"O Telefone Preto" se consagra como um dos melhores terrores do ano ao entregar uma trama eficiente que te prende do começo ao fim.

E temos o filme de terror de maior bilheteria de 2022, até o momento. O Telefone Preto ultrapassou Pânico 5 e, posso dizer que atingiu o topo merecidamente, como constatarão no texto a seguir.

O Telefone Preto (The Black Phone, 2021) é um filme de terror roteirizado e dirigido por Scott Derrickson e produzido por Jason Blum. Scott Derrickson também foi diretor de O Exorcismo de Emily Rose, que é um dos meus terrores favoritos, e do primeiro longa do herói da Marvel, Doutor Estranho, outro bom filme por sinal. C. Robert Cargill assina o roteiro, que é uma adaptação do conto homônimo de 2004 de Joe Hill, ao lado de Derrickson.

O longa teve sua estreia mundial no Fantastic Fest ainda em setembro de 2021, sendo lançado nos Estados Unidos pela Universal Pictures somente em 24 de junho de 2022, chegando em 21 de julho  nos cinemas brasileiros.

A trama acompanha uma cidade onde crianças estão sendo capturadas por um serial killer. Uma dessas crianças, Finney (Mason Thames), acorda no cativeiro e começa a receber instruções por parte dos espíritos das  vítimas do assassino sobre formas de escapar do maníaco interpretado por Ethan Hawke.

O texto do filme que foi acertivamente adaptado garante que nos engajemos com ele do início ao fim. O ato de abertura se preocupa em nos contextualizar acerca da vida de Finney e sua irmãzinha Gwen (Madeleine McGraw). Ali, nos deparamos com um lar onde os dois irmãos são criados pelo pai extremamente abusivo, que não sabe superar o luto pela perda da esposa. Ouso dizer que uma das cenas de maior terror da película não parte do serial killer, mas sim do pai das crianças, Terrence (Jeremy Davies). Por isso, já alerto que os gatilhos são intensos. Mais um adendo: os primeiros sinais de que a trama tem cunho sobrenatural vêm ainda no primeiro ato.

Com uma linda fotografia e ambientação na década de 1970/1980 assistimos ainda o arco escolar que acrescenta um pouco mais de sofrimento à vida de Finney. O garoto precisa de lidar com violência não só em casa, como também na própria escola na forma de bullying através de sequências angustiantes e muito bem dirigidas por Derrickson. 

Enquanto o núcleo dos irmãos é introduzido, paulatinamente as crianças/adolescentes da cidade vão desaparecendo e temos contato com os primeiros elementos que remetem ao modus operandi do assassino. A trama  não demora até culminar com o sequestro de Finney.

A atmosfera do cativeiro em si não surpreende ou traz grandes novidades, a não ser pelo emblemático telefone preto. O telefone preto surge como um elemento que faz um link sobrenatural inusitado e que se encaixa perfeitamente à trama, sem parecer forçado ou infantilizar a temática. Para alguns, o que pode impressionar é a forma como Finney reage ao sequestro em si. Apesar da idade, vemos frieza e calculismo no menino, o que na verdade faz todo o sentido, uma vez que fomos expostos previamente a toda tragédia presente na vida dele.  

Ethan Hawke, ainda que com pouco tempo de tela, está excelente como o assassino. Consegue criar tensão com facilidade. Seu gestual e voz, associados à sombria máscara, são recursos fundamentais para a construção de toda tensão do plot, que sem dúvida atinge o objetivo de gerar temor e angústia no espectador. 

Obviamente seria interessante conhecer melhor o histórico do assassino, motivações, modus operandi, mas fica muito claro que a história contada ali não é a dele. Quem sabe um derivado fique encarregado disso?



Além de Ethan Hawke, Mason Thames e a pequena Madeleine McGraw cumprem bem seus papéis entregando justamente o que a trama precisa para ter um desenrolar interessante o suficiente para deixar o público envolvido. 

Ainda que com clichês do gênero como os balões, a clássica van e assombrações, o longa tem muitos méritos e entrega uma narrativa muito bem contada, como poucos terrores recentes conseguem. Mistura bem o drama, terror e os elementos sobrenaturais. E não é sobre apenas assustar. O longametragem traz mensagens importantes sobre o impacto de relações familiares abusivas e seu reflexo na vida dos envolvidos.

Vale muito a pena conferir e eu anseio demais um derivado contando o passado do sequestrador. Se já assistiu, conte aí suas impressões nos comentários.

Nota: 9,0

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