Finalmente, “Rua do Medo: 1666 – Parte 3” chegou à Netflix para revelar o mistério sobrenatural que intrigou todos que estão acompanhando a saga desde o capítulo 1 e conseguiu fechar o ciclo da trilogia com chave de ouro.
Novamente, o filme dá outro salto temporal e vai até o ano de 1666 para explicar a origem da lenda de Sarah Fier e da maldição que assombra Shadyside desde o século XVII, bem como a fundação do Condado Union pelos colonos – onde atualmente se situa as cidades de Shadyside e Sunnyvale – e que, posteriormente, se dividiu entre as cidades rivais.
A trajetória de Sarah Fier em “Rua do Medo: 1666” é contada à nós tal como as memórias dela são mostradas à Deena após os eventos finais do “Capítulo 2: 1978”. É uma perspectiva direta da situação: o telespectador vê as memórias de Sarah exatamente do jeito que Deena está vendo.
“Rua do Medo: 1666” começa exatamente de onde a “Parte 2: 1978” terminou, com Deena (Kiana Madeira) tendo acesso às memórias de Sarah Fier em seus últimos dias de vida no Condado Union no ano de 1666, o ano que marca a sua execução, o início da lenda da bruxa, a maldição que assolou Shadyside e seus moradores por centenas de anos depois.
O filme em tela explora como o fanatismo religioso influenciou os colonos do pequeno vilarejo a entrarem em desavenças uns contra os outros. Facilmente manipuláveis pelo líder religioso local, com base no extremo preconceito instituído entre os moradores de Union, os colonos começam uma perseguição brutal de caça às bruxas, tendo Sarah Fier como principal alvo, culminando em seu enforcamento. O motivo é óbvio: ela foi acusada de bruxaria, por razões das quais eu me recuso contar aqui, para não dar spoiler. Não vou prolongar a explicação sobre esta questão; para entender melhor, assista ao filme.
E
assim começa toda a história sobrenatural da trama que já conhecemos desde o primeiro capítulo. Após o enforcamento de Sarah Fier, a colonização de Union se
dividiu em dois grupos (posteriormente, um deles fundou Shadyside e o outro
fundou Sunnyvale), dando origem à lenda da bruxa e da maldição que caiu sobre
Shadyside, condenando seus habitantes. Detalhe para os sobrenomes de algumas
famílias do Condado Union.
De volta à 1994, após conseguir as respostas sobre o passado sombrio de Sarah Fier e saber mais sobre a origem da maldição macabra que paira em Shadyside (pelas memórias de Sarah ocorridas em 1666), Deena e seu irmão Josh (Benjamim Flores, Jr.) precisam correr contra o tempo para salvar Sam (Olivia Welch) da possessão sobrenatural, destruir a fonte original da maldição e impedir que a maldição da bruxa faça mais vítimas.
Tal
como os dois capítulos anteriores de “Rua do Medo”, a “Parte 3: 1666” também
faz referências a filmes do gênero. Desta vez, a ambientação ficou por conta de
filmes de bruxas da era medieval, explorando bruxaria, ocultismo, sobrenatural
e o fanatismo religioso da época, bem como as consequências que a histeria
religiosa faz na cabeça das pessoas, induzindo-as a praticarem injustiças,
perseguição e violência. Nessa esteira,
podemos ter como exemplos os filmes “A Bruxa” (2015) e “As Bruxas de Salém” (1996).
Não que necessariamente “Parte 3: 1666” tenha se baseado nos longas
citados, mas podemos perceber as semelhanças destes com o filme em questão. Ou seja, a questão é a referência aos clássicos do tema.
Entrando nessa questão de inserir elementos culturais de outros filmes do gênero, a diretora Leigh Janiak manteve os clichês básicos já vistos anteriormente, tal como é em todo filme de terror slasher e filmes de bruxas. Mas, a diferença desta vez (como já dito anteriormente na Crítica da “Parte 1: 1994”) é que “Rua do Medo” inova o gênero ao misturar elementos de terror slasher de serial killer com bruxaria, sobrenatural e ocultismo. E é aqui que está a novidade, pois é muito raro ver este tipo de combinação em um filme (no caso, em uma trilogia). Nesse ponto, Janiak e os roteiristas Phil Graziadei e Kate Trefry conseguiram desenvolver uma ótima história usando os livros de R. L. Stine como material base.
Em
relação ao elenco, não se tem muito a acrescentar, pois podemos perceber a
presença de vários atores que já apareceram nos filmes anteriores, mas
representando outros personagens (não se preocupe em ficar confuso quanto à
isso, haja vista que o ano em questão é 1666 e são os atores de “Parte 2: 1978”
representando os colonos desta época, ou seja, outros personagens). Com isso, fica até um pouco mais fácil
de identificar famílias e antepassados na trama.
Por fim, enquanto dribla para equilibrar o desenvolvimento da história com cenas de terror e (um pouco) de violência, “Rua do Medo: 1666” consegue fazer a transição de épocas (de 1666 para 1994) sem nenhum problema de narrativa para, enfim, encerrar o mistério sobrenatural que se iniciou no primeiro capítulo e fechar a trilogia.
A
terceira e última parte de “Rua do Medo” se desenvolve com um ritmo dinâmico,
conseguindo responder todas as perguntas e dúvidas que, até então, estavam em
aberto, revelando a origem da maldição envolvendo Sarah Fier e todo o mistério
sobrenatural em cima de Shadyside. Com isso, o terceiro capítulo amarra todas
as pontas soltas apresentadas anteriormente de forma inteligente e consegue
surpreender com um excelente final inesperado, além de trazer uma conclusão
perfeita à trilogia.
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