkhamverso que começou a trabalhar no projeto a partir de 2017.   

Não é segredo que muito fãs ficaram decepcionados quando a Rocksteady optou por fazer algo diferente de sua formula tradicional de jogos single-player que os tornaram famosos com a série Arkham. Mas mesmo com a má recepção de seus trailers de gameplay e dos receios causados pelo fato deste ser um jogo de serviço com elementos de RPG, "Esquadrão Suicida: Mate a Liga Justiça" como um jogo ainda consegue providenciar um divertimento satisfatório com seus personagens e as distintas diferenças de suas jogabilidades.  

Invasão de Brainiac

Em sua campanha que se passa cinco anos após os eventos de "Batman Arkham Knight" (2015), Brainiac (Jason Issac) invadiu Metropolis com intenções de transformar a Terra em uma nova versão de seu planeta natal Colu. Além de 99% dos cidadãos terem sido mortos ou transformados em lacaios, os maiores heróis do mundo agora estão sob seu irreversível controle mental e com isso, Amanda Waller (Debra Wilson) reuni a Força-Tarefa X composta por: Arlequina (Tara Strong), Tubarão-Rei (Joe Seanoa), Pistoleiro (Bumper Robinson) e Capitão Bumerangue (Daniel Lapaine) para realizarem sua missão mais absurda até agora... matar a Liga da Justiça. 

Esquadrão Suicida invade Lexcorp

O game dá aos seus jogares total liberdade para joga-lo da maneira na qual mais os convém, seja online com até três pessoas como os seus companheiros ou em single-player onde os outros membros do esquadrão são controlados por bots que são surpreendentemente competentes  durantes as batalhas. A forma na qual cada personagem se locomove é um dos principais fatores que favorecem as diferenças de suas jogabilidade. Arlequina usa um gancho de alpinismo e um Bat-drone para se balançar pela cidade, Bumerangue usa uma manopla de força de aceleração para para ter super velocidade, Pistoleiro pode voar com seu jetpack e Tubarão-Rei consegue dar saltos enormes.

Por mais que os trailers tenham feito um desserviço à sua gameplay, o sistema de combate acaba sendo bem prazeroso por oferecer uma sensação de poder que fica cada vez maior na medida em que seus personagens ficam mais fortes. Se mover pelo mundo aberto com suas habilidades especiais e enfrentar hordas de inimigos por si só é bem mais divertido do que deveria ser, mas o principal problema do jogo é que todas as suas missões se ressumem à isso e colocam sua experiência em um estado cíclico onde há momentos em que fica repetitivo só para a sensação de divertimento voltar depois.

Um dos aspectos que mais havia sido criticado no game antes de seu lançamento foi o uso excessivo de armas de fogo. Mas isso na verdade acabou sendo um elemento que foi muito bem gerenciado em Esquadrão Suicida pois alguns tipos de armamento em seu vasto arsenal diversificado são designadas especificamente para certos personagens, por exemplo, Arlequina e Bumerangue são os únicos que fazem uso de submetralhadores, enquanto rifles de assalto são exclusivos para o Pistoleiro e o Tubarão-Rei. Isso sem falar nas peças inspiradas em outros vilões da DC que causam dano adicional nos inimigos como uma espécie de super poder. Os jogadores também são constantemente recompensados com novos itens por cada missão bem sucedida mas nunca chega ao ponto em que o uso de equipamentos aprimorados se sentem obrigatórios pois eles não influenciam a dificuldade do jogo.  

Metropolis 

Metropolis, a icônica cidade do Superman, serve como o principal mapa do jogo. Seu mundo aberto, além de ser rico em referências ao universo DC também combina bem com o tom caótico do jogo. Esse também é o primeiro jogo da Rocksteady com um sistema de tempo real que influenciam as horas em que suas cutscenes se passam. Porém, mesmo sendo muito bem detalhado, o mapa tem o mesmo problema que a Gotham City de "Arkham Knight" pela falta de NPCs, mas mesmo assim não chega a ser algo que incomoda tanto devido ao contexto dado na história. 

Esquadrão Suicida entrando em um portal da “Crise Finita” 

A respeito de sua história, seu ponto mais alto é a dinâmica entre seus quatro protagonistas que proporcionam vários momentos cômicos e carismáticos durante a campanha. Algo muito interessante também é a opção de poder selecionar capítulos e jogar suas partes favoritas novamente sem precisar recomeçar tudo desde o início, coisa que costuma ser bem incomum em jogos de mundo aberto. Mas apesar dos visuais cinematográficos, reviravoltas intrigantes e gráficos impecáveis, já era de esperar que sua premissa tomasse decisões sombrias, mas vale lembrar que ao longo deste ano, essa história será continuada através de expansões que também incluem novos personagens e novas áreas a serem exploradas sem nenhum custo adicional. E independente de como os fãs mais saudosistas possam se sentir considerando que o jogo se passa no mesmo universo que a série Arkham, nada justifica usar o falecimento de Kevin Conroy (que continua a entregar uma ótima performance como Batman) como desculpa para ofender e ameaçar os funcionários da Rocksteady. 

Kevin Conroy como Batman controlado por Brainiac 

Mesmo que este claramente não seja um jogo do Batman, isso não impediu a Rocksteady de trazer de volta alguns elementos familiares da série Arkham, tais como os arquivos de áudio que esclarecem ainda mais os eventos da história e até mesmo os infames desafios do Charada que voltaram em uma quantidade bem mais moderada. E por falar no Cavaleiro das Trevas, nas partes onde nós os confrontamos entregam a experiência de como os criminosos de Gotham se sentiam quando ele entrava no modo predador. Outro detalhe fascinante sobre o personagem é que há momentos onde os jogadores mais atenciosos conseguiram nota-lo vigiando os membros do esquadrão em uma longa distancia.

O Esquadrão Suicida 

Até hoje, a Rocksteady sempre fez jogos acima da média com os personagens da DC e isso não mudou com o lançamento de "Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça". Mesmo sendo repetitivo em suas missões, o jogo consegue intrigar com o desenrolar de sua história e proporcionar divertimento com sua gameplay e seus personagens junto de uma qualidade gráfica que possivelmente esta entre as melhores da atual geração de consoles. E com a fato de que há várias expansões gratuitas que ainda estão por vir, será muito interessante ver a continuidade do embate da Força-Tarefa X contra as forças de Brainiac e ver o que mais o jogo terá para oferecer em seu futuro.


Nota: 7,5/10  

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