No último dia 20 de agosto, chegou exclusivamente na Netflix o filme de ação com suspense “Justiça em Família”. O filme faz uma crítica a certas decisões da indústria farmacêutica e como isso afeta determinadas pessoas.
Com
uma ótima história, o longa trás Jason Momoa, um nome que
está se destacando no gênero de filmes de ação e suspense – fora dos filmes de
super-heróis. Porém, o filme não se sustenta e o final afunda mais rápido do
que o Titanic.
Na trama, Ray Cooper (Jason Momoa, de “Aquaman”, 2018) é um dedicado pai de família que procura justiça contra Simon Keeley (Justin Bartha, de “A Lenda do Tesouro Perdido”, 2004), o CEO da BioPrime, uma companhia farmacêutica gananciosa responsável por tirar do mercado um medicamento com alto potencial para salvar as vidas das pessoas pouco antes de sua esposa falecer, vítima de câncer.
O
remédio em questão é mais barato no mercado por ser genérico e iria ser usado
para o tratamento da esposa de Cooper contra o câncer, caso não tivesse sido
tirado de circulação por influência da BioPrime. Quando a busca pela verdade
incomoda forças poderosas e coloca sua filha, Rachel, em perigo, a missão de
Ray se transforma em uma caçada por vingança para proteger a única família que
lhe resta e, ao mesmo tempo, fazer justiça.
Mesmo com uma ótima história para contar e com um ator que está ganhando espaço nos filmes do gênero, “Justiça em Família” sai do ringue rumo ao penhasco ao falhar em sua cena final com um péssimo plot twist, rasga toda a narrativa que foi desenvolvida no filme inteiro e joga na cara do espectador. Por conta disso, o longa se perde com uma tremenda quebra de estruturação narrativa apresentada quase no final da trama.
Consequentemente,
a reviravolta, que deveria ter a função de finalizar toda a estrutura que o
enredo do filme construiu desde o começo (de forma convincente) até o momento
em questão, encerra o longa como uma bomba. Ou seja, o que o plot twist nos
entrega é um completo retrocesso que, ao tentar nos surpreender com uma
revelação inesperada, entra na contramão e desmerece toda a narrativa que o
filme passou até aquele momento.
Realmente, a função de uma reviravolta (ou plot twist) é a de surpreender o espectador. E, de fato, foi uma surpresa. Porém, o plot twist em questão impressionou mais pela frustração do fato do que por ter sido surpreendentemente bom e relevante para o desfecho do filme. O que não foi o caso: em outras palavras, o plot twist surpreendeu, mas desmerece todo o trabalho convincente atribuído à trama elaborada desde a morte da esposa do protagonista.
Não
que isso desmereça o trabalho de Jason Momoa. Muito pelo contrário: a atuação
do ator é impecável; bem como a de todos os outros atores também. Porém,
infelizmente, a tal da reviravolta apresentada no final do filme nos faz parar
para pensar sobre como o personagem de Momoa é mal desenvolvido e mal
aproveitado, dadas às circunstâncias. Ou seja, quando o plot twist é revelado,
faz o espectador parar para pensar na seguinte questão: “Eu fui enganado. Isso é
sério, mesmo?”
Tentando abordar o filme sob outro prisma, é consideravelmente interessante o tópico inicial de “Justiça em Família”. O roteiro, assinado por Philip Eisner e Gregg Hurwitz, transita entre um drama familiar e ação que mescla busca por vingança e luta por sobrevivência. Adicione tudo isso com a estreia de Brian Andrew Mendoza na direção e o resultado é um filme que tenta alfinetar a indústria farmacêutica por decidir quais remédios devem ser fabricados (visando mais lucro, é claro); ao passo que, na mesma esteira, também demonstra a dificuldade que um cidadão de classe média tem para lidar com o rígido e caro sistema de saúde nas situações apresentadas no longa em tela.
Os
dois tópicos apresentados servem apenas como gancho para que o filme em questão
nos apresente como o personagem de Momoa, juntamente com a filha, lidam com o luto.
Por sua vez, o luto pela morte da esposa de Cooper, causado pelo descaso da
indústria farmacêutica ao cancelar o remédio, é o fósforo que acende o desejo
de vingança do pai e filha contra todos os envolvidos na situação.
“Justiça em Família” até tentou se mostrar como um ótimo potencial a filme de ação e, por um momento, até consegue divertir com ótimas cenas de ação. Jason Momoa também se esforçou para entregar um trabalho convincente, e conseguiu. Porém, o filme não aguentou a luta até o final e beijou a lona em seu desfecho, apresentando uma péssima reviravolta. Isso provou como a história tenta enganar o telespectador miseravelmente, levando-o a pensar: “por que eu cheguei até aqui?”. Pior: com essa jogada mal feita, acabou estragando totalmente o personagem de Jason Momoa, que terminou o filme super mal aproveitado.
A presença do excelente ator é a única coisa que consegue salvar o filme, pois a falha foi no enredo e de direção, e não de atuação. Teria sido melhor se tivessem escolhido outro ator para o papel de Ray Cooper, poupando Momoa (que está em plena ascensão profissional) de um filme que não está à sua altura.
“Justiça em Família” está disponível na Netflix.
Nota: 6.5
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