Quando algum filme faz sucesso, já é de se esperar que a sequência seja realizada. Com “Os Caça–Fantasmas” não foi diferente, haja vista que o longa fez um estrondoso sucesso em 1984, arrecadando um lucro de bilheteria quase 10 vezes o valor do orçamento (fora os lucros com brinquedos e colecionáveis), além de conquistar uma legião de fãs. Mas, infelizmente, nem sempre o sucesso se repete, mesmo com ótimos realizadores.

Com um orçamento de US$ 37 milhões (US$ 7 milhões a mais do que o primeiro) e com uma receita um pouco maior do que US$ 215 milhões (quase US$ 76 milhões a menos do que o primeiro), a Columbia Pictures conseguiu convencer Harold Ramis e Dan Aykroyd a escreverem o roteiro da continuação, mesmo que este não tenha sido a vontade de ambos os roteiristas.

Os Caça–Fantasmas 2” foi lançado em 1989, cinco anos após os eventos do original e mostra o quarteto Peter Venkman (Bill Murray, de “Feitiço do Tempo”, 1993), Ray Stantz (Dan Aykroyd, de “Meu Primeiro Amor”, 1991), Egon Spengler (Harold Ramis, de “Melhor É Impossível”, 1997) e Winston Zeddemore (Ernie Hudson, de “O Observador”, 2000) caindo na desgraça novamente, pois uma ordem judicial proibiu que os 4 exerçam as atividades de Caça–Fantasmas.

Apesar de terem salvado a cidade e sido aplaudidos por milharem de cidadãos, os 4 amigos vivem suas vidas fora dos holofotes, sendo rejeitados tanto pela população quantas pelas autoridades e cada um exercendo uma ocupação diferente – Venkman é um apresentador de TV em um programa medíocre, Egon trabalha com pesquisas científicas em um Instituto de Pesquisa e Ray é dono de uma livraria especializada em livros místicos, além de ser animador de festas infantis junto com Winston. Enquanto isso, Dana Barrett (Sigourney Weaver, de “Alien – O 8º Passageiro”, 1979) trabalha em um Departamento de restauração do Museu de Arte de Manhattan e Louis Tully (Rick Moranis, de “Querida, Encolhi as Crianças”, 1989) é contador.

Porém, coisas estranhas começam a acontecer na cidade e Peter, Ray e Egon acidentalmente descobrem um tipo de lava de plasma sobrenatural correndo pelos abandonados túneis subterrâneos de metrô e descobrem que a força sobrenatural está ligada a uma pintura igualmente sobrenatural e maligna do século XVI, que foi enviada ao Museu para ser restaurado. O quadro, que representa a imagem do Príncipe Vigo, um louco e cruel ditador dos Cárpatos e da Moldávia, ganha vida e se alimenta da lava de plasma sobrenatural subterrânea, pois esta contém tudo o que é tipo de energia e emoções negativas das pessoas. Mesmo sendo presos e condenados por fraude e violação de ordem judicial, o trio consegue salvar o juiz de 2 fantasmas mortos na cadeira elétrica que voltaram para assombrar o juiz. Com isso, o juiz revoga a condenação, bem como a ordem judicial que os proibia de exercerem a atividade de Caça–Fantasmas. Agora, o quarteto terá que descobrir uma maneira de destruir Vigo, que está ganhando força por causa da lava de plasma sobrenatural, e precisa de um corpo para ressuscitar.

Visivelmente inferior ao primeiro filme, o resultado de “Os Caça–Fantasmas 2” é um roteiro mal escrito pela mesma dupla que escreveu o roteiro anterior, que não trouxe nada de novo (e muito menos de bom) para a história, a não ser novas piadas. Mas isso não foi suficiente para criar uma continuação brilhante e que estivesse no mesmo nível, haja vista que a dupla de roteiristas não tiveram vontade alguma de escrever o roteiro, dando a entender que fizeram justamente o contrário, escrevendo uma trama totalmente incompatível com o sucesso de seu antecessor, indigno para uma sequência de respeito dessa franquia.

Com um pouco mais de boa vontade e de esforço criativo, Harold Ramis e Dan Aykroyd poderiam muito bem ter escrito um roteiro bem melhor para “Os Caça–Fantasmas 2”, haja vista que os dois foram os mesmos que escreveram o roteiro do primeiro filme. Mas não foi exatamente assim que aconteceu; os produtores insistiram em uma sequência e o roteiro saiu a contragosto.

E não parou por aí: Bill Murray também pronunciou seu descontentamento sobre a sequência, alegando que nada em relação às filmagens estava de acordo com o roteiro original que foi apresentado inicialmente. Com isso, ele afirmou que sentiu total incômodo ao participar de uma filmagem que não era a que estava inicialmente roteirizada.

Basicamente, “Os Caça–Fantasmas 2” começou mais ou menos da mesma forma que o primeiro filme: com os integrantes da equipe tendo dificuldades para aceitação pública (tanto da população, quanto das autoridades). O que é estranho, pois os Caça–Fantasmas foram muito bem recebidos e aplaudidos por todo mundo ao conseguirem destruir um monstro de marshmallow gigante e uma enorme entidade sobrenatural no final do primeiro filme.

De repente, em cinco anos, a equipe simplesmente perdeu a credibilidade e parece que todo mundo se esqueceu dos esforços e do êxito que eles obtiveram ao conseguir salvar a cidade. Com isso, eles também caíram no esquecimento, além de terem sua fama mais suja que pano de chão. E, mais uma vez, tal qual no longa anterior, a equipe de Caça–Fantasmas têm que se dar o trabalho de provar sua competência e salvar sua reputação.

Ou seja, “Os Caça–Fantasmas 2” nada mais é do que uma reformulada do roteiro do primeiro filme, que pegou basicamente a mesma ideia original e a transformou em um roteiro reciclado, com um vilão, monstros e perigos novos.

Até mesmo as piadas foram recicladas e passaram a ter um tom mais familiar, haja vista que a franquia caiu no gosto das crianças, fazendo a produção remodelar a estrutura do filme em tela para agradar e chamar mais a atenção do público infantil. Com isso, a sequência ficou um pouco mais leve, perdendo um pouco aquele tom sombrio e pesado que o longa de 1984 tinha.

Ainda bem que, pelo menos, “Os Caça–Fantasmas 2” ainda tem alguns pontos positivos, que compensam o péssimo roteiro. A direção do filme continua sendo a do excelente Ivan Reitman, bem como todo o elenco original retorna para seus personagens, incluindo as piadas bobas e improvisos de Bill Murray. O personagem de Rick Moranis ganhou destaque maior na trama, na forma de contador e advogado, haja vista que ele não tinha papel algum a desempenhar na história; porém, ganhou maior notoriedade para que o personagem pudesse ser melhor aproveitado. Em contrapartida, o personagem de Ernie Hudson foi o que teve a menor relevância em tela, não conseguindo ter importância alguma para a trama em geral; em outras palavras, ele aparece no filme só para que a produção não excluísse o personagem e para constar que ele está no longa. E, para finalizar, os efeitos especiais também deram uma boa melhorada, em relação ao primeiro filme.

Por fim, é incrível e assustador como filmaram “Os Caça–Fantasmas 2” só por filmar, só para dizerem que fizeram uma sequência – mesmo que seja boba e de meia tigela. Com esse roteiro mal escrito, era melhor não terem filmado essa sequência. Ou então, já que bateram o pé para a realização do filme em questão, então que tivesse sido com um roteiro muito melhor do que o usado para as filmagens. Falta de boa vontade para escrever um roteiro gerou uma sequência bem abaixo do esperado.

Os Caça–Fantasmas 2” tinha tudo para ser uma sequência de sucesso. Porém, os esforços e genialidade para criar o roteiro não beberam da mesma fonte que seu roteiro anterior. Uma pena que não souberam aproveitar a chance de repetir a mesma dose para apresentar uma obra que fosse igualmente sensacional quanto o primeiro longa, pois a franquia é de enorme porte e sucesso, tanto de produção quanto de direção e elenco – sem, também, se esquecer de que o problema não foi por falta de orçamento. O problema foi mais por conflitos criativos e por causa de boa vontade para criar uma ideia melhor desenvolvida.

Os Caça–Fantasmas 2” está disponível para assistir na Amazon Prime Video, Star+, Apple TV, YouTube e Google Play.

Nota: 6.5

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