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Se uma história sobre um assassino reformado que retorna ao seu passado violento para caçar e matar mafiosos russos soa familiar, é porque a sinopse se assemelha com a da franquia “John Wick”. No entanto, também é a premissa básica de “Passado Violento”, thriller do diretor Paul Solet, que também assina o roteiro juntamente com Adrien Brody. Porém, a história é sobre um assassino de aluguel voltando aos negócios depois de um tempo buscando redenção enquanto trabalha como lixeiro e ajudando outras pessoas de sua comunidade.
Quase
todo ator/atriz tem um filme lixo em sua filmografia. É uma marca vergonhosa
que o artista carrega pelo resto da vida, sendo sempre lembrado por tal
produção. A atuação de determinado artista pode ser muito boa, mas, se a
história for ruim, nem seu bom desempenho consegue salvar o filme/série do
naufrágio. E é justamente o que acontece com Adrien Brody e o filme “Passado
Violento”. Previsível e genérico de uma maneira completamente vergonhosa, o
filme em tela é uma péssima produção sem originalidade e puramente desprovida de conteúdo.
Na trama, Clean (Adrien Brody, de “O Pianista”, 2002) é um lixeiro atormentado por seu passado que tenta levar uma vida tranquila de redenção, como reformar e pintar as casas em ruínas de sua comunidade, bem como sempre estar disposto a ajudar o próximo. Praticamente sozinho no mundo, seu único vínculo de amizade é cuidar de Dianda – oferecendo caronas para escola, refeições e orientação parental, com a esperança de mantê-la fora dos crimes de rua. Dianda é uma adolescente que não tem família além da avó, Ethel; e Clean tenta ajudá-la no que pode.
Quando
Clean intervém em um conflito para proteger Dianda de um grupo de marginais,
incluindo Mikey, filho de um chefe do crime local, Clean se torna alvo e se
envolve em uma guerra contra os seus capangas, que começam a caçá-lo. Com isso,
Clean é forçado a se reconciliar com a violência de seu passado em troca de
sobrevivência, para salvar Dianda e sua avó, além da própria vida.
“Passado Violento” caminha em marcha lenta e sombria em direção a cada um de seus pontos narrativos da trama. Sua trajetória é tão maçante e previsível, que é difícil se importar com qualquer um de seus detalhes. Isso também inclui o hábito do personagem de reformar e pintar, de forma desinteressada, as casas em ruínas de sua comunidade, além de sua amizade com Dianda e com o dono de uma loja de penhores, que compra seus bens reformados.
É
lógico que o filme em tela precisa de um gancho narrativo para justificar as
futuras ações do protagonista, mas o enredo prolonga demais esses elementos ao
ponto de agravar ainda mais a lentidão e monotonia da história, tornando-a mais
arrastada ainda. Quando a mudança da narrativa chega, ela é desenvolvida com
total severidade e de forma completamente brusca.
Além de ser difícil de engolir, “Passado Violento” está recheado de elementos clichês, que se encaixam no clima narrativo do filme e na performance áspera e intensa de Adrien Brody. Todavia, todo o esforço de empurrar os elementos narrativos ao longo da narrativa é tóxico; isso revela o filme como um lixo fantasioso de assassinato que tem um senso distorcido de justiça.
Mas,
pelo menos, quando a história deixa de lado suas reflexões filosóficas para se
concentrar em tiroteios, o filme se torna um pouco mais tolerável. E isso só é
possível, única e exclusivamente, devido à atuação de Adrien Brody; um
excelente ator que, infelizmente, caiu em um desserviço de filme como este.
Adrien Brody é um ótimo ator que, com seu andar assombrado e olhos tristes, se compromete intensamente com o papel do justiceiro solitário, sintetizando as tendências selvagens de seu personagem com um estrito senso de justiça. Brody transmite bastante a emoção e arrependimento simplesmente através de sua presença na tela, principalmente enquanto ele segue sua rotina diária, recolhendo lixo, ajudando Dianda, reformando e pintando as casas.
Essa
caracterização de Brody consegue passar ao público uma razão para simpatizar
com seu personagem e entender suas ações, além de aceitar (pelo menos um pouco)
a violência no filme. Porém, nem sua alta tentativa de desempenhar uma ótima
performance consegue transmitir segurança e trazer qualidade a este filme.
“Passado Violento” apresenta momentos de violência, adequados para o tipo de história que se propõe a contar. No entanto, o filme em tela não cumpre a promessa e entrega um material vazio e hostil, apresentando os males sociais de forma bem superficial. A película provavelmente conseguiria realizar e entregar mais se tentasse prometer menos. O filme em tela é notavelmente medíocre e tão vazio de elementos narrativos, que tenta prometer mais do que consegue entregar.
“Passado
Violento” ganha apenas 1 ponto em sua avaliação crítica (e estou sendo generoso demais com a nota) tão somente pela ótima
atuação de Adrien Brody, que, como sempre está incrível. Seu desempenho em tela
é a única razão pelo qual o público consegue entender as ações de seu
personagem, principalmente a violência por ele praticada. Mas, embora Brody apresente
uma performance impecável, ele não conseguiu salvar este filme de
ser péssimo; o que é uma pena, pois é um excelente ator.
“Passado Violento” está disponível na Netflix e na Amazon Prime Video.
Nota: 1.0