"A Fera" é o típico filme cinepipoca: falta criatividade, sobram exageros, mas o entretenimento é garantido.
Pra você que curte vida selvagem, cola aí que certamente o texto de hoje vai te interessar!
Os leões além de serem animais que mexem com o imaginário popular, sempre estiveram muito presentes em várias obras de Hollywood. Além de protagonizarem uma das animações de maior sucesso na história, O Rei Leão, e darem forma a um personagem extremamemte marcante em As Crônicas de Nárnia, o lado mais feroz desse animal topo de cadeia de seu hábitat também serve de enredo para muitas narrativas.
Em 1996, por exemplo, era lançado A Sombra e A Escuridão, um longa protagonizado por Michael Douglas e Val Kilmer baseado na história real de um massacre que aconteceu no final do século XIX, no qual dois ferozes leões mataram cerca de 135 pessoas em apenas um ano. A matança chegou ao fim quando finalmente os dois felinos foram abatidos pelo responsável pela construção de uma ponte no Quênia.
A repercussão dessa história deve-se principalmente ao fato de que os dois leões conseguiram fugir de várias armadilhas, além de serem especialistas em dizimar expedições que tentavam rastreá-los e matá-los. Vários trabalhadores, inclusive, fugiram da região e abandonaram a construção da ponte com medo desses animais.
É importante enfatizar, no entanto, que deve existir tato quando o assunto é a vida animal, pois há muito em jogo. Uma abordagem fora de contexto, ou despropositada, pode criar uma fama injusta e que pode colocar em risco a espécie, como já aconteceu em filmes como Tubarão. Buscando esse equilíbrio chegamos ao filme da crítica de hoje.
A Fera (Beast) é um suspense de sobrevivência que conta com a direção de Baltasar Kormákur e roteiro de Ryan Engle. O longa é baseado em uma história de Jaime Primak Sullivan e foi lançado em 19 de agosto de 2022 pela Universal Pictures,
Na trama, Nate (Idris Elba) é um médico viúvo que viaja de férias para a África do Sul, mais precisamente à Reserva Mopani, acompanhado de suas duas filhas adolescentes, Meredith (Iyanna Halley) e Norah (Leah Jeffries) a fim de se reconectar com elas e colocá-las em contato com o local onde sua esposa viveu.
Lá, eles são recebidos pelo amigo da família, Martin (Sharlto Copley), que é um anticaçador e que apresenta para eles algumas das áreas restritas da reserva. Durante o passeio, eles se deparam com inúmeros cadáveres em uma comunidade próxima de Tsonga e ao que parece todos teriam sido mortos por um leão. Quando resolvem retornar para comunicar o acontecido, Martin é ferido e eles perdem o único meio de transporte capaz de tirá-los dali.
Senhoras e senhores temos aqui o clássico filme cinepipoca. Já na primeira cena somos apresentados a aquilo que será o motivador do predador. Vemos uma alcateia sendo abatida e logo percebemos que o macho sobrevivente, além de ser enorme, está disposto a se vingar da espécie responsável por dizimar todo seu bando, o ser humano.
Pra tirar o peso de vilania do leão, o filme prudentemente introduz o personagem de Martin que, além de ser um anti-caçador, estuda o comportamento desses felinos e nos mostra claramente que quando respeitados esses animais não oferecem perigo aos humanos.
A primeira metade do longa é bem desenvolvida com a introdução de seus personagens. No arco familiar, Idris Elba nos apresenta um pai que quer se reaproximar das filhas e que carrega a culpa de não ter estado presente quando a esposa faleceu por um câncer. Essa ausência visivelmente abala sua relação com as filhas, em especial com a mais velha, Mare, que tem sérios problemas em confiar nas atitudes e escolhas do pai. Idris puxa pra si a responsabilidade do longa e entrega um pai comedido que faz de tudo pelas filhas. O ator sabe passear entre o drama e a ação e é o ponto forte da película.
Uma condução melhor para a trama teria sido, além de focar apenas no leão como principal desafio a ser superado, ter se agarrado a outros desafios igualmente complicados para quem fica isolado na selva, como escassez de suprimentos e até mesmo ameaças de outros animais.
O filme traz a importante discussão a respeito da caça e ocupação desenfreada de áreas de preservação pelo ser humano, que desrespeita o hábitat desses incríveis animais que, por sua vez, acabam se comportando de maneira atípica única e exclusivamente em resposta a essa atitude hostil humana.
A Fera não escapa à fórmula, mas diverte.
Nota: 6,5
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