Terceiro episódio da série apresenta uma ótima direção e desenvolvimento de personagem, mesmo com sensação de "filler".

POSSÍVEIS SPOILERS ABAIXO

O episódio abre com uma sequência mostrando a personagem Lady Loki/Sylvie, interpretada pela atriz Sophia Di Martino (Yesterday, Flowers) conversando com a personagem Hunter C-20 (Sasha Lane), onde ela criou uma falsa realidade na cabeça da agente da TVA para arrancar informações sobre os Guardiões do Tempo. É então que voltamos para onde o episódio anterior terminou (você pode ler a nossa crítica a ele clicando aqui), e vemos Sylvie invadindo a base da TVA e sendo perseguida por Loki (Tom Hiddleston).

A trama do episódio é bem "simples" e gira em torno da interação das duas versões do Loki se unindo e tentando escapar de um planeta que será completamente destruído pela sua lua. Assim, começamos a ter um desenvolvimento maior dos dois personagens.

Sophia Di Martino apresenta uma versão variante bem interessante do Loki. Tão sarcástica e habilidosa quanto ele, a personagem é carismática e tem uma ótima química com o protagonista. Mas o grande destaque fica mesmo com Tom Hiddleston (Amantes Eternos, Kong: A Ilha da Caveira). O charme, carisma e talento do ator fazem com que ele se adapte a qualquer situação e/ou personagem, roubando totalmente todas as cenas em que participa.

Logo de cara um dos fatores mais interessantes no episódio é como as duas versões do Loki são completamente diferentes, tanto suas visões de mundo, passados, sentimentos e até mesmo maneira de arquitetar os planos. Enquanto o Loki tradicional age mais por impulso, a nova variante é mais estrategista e prefere criar um plano mais elaborado antes de tomar suas decisões. A maneira como ambos entendem o que é o "amor" ou falam sobre o passado é realmente interessante e gera a melhor cena do episódio.

Desde que o primeiro trailer da série foi lançado, muitas comparações foram feitas com a série "Doctor Who", famosa ficção científica britânica. As comparações foram muito feitas pela estética da série e a forma com que ela lida com esses temas envolvendo viagem no tempo e linhas temporais diferentes. O episódio além de ter mais semelhanças com a série (principalmente pelo plot do planeta) tem uma vibe bem "Rick and Morty", o que não chega a surpreender visto que o criador da série e principal roteirista, Michael Waldron (Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura) foi um dos roteiristas da aclamada animação para adultos.

A direção de Kate Herron (Sex Education, Daybreak) continua sendo um dos grandes pontos altos da série, e a melhor até agora dentre as séries da Marvel para o Disney+. A sequência de ação no começo do episódio mostrando Sylvie lutando contra os agentes da TVA teve ótimas coreografias bem filmadas que fizeram a personagem ter um real senso de perigo, sem falar do insano plano sequência no final do episódio. Já os roteiros do episódio ficaram por conta de Bisha K. Ali (Ms. Marvel, Sex Education), que faz um bom trabalho com os diálogos, principalmente entre a dupla principal, mas peca em desenvolver a grande trama principal da série e avançar a história.

A fotografia de Autumn Durald (Palo Alto, Espírito Jovem) na série também é outro aspecto positivo a se destacar. Embora os efeitos especiais sejam oscilantes e em alguns momentos fica bem evidente o uso de cgi que deixa todo o visual plástico e falso, o episódio é recheado de momentos e cenas visualmente lindas que justificam o alto orçamento da série.

As grandes revelações do episódio foram coisas sutis mas que agregam a mitologia do personagem e da série. Finalmente reconheceram o personagem como bissexual, em um dialogo simples e eficaz. Resta saber agora se isso será abordado em episódios ou temporadas futuras. A outra revelação foi a de que todos são variantes, e a TVA não é o que realmente parece ser.

O maior problema no entanto é toda a trama criada para o episódio que dá uma sensação de "filler". O roteiro poderia ter achado outra maneira de desenvolver a dupla de Loki's e fazer eles criarem um laço, sem recorrer a um episódio inteiro em apenas um núcleo subaproveitado. O episódio também flerta com algumas críticas sociais enquanto a dupla está no planeta, onde um grupo de pobres que estão na fila para entrar no trem que os levará para a nave espacial que salvará a população restante afirmam que "apenas os ricos serão salvos". Embora a série não tenha tempo ou razão de parar a trama principal para focar nesse aspecto, seria interessante se algum desenvolvimento a mais fosse feito.

Outro fator estranho é a maneira irregular em que o episódio aborda as habilidades, poderes e nível de força do Loki. O personagem é capaz de se transformar em outros e materializar adagas (o que já foi mostrado no MCU em outras ocasiões), contudo a série começou a estabelecer novos poderes para o personagem como a telecinese que utiliza no fim do episódio para mover um prédio que está caindo. Essas "novas" habilidades do personagem ficam ainda piores quando ele é atirado do trem pelos guardas, mostrando um claro desnível incoerente dos poderes dele.

"Loki" chega finalmente a metade de sua temporada, e embora o episódio tenha uma sensação de "filler", entrega um episódio visualmente interessante e om uma ótima direção, mostrando que a série continua com o potencial de ser a melhor série do MCU.

Nota: 7,5.

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