James Wan entrega um filme único, exagerado e que presta homenagem a diversos subgêneros e diretores de terror.

Paralisada por visões chocantes de assassinatos brutais, Madison logo descobre que seu tormento irá piorar quando percebe que esses sonhos lúcidos são realidades.

O novo filme de terror do diretor James Wan (Invocação do Mal, Aquaman) teve uma trajetória um tanto quanto curiosa. Baseado em uma história original de Wan e Ingrid Bisu (A Freira), sua namorada, o filme tem roteiros de Akela Cooper (Luke Cage, O legado de Júpiter) e é um dos projetos mais pessoais da carreira do diretor. No entanto, o filme foi mantido em segredo pela Warner Bros. durante meses, e rumores apontavam que as sessões testes haviam sido terríveis e causado crise de risos nos espectadores enquanto eles assistiam o longa.

James Wan já tinha se provado um dos mestres do terror moderno com a franquia “Invocação do Mal”, e que era capaz de dominar outros gêneros fazendo filmes de ação grandiosos como “Aquaman” e “Velozes e Furiosos 7”. Mas “Maligno” apresenta outro passo na sua impressionante carreira. Wan domina o gênero como poucos na atualidade, mas nesse filme consegue misturar o horror com cenas de ação incríveis (principalmente no terceiro ato) e com planos belos que tem ótimo controle de câmera, sendo um de seus melhores trabalhos como diretor na carreira.

Vale destacar também a belíssima fotografia do filme. O diretor de fotografia Michael Burgess (Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio) faz um belo trabalho na composição dos cenários e na utilização de luzes vermelhas em algumas sequências.

Outro aspecto interessante é a trilha sonora e composição de Joseph Bishara (Sobrenatural), que faz um bom trabalho utilizando sintetizadores para ajudar a criar esse clima de um filme de terror dos anos setenta/oitenta.

Já a grande parte do elenco é operante mas não agregam muito para o filme. Os destaques ficam realmente para a atriz principal, Annabelle Wallis (A Múmia, Annabelle) que faz um ótimo trabalho e o ator Ray Chase (Final Fantasy XV) que dá a voz á Gabriel, sendo ameaçador e imponente.

Wan presta homenagens a diversos filmes e subgêneros de terror, como giallos (terror e suspense italiano), slashers dos anos 80, etc. Ele também presta tributos a grandes diretores como David Cronenberg (A Mosca), Sam Raimi (Evil Dead), Wes Craven (Pânico), Dario Argento (Suspiria) e outros grandes diretores influentes do terror que de certa forma marcaram o gênero.

Como todo filme de terror de James Wan, temos muitos Jump Scares (recurso frequentemente usada com intuito de assustar o público, surpreendendo-o com uma mudança abrupta de imagem ou evento), mas esse é o longa que o diretor menos utiliza o recurso, sendo o filme menos assustador de sua filmografia.

Um dos maiores problemas do filme é focar muito nas homenagens e pouco no desenvolvimento do roteiro, com alguns péssimos diálogos, personagens pouco aproveitados e conveniências que tiram o espectador da trama. O filme também tenta trabalhar um tema de abandono familiar, mas o trata da maneira mais rasa e superficial possível.

Sem entregar as revelações do filme (que são completamente surpreendentes), o terceiro ato é completamente imprevisível, insano e de tirar o fôlego, para o bem ou para o mal. Ele é o momento definidor que fará com que a pessoa ame ou odeie o filme. É uma deliciosa mistura de “Todo Mundo em Pânico” com “Matrix”, repleto de violência e gore.

“Maligno” é um dos filmes mais absurdos, exagerados e bizarros do ano. Mesmo com os constantes problemas de diálogos e personagens mal encaixados, o fato de um filme como esse ter sido produzido por um grande estúdio de Hollywood em 2021 é um milagre, e pode agradar fãs de terror que tenham uma mente aberta a diferentes ideias e bizarrices que ele proporciona.

Nota: 7,5

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