O filme “Filadélfia” é uma crítica social sobre o comportamento preconceituoso da sociedade e revela que até pessoas que trabalham ao lado da justiça podem ser injustas e intolerantes.


Filadélfia”, dirigido magistralmente por Jonathan Demme, mesmo diretor do igualmente excelente “O Silêncio dos Inocentes”, é um dos melhores exemplos de filme sobre preconceito, discriminação e homofobia contra pessoas homossexuais e portadoras do vírus HIV/AIDS.

O drama de tribunal conta com dois gigantes de peso, Tom Hanks e Denzel Washington e é vencedor de 2 Oscar (de Melhor Ator para Tom Hanks e de Melhor Canção Original – Streets of Philadelphia, Bruce Springsteen). Obrigatório para todas as gerações, o clássico mostra, de forma extraordinária, a luta para garantir e resguardar direitos contra o preconceito, discriminação, intolerância e homofobia.

O gancho do enredo se dá especificamente pelo fato de que o excelente advogado Andrew Beckett (Tom Hanks, de “O Resgate do Soldado Ryan”, 1998) é demitido de um dos escritórios mais tradicionais da cidade Filadélfia depois que os sócios descobrem que ele é homossexual e portador do vírus da HIV/AIDS. Após a demissão, Andrew contrata Joe Miller (Denzel Washington, de “O Colecionador de Ossos”, 1999), um advogado homofóbico, para ajuizar um processo judicial contra a firma por preconceito e discriminação.

Levando o caso a uma batalha judicial que explora não só a demissão de Andrew, o filme expõe temas pouco conhecidos e discutidos na época em que o longa foi lançado (começo da década de 1990), que são: o desconhecimento sobre o vírus da HIV/AIDS e como ele é transmitido; a homofobia; o preconceito contra as pessoas portadoras do vírus da HIV/AIDS; a ideia, muito errada, de que o vírus da HIV/AIDS era conhecido como “vírus gay” (pois naquela época foi propagado o fato de que o vírus em questão era transmitido somente pelas pessoas homossexuais); o efeito catastrófico do preconceito, discriminação, intolerância contra as pessoas homossexuais e das pessoas portadoras do vírus da HIV/AIDS na sociedade, bem como a violência e a homofobia contra as pessoas.


Destaque para Denzel Washington, que interpreta Joe Miller, um advogado altamente renomado na cidade de Filadélfia, mas é homofóbico e também preconceituoso com pessoas soropositivas. Detalhe para o evidente desconforto e repulsa de Miller no momento em que Andrew assume que é soropositivo. De forma bem generalizada, o personagem de Denzel Washignton representa o típico estereótipo da sociedade atual em que muitas pessoas pensam e agem de forma preconceituosa igual Joe Miller.


Outro ponto que merece destaque é a forma como Andrew vai definhando gradativamente. Nesse sentido, Tom Hanks brilhou talentosamente, chegando ao auge da atuação (até então) ao precisar emagrecer vertiginosamente para representar seu personagem. Não é a toa que Hanks recebeu o Oscar de melhor ator por este filme; ganhou mais do que merecidamente e a sua interpretação é impecável.


Por fim, é necessário perceber que “Filadélfia” passa uma mensagem importante: o juiz que assume o caso de Andrew contra a firma pontua, em determinado momento, que a justiça é cega para questões de raça, cor, religião e preferências sexuais. E o advogado Miller é bem eloquente em sua resposta: “Com todo o respeito, Excelência, não vivemos neste tribunal, vivemos?” A sociedade fora dos tribunais, de forma geral, ainda não aprendeu a viver de forma “cega” às questões de raça, cor, religião e preferências sexuais, tal como é praticado dentro dos tribunais. Com isso, podemos entender porque a Estátua da Justiça é vendada, pois indica imparcialidade, igualdade e ausência de preconceitos.

Filadélfia” é um filme atemporal, pois até hoje predomina o desconhecimento sobre o vírus HIV/AIDS, o preconceito contra pessoas LGBTQIA+ e contra pessoas soropositivas, bem como a discriminação, a homofobia e a violência. Não importa se você assistiu o filme na época de seu lançamento, em 1993, se você irá assisti-lo hoje, ou se você irá assisti-lo daqui a 28 anos: o filme será sempre atemporal.

Filadélfia” é muito mais do que um simples filme de Tribunal: é um filme que nos ensina sobre preconceito, discriminação, intolerância, igualdade, justiça, respeito, humanização, moralidade, ética e empatia para com o ser humano. É um filme que levamos como lição de vida para sempre.

Filadélfia” está disponível para assistir na HBO Max, na Apple TV, na Star+ e na Amazon Prime Video.

Nota: 10

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