Último episódio de “Mulher-Hulk” faz justiça ao cerne da personagem, mesmo que dê os seus tropeços para concluir a trama da temporada.
Atenção: Esse texto contem SPOILERS do episódio. Leia por conta e risco.
Jen tem problemas com a lei e luta para juntar os pedaços de sua vida.
O episódio logo de cara começa com uma abertura fantástica que homenageia a série do Hulk de 1977, que é bem filmada e editada. A trama então volta para Jen tentando se recuperar emocionalmente do trauma que foi ser exposta pelo grupo Inteligência no final do último episódio, buscando respostas e uma forma de combater esses vilões.
Então partimos para a grande “luta” e revanche contra a Inteligência, que é realmente apenas um grupo de incels que traz uma crítica bem óbvia a esses tipos de caras que vivem em fóruns na internet atacando mulheres e descontando suas frustrações sexuais (e da vida em geral) nelas. Embora seja óbvio, é uma crítica bem pertinente e que acerta em cheio na denúncia a esse tipo de comportamento tóxico que todos que usam a internet já presenciaram, sendo um antagonismo bem interessante e legal para a série da “Mulher-Hulk”.
A quebra da quarta parede sempre foi a maior marca da personagem nos quadrinhos, e ela tem usado esse recurso em todos os episódios da série. Embora sempre de maneira bem constrangida e até sem propósito, neste último episódio a série perde a vergonha e esmigalha qualquer parede possível, com a personagem saindo de sua série, conversando com os roteiristas e finalmente tendo uma reunião com K.E.V.I.N, o robô que gerencia a Marvel Studios.
K.E.V.I.N. é claramente uma referência ao presidente da Marvel Studios, Kevin Feige. Toda essa sequência é maravilhosa e traz críticas e piadas pontuais sobre o atual estado da Marvel e como eles pensam e produzem os produtos, desde a forma seca e sem originalidade dos filmes até a falta de orçamento para trabalhar melhor os efeitos. O robô inclusive tem um design bem legal e inventivo que tem total inspiração na saga de jogos “Portal”. Uma das cenas mais criativas e legais da série (e talvez da própria Marvel).
Entretanto, embora essas piadas e críticas sobre a fórmula sem vida na qual a Marvel se utiliza para fazer seus filmes e séries, criação de hype e efeitos especiais ruins seja engraçada e bem inteligente, ainda existe um cinismo e deboche com o público que realmente deixa um gostinho amargo na boca. Um exemplo semelhante é o filme “Deadpool 2”, que está constantemente fazendo piada do fato do roteiro do filme ser ruim, mas isso é algo que não anula bem, o fato do roteiro continuar sendo ruim.
A direção do episódio fica por conta de Kat Coiro (Lei & Ordem), que faz um bom trabalho em conduzir a narrativa e principalmente nas cenas de quebra da quarta parede (exceto nas cenas de ação que continuam terríveis). Já o destaque nas atuações fica por conta da maravilhosa Tatiana Maslany (Orphan Black, Perry Mason), que carrega essa série nas costas com toda a força do mundo, mesmo com os efeitos especiais nojentos que nunca melhoram, infelizmente.
Algumas tramas e personagens acabam sendo jogados de escanteio e não tem um propósito de verdade no episódio, como o próprio Abominável (Tim Roth) e a Titânia (Jameela Jamil), que aparecem e somem sem ter relevância nenhuma.
O episódio termina de forma meio bagunçada com os personagens (incluindo o próprio Demolidor) se reunindo em um almoço em família, com o retorno do Hulk (Mark Ruffalo) com ninguém mais ninguém menos que Skaar, seu filho biológico de Sakaar que tem um dos piores visuais da série (e com um cgi tão pavoroso quanto). O final claramente deixa um link para um possível projeto solo do Hulk e sabe-se lá o que com o Abominável, um personagem que teve uma abordagem diferente e interessante, mas que a Marvel não faz ideia do que fazer com ele.
Apesar dos pesares, o episódio final de “Mulher-Hulk” consegue encerrar bem a jornada da personagem na série, e introduzi-la de forma certa dentro do Universo Cinematográfico da Marvel. Agora resta saber onde veremos Jennifer Walters novamente no MCU. Seria em um filme do Hulk? Uma participação especial em outra série ou filme? Talvez em uma potencial 2ª Temporada? Essas são perguntas que apenas Kevin pode responder.
Nota: 8
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