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Um
elenco talentoso reunido em meio a uma misteriosa trama de assassinato e
conspiração; e sob o comando de um excelente diretor. O que poderia dar errado?
Aparentemente, nada! Porém, nem toda abordagem narrativa consegue ser muito bem
explorada e de forma concisa, mesmo com uma ótima história e atores
competentes.
É
o caso de “Amsterdam”, que, mesmo sendo uma produção elegante, acaba tropeçando
com uma narrativa interminável e bagunçada ao querer apresentar uma conspiração
política que mescla ficção com fatos históricos. Com pouco mais de 2 horas de
duração, o filme em tela é um drama de época que se perde com uma história
completamente caótica.
A trama é ambientada na década de 1930 e conta a história de três amigos e um assassinato que pode ameaçar a vida deles, bem como abalar toda uma sociedade. A enfermeira Valerie Voze (Margot Robbie, de “O Esquadrão Suicida”, 2021) e os dois soldados Burt Berendsen (Christian Bale, de “Thor: Amor e Trovão”, 2022) e Harold Woodman (John David Washington, de “Infiltrado na Klan”, 2018) viram grandes amigos e fazem um pacto de sempre se protegerem, não importa o que aconteça. No entanto, Burt e Harold se perdem no centro do caso de um assassinato, do qual se tornam os principais suspeitos.
Para
provar que não estão envolvidos no assassinato, o trio de amigos conta com a
ajuda de aliados ao tentar investigar o crime para, assim, se proteger e
enfrentar o verdadeiro assassino. Mas, durante a investigação, os três amigos
descobrem uma das tramas mais absurdas e mais surpreendentes da história norte-americana.
Com isso, eles se encontram no centro de uma das mais secretas conspirações já
vistas nos Estados Unidos.
“Amsterdam” é roteirizado e dirigido por David O. Russell (“Três Reis”, 1999), que reúne uma gama de astros para contar uma trama incrivelmente absurda de assassinato, mistério e conspiração política. Russell fez carreira conduzindo habilmente narrativas bem gerenciadas que são envolventes e que, também, recriam um pedaço da história. Como em tantos outros filmes do roteirista e diretor, o público tem a sensação de que tudo pode acontecer a qualquer momento.
Com
“Amsterdam”, não poderia ser diferente. Porém, o filme em tela é completamente
imprevisível e carece completamente de linguagem narrativa convincente,
substancial e linear. O fato de a trama ser vagamente baseada em alguns eventos
reais, ser contada com um certo estilo próprio e de forma ambiciosa demais,
acaba pisando em seus próprios cadarços com um enredo confuso e, assim, perde
uma ótima oportunidade de entregar um produto altamente diferenciado ao ser contado
de maneira extremamente complexa.
De forma básica, “Amsterdam” é sobre o assassinato de Elizabeth Meekins (Taylor Swift), filha de um general aposentado, que também morreu de forma suspeita. Antes de ser morta, ela pede a Burt e Harold para que eles tragam de volta os resultados da autópsia do pai para determinar se houve crime. Com isso, o assassinato da moça é atribuído aos dois amigos, que pedem ajuda à amiga Valerie e, juntos, devem trabalhar para descobrir o que aconteceu e limpar seus nomes. Enquanto isso, um grupo por trás de uma conspiração nacional planeja um golpe para tirar o presidente Roosevelt e instalar um ditador nos EUA.
O
roteirista e diretor Russell decide se concentrar no trio de amigos e em como
eles lidam com os problemas gerados pela acusação de assassinato e com os desafios de
se encontrarem no meio de uma misteriosa conspiração governamental. Enquanto
tentam descobrir a verdade sobre o que está acontecendo, os amigos se deparam
com uma conspiração ainda maior e mais perigosa.
O roteiro de Russell salta no tempo de Nova York de 1933 para Amsterdã de 1918, e vice-versa; e ele usa esse período de tempo para expor as ideologias fascistas que ganharam destaque na época. Porém, a forma como a história é apresentada (ir e voltar no tempo), embora criativa, inviabiliza a narrativa e não fortalece nenhum impulso para o clímax da grande revelação final. O que se segue é uma série de cenas dispersas que se esforça para ser abundantemente peculiar, mas acaba por ser entediante e cansativa.
Em “Amsterdam”, tudo é montado com um ar de absurdo anacrônico e, assim, torna-se muito confuso. Muito disso se resume ao roteiro e a forma como ele quer se comunicar com o público; que, de alguma forma, consegue ser exagerado, desorganizado, complexo e mal construído.
Toda essa narrativa desastrosa acaba parecendo uma oportunidade perdida quando contada de maneira tão ruim e desconexa. Isso torna a produção arrastada demais. Essa realidade é realmente lamentável, dadas as especificidades surpreendentes do conteúdo que “Amsterdam” tenta contar. Estabelecer do que o enredo realmente se trata é fácil em relação ao seu tema central, mas difícil devido ao quão desnecessariamente complicado essa trama é narrada.
Christian
Bale, John David Washington e Margot Robbie são o trio central do filme,
entregando atuações bem caricatas, embora se esforcem para mostrar um ótimo
trabalho. Em relação ao resto do elenco, Russell traz os talentosos Chris Rock,
Mike Myers, Michael Shannon, Zoe Saldaña, Rami Malek, Robert De Niro e Taylor
Swift. Porém, eles não conseguem entregar todo o seu talento o suficiente e se
esforçam para não parecerem um completo desperdício. Rami Malek e Anya
Taylor-Joy estrelam papéis centrais como o casal Voze, mas seus personagens são
tão vazios que nada do que eles transparecem realmente é interessante. Mesmo
Robert de Niro não consegue compensar a frustrante tentativa de contracenar de
forma notável.
Os únicos pontos realmente satisfatórios de “Amsterdam” são a Cinematografia e o Design de Produção, que (pelo menos isso) combina com o material que a produção se propõe a entregar. Apesar de todo o talento que Russell tem à sua disposição, ele peca ao entregar um produto final agonizante, cansativo, confuso e completamente complexo.
“Amsterdam”
é uma produção tão complicada, tediosa e sobrecarregada por seu longo tempo de
execução, que sua ideia central parece uma reflexão muito mal interpretada e
raivosa de pessoas insatisfeitas e que se aproveitam de outras apenas como bode
expiatório. Com uma narrativa interminável, caótica e bagunçada, já é um
milagre que o filme em tela não seja um longa completamente insuportável.
“Amsterdam” está disponível na Star+.
Nota: 5.0