"The White Lotus" retorna com tudo, entregando uma temporada superior à primeira, e cimentando a série junto com os outros grandes clássicos da HBO.

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Um dos grandes fenômenos da televisão mundial em 2021 foi a série “The White Lotus”, criada, produzida, escrita e dirigida por Mike White (O Estado das Coisas, Escola do Rock) para a HBO/HBO Max. A sátira extremamente ácida que acompanha um grupo de ricaços que vão passar as férias em um hotel chique (chamado White Lotus) no Havaí foi originalmente concebida como uma minissérie, ganhando 10 Emmys (incluindo Melhor Minissérie), mas com o sucesso tão grande, a emissora e o criador decidiram transformar ela em uma antologia, com cada temporada se passando em um hotel diferente, em um país diferente e com um elenco novo.

Chegamos então ao segundo ano da série, que traz uma nova remessa de hóspedes diferentes em um hotel localizado na Sicília, Itália, seguindo praticamente o mesmo padrão de trazer críticas a esses tipos de personalidades (pessoas ricas excêntricas), com o diferencial de que Tanya interpretada pela maravilhosa Jennifer Coolidge (Legalmente Loira, Bela Vingança), que inclusive ganhou um Emmy por esse papel, retornando para passar férias com o seu novo marido (Jon Gries).

Das maiores evoluções em relação à 1ª Temporada (que você pode ler a nossa crítica aqui), está a direção de Mike White. Ele obviamente fez um bom trabalho (que rendeu um Emmy de Melhor Direção), mas aqui podemos ver que ele está bem mais maduro e disposto a fazer testes e tentar criar uma identidade visual diferente, apostando muito nos cenários e com shots belos e uma cinematografia mais refinada, um mérito também do cinematógrafo Xavier Grobet (Watchmen, Antes do Anoitecer).

Um dos aspectos da direção de White mais legais na temporada é o foco constante que ele dá em estátuas e pinturas clássicas italianas que estão postas no hotel, mostradas principalmente nos momentos de transição de uma cena/núcleo para o outro. As estátuas e pinturas sempre sendo bizarras e com rostos peculiares criam a atmosfera cômica e mostram como esses lugares são tão estranhos quanto os hóspedes.

A edição e o roteiro trabalham muito bem, sempre sendo ágeis e nunca deixando a série “chata”. Inclusive, uma salva de palmas para o quão bem escrito são os roteiros de White para essa temporada, que brincam muito bem com os diferentes núcleos de personagens com arcos e motivações diferentes, entrelaçando eles e dando desenvolvimentos inesperados, como uma relação de um casal que estava perfeitamente bem, e em questão de segundos está destruída.

A trilha sonora atmosférica de Cristobal Tapia de Veer (Black Mirror, Hunters) continua incrível, que também utiliza músicas italianas clássicas. A abertura da primeira temporada foi maravilhosa, rendendo até mesmo (mais) um Emmy para a série, e é claro que eles não podiam perder a oportunidade de fazer outra abertura tão boa quanto, com imagens de pinturas clássicas que aos poucos vão revelando as “sacanagens” por trás.

Entrando na seara dos personagens, o grande “núcleo principal” da temporada são a dupla de casais Ethan (Will Sharpe) e Harper (Aubrey Plaza) e Cameron (Theo James) e Daphne (Meghann Fahy), onde Ethan e Cameron são amigos que se tornaram milionários e decidem viajar com suas esposas. Primeiramente os quatro atores estão muito à vontade nos papéis, e como todo o elenco brilham totalmente e entregam excelentes interpretações. Toda a dinâmica, intrigas e revelações envolvendo eles poderiam facilmente cair em uma novela da Globo de baixa qualidade, mas se torna algo realmente legal e surpreendente de se acompanhar.

Já outro núcleo bem interessante é o da família Grasso, com o jovem Albie Di Grasso (Adam DiMarco), que procura encontrar um amor na Itália, seu pai, Dominic Di Grasso, vivido por Michael Imperioli (The Sopranos, Os Bons Companheiros), um homem na crise de meia idade, viciado em sexo que está sofrendo com o fim do casamento, e o avô Bert Di Grasso, interpretado por F. Murray Abraham (Amadeus, Cavaleiro da Lua), um senhor que mesmo querendo aproveitar as férias com o filho e neto, não perde a oportunidade de tentar assediar uma mulher.

Embora sejam diferentes, esses três vivem um momento em suas vidas que buscam se relacionar com mulheres por óticas diferentes, um busca finalmente ter uma paixão, o outro tentar achar uma redenção e sentido no casamento perdido, e outro em continuar sua vida cheia de abuso e traições, e cada um encara relacionamentos de formas distintas. Outro ótimo exemplo de como “The White Lotus” parece ter personagens superficiais, mas que na realidade são extremamente complexos.

Tanya que se destacou tanto na temporada passada retorna com a sua assistente Portia (Haley Lu Richardson), em um arco que inicialmente é extremamente irritante, mas que melhora (e muito)m com a chegada de Quentin, interpretado por Tom Hollander (Questão de Tempo, Orgulho & Preconceito) e o seu grupo de gays milionários. Portia é uma personagem bem insegura e interessante, que tem um arco de personagem bem construído e uma relação bem fofa com Albie.

Mas quem realmente rouba a cena na temporada são as prostitutas italianas interpretadas por Simona Tabasco (Perez.) e Beatrice Grannò (Segurança). Além de divertidas e sempre tentando passar a perna nos personagens, elas agregam um humor e perspectiva bem necessários para a série, e o final delas é perfeito. A gerente do hotel, vivida por Sabrina Impacciatore (A Paixão de Cristo) não chega aos pés do carisma de Armond (Murray Bartlett), mas é uma das poucas personagens doces e realmente boas da série até agora.

A tradição de começar a temporada com o mistério de que algum dos personagens foi assassinado, para ser revelado apenas no final continua, só que dessa vez com vários hóspedes “se suicidando”. A grande conclusão da temporada é o que vai dividir todos, mas White consegue fechar muito bem a história de todos os personagens de uma maneira muito satisfatória, sempre adicionando camadas para os personagens até o último minuto.

A 2ª Temporada de “The White Lotus” se mostra bem mais madura que a anterior, mas sem perder a sua identidade e charme que conquistaram todos. Com elenco ótimo, humor na medida certa, uma direção refinada e os belos cenários da Itália, essa temporada prova que a série merece sim estar ao lado de outros grandes clássicos da HBO como “The Sopranos”, “The Wire”, “Barry”, “Chernobyl”, “Succession” e outros. E que venha a 3ª Temporada (já oficializada) mantendo essa mesma qualidade.

Nota: 8.5

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