Mesmo com ótima atuação de Naomi Watts, suspense psicológico pouco se arrisca e entrega uma experiência quase frustrante.
Que remake está na moda, acredito que todos nós já tenhamos percebido. Mas quando é a hora certa de se fazer um remake? Dez anos, vinte anos depois? O tempo seria o divisor de águas nessa decisão? Em Hollywood nem sempre é o "quando" que vigora, mas sim o "onde". Em geral, quando filmes são feitos em outra língua, que não seja a inglesa, é como se um sinal de alerta se acendesse para eles proporem uma nova versão para a obra. O resultado, no entanto, nem sempre agrada.
Boa Noite, Mamãe! (Goodnight Mommy) é um thriller de suspense psicológico estadunidense dirigido por Matt Sobel e escrito por Kyle Warren lançado no Prime Video pela Amazon Studios em 16 de setembro de 2022. O filme é um remake de um longa austríaco de 2014 com o mesmo nome.
Na trama conhecemos os irmãos gêmeos Elias (Cameron Crovetti, The Boys) e Lukas (Nicholas Crovetti, Big Little Lies). Eles chegam à casa de campo de sua mãe, após um tempo longe, e descobrem que o rosto dela está coberto por bandagens, segundo ela, em razão de uma cirurgia estética. Com o passar dos dias os meninos começam a estranhar o incomum comportamento da mãe e uma terrível suspeita começa a assombrar os garotos: seria mesmo aquela mulher por trás das bandagens a mãe deles?
A partir daí o thriller de suspense se concentra nos dois irmãos buscando formas de fugir da propriedade e encontrar a mãe verdadeira, já que acreditam que estariam ao lado de uma impostora. No decorrer da narrativa, de forma lenta e até mesmo um tanto quanto repetitiva, tentamos compreender se de fato a teoria dos meninos tem algum fundamento ou se não passa de fantasia de suas cabeças.
Basicamente, o que funciona e causa tensão na história é a personagem da mãe. Naomi Watts (O Impossível, O Chamado) experiente no gênero e muito segura, entrega a dissimulação e o abalo emocional necessários para tornar o plot coeso e convincente. Sua expressão corporal é hipnotizante e suas nuances de comportamento aterrorizam. Uma pena que mesmo em posse dessa peça valiosa e da oportunidade de causar medo é como se na hora do clímax, a direção simplesmente suavizasse. Até mesmo nas bandagens e hematomas, você sente uma contenção desnecessária.
A propriedade é praticamente o único cenário e, embora tenha sido pouco explorada, entrega uma bela fotografia. Mas a sensação é de como se o longa se repetisse e não avançasse. A tortura que parecia ensaiar o grande momento, nada mais é do que um pavio curto que logo se apaga. Os sonhos que poderiam nos levar para um lugar mais sombrio, acabam antes mesmo de causar temor. É como se temessem pesar a mão pela presença infantil, sendo que temos grandes terrores protagonizados por crianças (It: A Coisa é um deles).
Os meninos interpretados por Cameron e Nicholas Crovetti até desempenham bem seus papéis e os traços de personalidade diferentes marcam bem seus personagens. Algumas cenas, todavia, soam como manjadas e por vezes a gente perde a empatia por eles.
Ainda que com uma reviravolta fácil de ser descoberta, a curiosidade pelo gran finale nos conduz até o desfecho do longametragem. Eu mesma, não tinha visto a versão original e bem antes da revelação já tinha montado todo o quebra cabeça, faltando apenas alguns detalhes.
O que há de frustrante no longa não é sua reviravolta pouco empolgante, mas sim sua solução sem impacto algum. Se para quem assiste o plot pela primeira vez o filme é bem regular e previsível, é de se imaginar que para quem vem do original, com a reviravolta fresca na memória, seja uma decepção completa. Mas dá pra assistir? Pra você que curte suspense, a resposta é sim. Naomi vale a investida, só não espere demais!
E aí, esse remake foi precoce? Conta aí nos comentários!
Nota: 6,0
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