Nos últimos anos, a Maurício de Sousa Produções veio construindo a fundação para um pequeno universo dos personagens da turminha mais amada do Brasil, começando lá em 2019 com Turma da Mônica: Laços, de 2019, adaptação do quadrinho dos irmãos Vitor e Lu Caffagi, passando por Lições em 2022, mas mesmo assim, outro projetos já vinham sendo anunciado, como um focado na Turma da Mônica Jovem, que na verdade foi anunciado até mesmo antes desses filmes comentado, lá na CCXP de 2016, mas só deu frutos agora, 8 anos depois, com as produções anteriores já terem ganhado o coração dos fãs.

Primeiramente, um dos principais pontos a se comentar e que existe uma decepção que muitos tiveram, inclusive eu, com a mudança do elenco principal para esse novo filme da TMJ, possivelmente matando uma adaptação de Lembranças, parte final da trilogia que começou em Laços. Contudo, o problema principal não é nem esse, e a quase total falta de carisma do elenco, tirando alguns poucos nomes como Cascão (Theo Salomão) e Denise (Carolina Amaral).

Isso fica pior ao conectar a falta de carisma ao tom que o filme quer chegar, o estilo dele, que quer ser meio terrozinho, meio slasher esquisito. Obviamente um filme como esse não pode realmente ter mortes, tanto por ser um filme infantil, quanto exatamente pelos personagens dentro deles, mas é incrível a facilidade que a produção faz de você não se interessar por nenhum personagem. Obviamente, acertar uma pegada dessas com tantas restrições é muito difícil, mas fica mais ainda quando o filme necessita que você importe-se com aqueles personagens, e não consegue que eles façam isso por merecer.  

Isso vem exposto diretamente na introdução, meio estranha, para se falar o mínimo, porque era para ser uma forma de entender como é a versão jovem dos personagens da Turminha, mesmo que eles não sejam os que estavam nas produções anteriores, e sim algo totalmente novo, mas a única coisa que é fácil tirar dessa introdução é que o Cascão é parkoureiro. O filme não consegue nem ter uma introdução decente para estabelecer o filme direito

Na verdade, é até interessante ressaltar a cômica adição do Do Contra (Yuma Ono) nessa cena, porque ele é apresentado como um componente tão importante do grupo dos 5 protagonistas, mas ele não faz nada demais o filme todo além de lançar umas linhas engraçadinhas aqui e ali. Além disso, porque só a presença dele e não a de outros personagens que são também próximos da Turma, mas não ganham no mínimo uma mençãozinha é uma questão que deixa uma pulga atrás da orelha.

A partir daí, chegamos nos plot principais interligados do filme, a luta contra o fim do Museu, conectado à Escola de Ensino Médio do Limoeiro, a briga de Mônica (Sophia Valverde) com Carminha FruFru (Giovanna Chaves) e desparecimentos acontecendo, relacionados a figura do lendário Cabeça de Balde. Em especial, a briga das duas garotas inicia o arco da Mônica nesse filme, ou o que deveria ele, sobre lidar com os seus sentimentos, o que estranhamente no filme, é tratado de forma muito porca.

Outra decepção, em particular, com certo personagem é o Licurgo (para mais íntimos, o Louco), interpretado por Mateus Solano. Uma ótima surpresa tendo ele como personagem, uma nem tão ótima é como o filme trata ele com tão desinteresse, que nem a interpretação do ator consegue salvar o que o personagem é no filme.

O filme sofre muito de uma justaposição de cenas e de momentos. É como se o filme não soubesse transicionar o que os próprios personagens estão fazendo no momento, ou ir para outro personagem, fazendo algo diferente, com naturalidade. Duas sequências que deixam é a cena que os personagens vão para o museu, após a introdução do Ensino Médio, ou na em que Magali (Bianca Paiva) e Mônica estão na casa de Dona Nena conversando, e joga uma cena desconexa da Milena (Carol Roberto) , que só é explicada mais para a frente no filme, e volta para a parte anterior, um pouco mais tarde no mesmo dia.

Só abrindo o parênteses antes da parte final, mas perceberam a não citação do Ceboli-, o Cebola (Xande Valois), porque, mesmo ele sendo outro dos personagens que tem um maior destaque na história, ele não faz nada de que chame atenção, além do filme não conseguir transparecer que ele é aquele personagem com as características que associamos com ele.

O final é pior ainda, porque ele se arrasta, e arrasta, e arrasta mais um pouco. Ele tenta completar o arco da Mônica, citado anteriormente, mas acaba tentando adicionar uma moral ao filme que não se conecta com o resto apresentando. É como se pulássemos vários passos, tanto no desenvolvimento da personagem, quanto na história do próprio filme, que não dá para voltar atrás, porque já estamos perto da finalização. 

Com tudo isso dito, um ponto que deixei para ressaltar no final da crítica é como a Trilha sonora é bem mal inserida. Não que a música do filme seja ruim, não é, mas aparentemente os responsáveis pela inserção (e, provavelmente da mixagem também) das faixas dentro das cenas, esqueceu de diminuir um pouco o volume, porque tem cenas que você realmente se pergunta se era necessário a música estar tão alta do jeito que estava.

Em contraste, os efeitos especiais, realmente, para o que se propõem, realmente não são de todo ruim. Obviamente, poderiam ser melhores, mas do jeito que estão no filme, não são algo que estraga demais a experiência, como se ela já não estivesse estragada desde o começo.

Em sinceridade, o filme é quase como se fosse um comercial de 2 horas falando "Esse é o tom que vamos levar as produções da Turma da Mônica Jovem", sem se comprometer em fazer um filme bom nesse mesmo tom . Lembra quando as pessoas reclamam que certos filmes e séries da Marvel são só propagandas blockbusters do que vem a seguir? Bem, Reflexos do Medo é um epítome disso.

NOTA: 3

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