Apesar de não ser perfeito, novo live-action da Disney se sustenta graças ao carisma de sua protagonista


Com os remakes de qualidade debatível da Disney tendo obtido tanto sucesso financeiro nos cinemas, como foi no caso de filmes como "A Bela e A Fera" (2017), "O Rei Leão" (2019) e  vários outros, era só questão de tempo até que o clássico "A Pequena Sereia" recebesse o mesmo tratamento quando o seu live-action foi anunciado em 2016. Porém, muitas intrigas injustas foram causadas devido a questões raciais quando a atriz e cantora Halle Bailey (A Cor Púrpura) foi escolhida para viver a princesa Ariel em 2019.

Desde sua escalação, houveram várias discussões constrangedoras na internet a respeito do porquê Bailey ter ficado com o papel. Felizmente, também tiveram aqueles que falaram a favor da atriz e da proposta de diversidade inclusa no remake, incluindo a própria Jodi Benson que foi a responsável por dublar Ariel na animação de 1989. Após ver Bailey em ação, fica nítido que ela foi a escolha ideal para viver e transmitir a essência da personagem em live-action mesmo com algumas decisões duvidosas feitas na produção do filme.

Seguindo a mesma premissa que o filme animado, em “A Pequena Sereia”, a princesa Ariel (Halle Bailey), filha mais nova do Rei Tritão (Javier Barden), é fascinada pelo mundo da superfície e deseja viver lá. Mas depois de salvar e se apaixonar pelo Príncipe Eric (Jonah Hauer-King), ela acaba fazendo um acordo com a bruxa de mar Úrsula (Melissa McCarthy) para se tornar humana em troca de sua voz, e para com que ela não sofra com as consequências, seus amigos Sebastião (Daveed Diggs), Linguado (Jacob Tremblay) e Sabidão (Akwafina) precisam ajudá-la a dar um beijo de amor verdadeiro em menos de três dias.


No papel principal, Halle Bailey cumpre muito bem o seu trabalho, mas ela também se mostra como o grande coração do filme. Além de possuir uma belíssima voz que é a que mais se destaca nos números musicais, sua interpretação como Ariel entrega uma protagonista extremamente carismática e com motivações simpáticas que fazem com que a audiência torce para que ela seja feliz e consiga o que quer. O longa dificilmente teria funcionado sem ela e se torna bastante difícil imaginar outra atriz fazendo esta personagem em live action. Melissa McCarthy também faz um bom trabalho como Úrsula e traz uma boa doze de humor para a antagonista.


Apesar do saldo positivo em geral, o filme ainda tem suas falhas em recriar por completo a mesma magia que a animação, assim como os outros remakes da Disney. Para começar, o filme possui efeitos especiais bem decentes, porém o problema mesmo esta no design das criaturas marinhas que embora sejam coloridas e não chegam a ser tão ruins quanto os animais em "O Rei Leão", ainda passam boa parte do filme entregando expressões mortas, com o Linguado (que felizmente não aparece tanto assim) sendo uma das piores ofensas.

Mais uma vez temos a inclusão de novos elementos e detalhes que são usadas para justificar a duração do filme ser mais longa que a da animação, mas o problema e que as poucas mudanças feitas não se mostram muito relevantes para a história. Também temos as adições de três musicas novas compostas por Alan Menken e Lin-Manuel Miranda. "No Fundo Dessas Águas" tenta aprofundar o personagem do Príncipe Eric mas poderia muito bem ter sido descartada, "Tudo Tão Novo" é a melhor das novas composições e destaca mais ainda o talento de Halle Bailey, já a música "Zum Zum Zum" cantada por Akwafina provavelmente é um dos piores trabalhos de Lin-Manuel Miranda quando escutada em áudio original.


Por mais que os remakes da Disney sejam criticados com bastante frequência (alguns com bastante razão), "A Pequena Sereia" em particular não traz nenhuma mudança impactante para sua historia, mas é uma recriação que da para ser apreciada aos poucos com o decorrer de sua trama. Ao entrar em uma sala de cinema e ver várias crianças se emocionando com o que viram, fica evidente que embora as intenções sejam gananciosas, o filme foi feito para impactar uma nova geração de jovens ao em vez de agradar um público mais nostálgico, e realizou isso entregando um dos live-action mais decentes do estúdio, cuja a qualidade se deve muito a sua atriz principal.



Nota: 7,5/10

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem