Terceiro filme do Homem-Formiga promete ser um “evento nível Vingadores” mas entrega um dos piores filmes do MCU.

Em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumânia, que oficialmente dá início à Fase 5 do Universo Cinematográfico Marvel, os parceiros super-heróis Scott Lang e Hope Van Dyne retornam para continuar suas aventuras como Homem-Formiga e a Vespa. Junto com os pais de Hope, Hank Pym e Janet Van Dyne, a família se vê explorando o Reino Quântico, interagindo com novas criaturas estranhas e embarcando em uma aventura que os levará além dos limites do que achavam ser possível.

Muitos diriam que a franquia do Homem-Formiga é uma das mais subestimadas da Marvel Studios. Bom, eu concordo em partes, visto que o personagem é muito interessante e carismático, ao ponto do seu primeiro filme ser divertido e inventivo em diversos momentos, sendo um dos meus filmes favoritos do MCU. O segundo filme no entanto tem uma queda gigantesca de qualidade, sendo completamente esquecível e blasé, perdendo quase tudo que fez o primeiro filme ser tão incrível.

Chegamos então ao terceiro filme da franquia (e a 41ª produção do universo Marvel): Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, completando a trilogia do herói nos cinemas dirigida por Peyton Reed (The Mandalorian, Sim Senhor), e que prometia ser um “grande épico no nível dos Vingadores”, introduzindo o vilão Kang: O Conquistador (Jonathan Majors), que é o grande antagonista dessa nova fase da Marvel.

O começo do filme é bem leve e engraçadinho no padrão de todos os filmes do Homem-Formiga. Após a breve reintrodução a esses personagens, somos abruptamente jogados dentro do Reino Quântico, onde o filme inteiro se passa. 

É realmente difícil tentar explicar, mas os designs das criaturas e os cenários do Reino Quântico são realmente bem bonitos, só que passar o filme todo lá, com um cgi pavoroso não beneficia em nada eles. Em pouco tempo ele perde essa magia e encanto, se tornando chato e maçante. Fica evidente que colocar o filme inteiro dentro desse mundo foi um erro, ou pelo menos o estúdio devia ter dado mais tempo para o diretor e a equipe de produção para preparar e moldar melhor os cenários e efeitos especiais.

Falando no diretor, Peyton Reed entrega aqui o seu pior trabalho na Marvel. O primeiro Homem-Formiga é tão incrível por que ainda tem muito o DNA e assinatura de Edgar Wright (Em Ritmo de Fuga, Scott Pilgrim Contra o Mundo), que abandonou a direção do filme no meio da pré-produção, e já podemos ver a queda de qualidade para o segundo filme, que é todo de Reed. Mas este terceiro consegue ser tão medíocre artisticamente que chega a assustar.

O uso do Volume (tecnologia nova criada para a série The Mandalorian) aqui prova que ela deveria ser proibida em 90% das produções. Apenas alguns filmes como “Batman” e séries como “The Mandalorian” e “A Casa do Dragão” souberam usar ela. Tudo aqui é falso, e fica evidente que a iluminação nos atores não contrasta com os cenários. De longe um dos piores efeitos visuais da Marvel, e olha que recentemente está sendo uma competição bem acirrada.

O grande chamariz do filme é evidentemente Kang: O Conquistador, o grande vilão dessa nova saga da Marvel vivido pelo ator Jonathan Majors (Lovecraft Country, Destacamento Blood). Kang tem sido o grande destaque do filme para as pessoas, mas sinto que apesar do esforço hercúleo de Majors, o personagem em si não passa de um vilão genérico e muito mal escrito. A sua personalidade, objetivos e até poderes são muito mal desenvolvidos, com diálogos bestas e caricatos ao ponto de darem sono. 

Ele é ameaçador, derrotou os Vingadores e é poderoso, mas seus poderes às vezes não funcionam regularmente e ele tem trabalho para enfrentar o Homem-Formiga e um grupo de formigas??

Paul Rudd (Te Amo, Cara, As Vantagens de ser Invisível) e o seu infinito carisma até conseguem salvar algumas cenas e piadas, mas não o suficiente para salvar o roteiro realmente básico do filme. Já a Vespa de Evangeline Lilly (Lost, Vingadores: Ultimato) deve ter um total de 5 minutos de tela no filme, mesmo com o seu nome estando no título. A participação da personagem (que é uma das fundadoras dos Vingadores nos quadrinhos) é tão superficial que podia facilmente ser cortada do filme, ou substituída por um bonecão de posto que não alteraria nada.

Quando o foi oficializado que a atriz Kathryn Newton (Detetive Pikachu, Big Little Lies) iria interpretar Cassie Lang no filme, substituindo Emma Fuhrmann (O Reencontro) que viveu a personagem em “Vingadores: Ultimato”, todos ficaram tristes pela atriz ter perdido esse papel. Mas no fim, ela acabou dando a última risada. É difícil saber onde está o erro da personagem da Cassie no filme, se é o roteiro ruim, direção perdida ou simplesmente uma atuação horrível de Newton. A personagem está totalmente perdida dentro do filme, sendo sua única função gritar “DAD!, NO!, DAD!, DAD!, DAD!” com uma expressão de mosca morta o tempo todo. Talvez seja a pior atuação dentro de todo o MCU.

O filme realmente força a barra para ser bobo, sendo que bobo e super-heróis andam de mãos dadas. O que mais representa o que eu estou falando é o vilão M.O.D.O.K vivido por Correy Stoll (Cenas de um Casamento, Meia-Noite em Paris). Ele é um vilão clássico da Marvel nos quadrinhos conhecido por ser ridículo, mas além do cgi pavoroso, todas as escolhas de adaptação do personagem foram patéticas e não fizeram jus a esse personagem. Toda vez que ele está em tela, você sente vontade de rir, mas não pelos motivos certos.

O resto do elenco realmente não tem muito o que fazer. Michelle Pfeiffer (Batman: O Retorno, Revelação) tem surpreendentemente um protagonismo bem forte no começo do filme (mas isso logo desaparece), Hank Pym de Michael Douglas (Atração Fatal, Instinto Selvagem) está apenas claramente de saco cheio de tudo, e as participações especiais de Bill Murray (Os Caça-Fantasmas, Encontros e Desencontros) e os rebeldes do Reino Quântico existem para parodiar Star Wars e tentar dar uma profundidade para este mundo.

O roteiro de Jeff Loveness (Rick e Morty) é uma das piores coisas do filme. Na sua estreia nos cinemas, Loveness não conduz a trama bem ou mostra um esforço de fazer algo minimamente cativante. O filme de fato não deixa de ter a sensação que é um episódio ruim de “Rick e Morty” misturado com uma paródia de Star Wars, sem saber desenvolver o mundo que está ou seus personagens.

As cenas pós-créditos mais uma vez apresentam um conteúdo “interessante” para gerar hype para as futuras produções da Marvel, com a primeira sendo uma bela (e até legal) homenagem aos quadrinhos. Elas nem chegam a ser um problema, mas quando as cenas pós-créditos são mais interessantes e comentadas que o filme em si, é porque temos um grande problema.

Às vezes a pior coisa que pode acontecer é você se deparar com um filme tão medíocre que te deixa triste ou sem vontade de assistir outra coisa por uns dias. Isso é “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”, um desastre que nem consegue fazer o que estava prometendo, apresentando um vilão mequetrefe e um “espetáculo visual” reverso. É um filme que falha em absolutamente tudo que se propõe, e mostra uma fadiga enorme da Marvel Studios e de Kevin Feige. Ainda não considero este o pior filme do MCU, mas espero profundamente que eles revejam a forma de fazer esses filmes, e que consigam voltar à época de ouro do MCU.

Nota: 4.5

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