Filme estrelado por Sandra Oh decepciona ao entregar um terror sobrenatural que não sustenta momentos de tensão.
Assombrações, traumas e dramas familiares. Uma tríade de elementos que compõem parte significativa das obras de terror sobrenatural. A presença desses elementos por si só, no entanto, não é certeza de sucesso. É fundamental uma história bem construída e que saiba explorá-los de uma forma inteligente, preservando o requisito fundamental do gênero que é criar tensão.
Umma, que é uma palavra coreana que significa mãe, é um terror sobrenatural estadunidense escrito e dirigido pela estreante Iris K. Sim disponível no Brasil unicamente nos serviços on demand.
A produção fica por conta de Sam Raimi, conhecido por dirigir a trilogia do Homem Aranha estrelada por Tobey Maguire e seu mais recente sucesso Doutor Estranho 2: No Multiverso da Loucura, mas que também é responsável por famosas produções de suspense/terror como O Grito, Homem nas Trevas e A Morte do Demônio.
O longa acompanha a vida de Amanda (Sandra Oh, Killing Eve), uma mãe solo de origem coreana que vive ao lado da filha Chris (Fivel Stewart, Atypical) em uma fazenda isolada de tudo e de todos, o que cria um laço único de amizade entre as duas.
Quando um tio vem da Coreia anunciar a morte da mãe de Amanda e traz consigo uma maleta com pertences da falecida e suas cinzas, ela passa a ser assombrada pelo espírito da mãe e revive seus traumas mais profundos do passado.
Apesar de uma premissa interessante, o filme falha de muitas maneiras. A começar por descumprir uma das premissas do gênero que é gerar tensão. É importante destacar que um filme de terror não tem por obrigação nos provocar sustos, mas caso se proponha a fazê-lo, que seja feito da melhor maneira. No caso de Umma, todos os seus jump scares (na verdade tentativas) têm um péssimo timing e não convencem.
O excesso de sussurros e a obviedade das situações também incomodam. Uma narrativa bem escrita dispensa usualmente a existência de falas por parte de assombrações/espíritos. O espectador é simplesmente conduzido intuitivamente a compreender o propósito da película. Umma nos tira até mesmo essa experiência, já que entrega tudo de forma didática demais, com interferências repetitivas e quase bregas da entidade principal.
Além disso, o filme "cozinha" o público de forma monótona e, quando alcança o momento de suposto clímax da história, temos uma resolução apressada, na qual o passado da personagem é resumido quase que a uma breve cena.
A relação entre mãe e filha é o que funciona. Tanto Sandra Oh quanto Fivel Stewart se empenham para mostrar um vínculo afetivo verdadeiro, ainda que forjado em meio a traumas e controle, que poderiam ser bem mais explorados, já que era a parte instigante da trama. No entanto, nem suas boas atuações foram capazes de sustentar o roteiro raso. Por mais que haja pautas sobre a questão dos imigrantes e sua dificuldade de adaptação em solo estrangeiro e de língua tão distinta, o filme não consegue nos fazer criar vínculos com a temática.
As locações se resumem basicamente à fazenda, com ênfase em porões e sótons, ou seja, os clichês de sempre. A máscara como artefato é até interessante, mas surge como mais um recurso mal aproveitado infelizmente, assim como as vestimentas da cultura asiática.
Umma é, portanto, um filme esquecível e com muito potencial desperdiçado. Minimamente assistível, mas que na verdade não chega realmente a valer o investimento de tempo.
Nota: 4,5
Postar um comentário