Ousado, violento, engraçado e com coração, o novo filme da equipe de vilões mostra a sua redenção nos cinemas, e é um dos melhores filmes da DC de todos os tempos.

AVISO: O TEXTO CONTÉM SPOILERS DO FILME!

Bem-vindos ao inferno - também conhecido como Belle Reve, a prisão com a maior taxa de mortalidade nos EUA. Lá é o local no qual os piores supervilões são mantidos e onde eles farão de tudo para sair - até mesmo se juntar à supersecreta e sombria Força Tarefa X. Fazer a tarefa ou morrer hoje? Reúna uma coleção de condenados, incluindo Sanguinário, Pacificador, Capitão Bumerangue, Caça-Ratos 2, Savant, Tubarão Rei, Blackguard, Javelin e a psicopata favorita de todos, Arlequina. Em seguida, arme-os pesadamente e solte-os (literalmente) na remota ilha de Corto Maltese, repleta de inimigos.

Após o primeiro filme de 2016 da equipe de vilões ter sido massacrado pela crítica e o público (embora tenha feito uma boa bilheteria) e ter se tornado um exemplo de filme terrível, a franquia parecia estar totalmente perdida nos cinemas, até que aos trancos e barrancos, o diretor e roteirista James Gunn (Guardiões da Galáxia, Super) assumiu as rédeas da sequência em 2018. Em meio a uma gigantesca polêmica que causou a sua demissão da Marvel, Gunn então conseguiu uma “segunda chance” e decidiu assumir a direção e roteiros de uma sequência/soft reboot do polêmico filme de 2016.

Fã de carteirinha dos quadrinhos e da equipe, Gunn decidiu reutilizar alguns nomes do primeiro filme, e entregou um longa dentro do DCEU (universo “compartilhado” de filmes da DC), que embora não tenha amarras cronológicas com nada, mostra mínimas conexões com o primeiro Esquadrão Suicida e “Aves de Rapina", até mesmo fazendo outras pequenas amarras maiores com o universo.

James Gunn não poupa esforços e já seta o tom do filme logo na abertura, com 15 minutos brutais onde mais da metade do Esquadrão é brutalmente assassinado em uma tentativa falha de invadir o país Corto Maltese. Logo em seguida descobrimos que existe uma segunda equipe que foi mandada para o país por Amanda Waller (Viola Davis), formada por Sanguinário (Idris Elba), Pacificador (John Cena), Caça-Ratos 2 (Daniela Melchior), Bolinha (David Dastmalchian) e o Tubarão Rei (Sylvester Stallone).

A trama é muito bem construída pelo diretor que se utiliza de vários flashbacks e timesquips para nos colocar no filme e explorar esses personagens diversos. Um dos elementos mais interessantes do filme é a divisão por capítulos, e a maneira que o diretor coloca os títulos na tela são bem inventivos.

Sem dúvida um dos maiores méritos do filme é pegar personagens completamente irrelevantes e debochados dos quadrinhos como Caça-Ratos, Sanguinário, Bolinha e Pacificador e transformá-los em personagens marcantes e com arcos interessantes. O filme possui muitos personagens e participações especiais divertidas que farão os fãs da DC sorrirem (leia tudo sobre os personagens do filme clicando aqui).

Mas pra mim, os maiores pontos altos e surpresas do filme foram a cinematografia de Henry Braham (Guardiões da Galáxia VOL. 2, A Bússola de Ouro) e a trilha sonora de John Murphy (Extermínio, Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes). A cinematografia de Braham é insanamente linda, com belas composições visuais e cenas inventivas (a lta entre o Pacificador e Rick Flagg, vista pelo capacete). E os temas compostos por Murphy ficaram para sempre comigo, principalmente o tema da Caça-Ratos 2. E assim como todo filme do James Gunn, o longa está recheado de músicas pop conhecidas, desde Johnny Cash até Gloria Groove.

Todo o elenco é competente e entrega ótimas interpretações, e chega até ser difícil escolher quem elogiar neste filme. Stallone está hilário como Tubarão Rei, David Dastmalchian entrega uma versão depressiva e atormentada do bolinha, Viola Davis está Amanda Waller está completamente vilanesca e ameaçadora, John Cena surpreende como Pacificador, e até mesmo Joel Kinnaman entrega momentos emocionais como Rick Flagg, um dos piores personagens do primeiro filme. E essa é sem dúvidas a melhor interpretação de Margot Robbie da Arlequina.

A grande ameaça do filme é Starro, o Conquistador, primeiro vilão que a Liga da Justiça enfrentou nos quadrinhos. Uma estrela do mar gigante que controla a mente de outros seres e os transforma em zumbis escravos, e o filme consegue fazer isso funcionar muito bem, e dar um background para ele.

Alguns personagens no entanto acabam ficando completamente apagados no filme, como o Pensador (Peter Capaldi), que nem chega a utilizar seus poderes e serve apenas como uma ferramenta de roteiro para entregar diálogos expositivos sobre o Starro e o envolvimento do Governo Americano no projeto. Os fãs do Esquadrão também ficaram sentidos pelo subaproveitamento do Capitão Bumerangue (Jai Courtney) no filme, mesmo o diretor explicando que decidiu matar esse esquadrão inicial para chocar o público logo de cara. O humor do filme também varia de pessoa para pessoa. Algumas piadas e sequência são bem engraçadas e inventivas, mas outras soam muito infântis e escritas por um menino da 5ª série.

Após terminar o filme, me perguntei qual seria a “mensagem” dele. Toda a crítica aos Estados Unidos da América e sua relação com outros países é interessante e bem feita, mas a principal mensagem do filme é outra, e está muito presente na personagem Caça-Ratos 2 (que tem de longe a cena mais emocional), mostrando que até mesmo pessoas que controlam ratos são importantes e possuem uma humanidade dentro de si.

Assim como todos tem falado, “O Esquadrão Suicida” é tudo o que o primeiro filme deveria ter sido (e mais). Um thriller de espionagem repleto de personagens canalhas, bizarros e carismáticos, com reviravoltas chocantes e muito gore, é acima de tudo um filme com coração, e um grande presente para os fãs da DC e de adaptações de quadrinhos.

Nota: 9

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