Recentemente, o diretor Zack Snyder revelou uma fotografia da Mulher-Maravilha (Gal Gadot) na Guerra da Criméia que mostra a heroína ao redor de vários guerreiros e usando cabeças humanas como ornamentos. Tal gesto trouxe uma chuva de opiniões nas redes sociais a respeito da abordagem inicial que o cineasta tinha em mente para Diana Prince, a foto era um conceito inicial de tal ideia antes de Patty Jenkins ser contratada para dirigir o primeiro filme da heroína.
A fotografia em si é muito legal, não há como negar. O problema reside no fato da crueldade de uma das maiores heroínas da DC usar cabeças decepadas como troféus de batalha. Dentre a Trindade, a Mulher-Maravilha é uma das poucas integrantes que não vê problema em matar quando necessário, mas isso não quer dizer que ela saia matando todos os vilões com quem luta.
Uma das maiores marcas da personagem é a sua compaixão, algo que a torna alguém bem mais sensível para lutar pela humanidade não importa os atos horríveis que algumas pessoas cometam. No primeiro filme da heroína, essa lição é um dos principais aprendizados da narrativa e contradiz a versão pessimista da personagem retratada em 'Batman vs Superman'.
'Mulher-Maravilha 1984' veio para solidificar essa contradição e mostra uma Diana em plena vida heróica em Washington. Por mais que ela ainda esconda sua identidade por razões óbvias, o afastamento estabelecido em filmes anteriores não existe. A diretora Patty Jenkins errou em alguns aspectos da sequência, mas soube preservar a essência do que faz Diana ser uma heroína tão inspiradora, algo que Zack Snyder não soube fazer com o Superman e o Batman.
Muitas das críticas de fãs da DC com o diretor são fruto de uma certa incapacidade dele em compreender o material fonte. Parece que ele lê uma HQ como O Cavaleiro das Trevas e pensa que o Batman dos cinemas deve ser uma versão elseworld que foi planejada para um propósito específico, ao invés de focar no lado detetive, humano e pessoal de Bruce Wayne.
Não me entendam mal, existe espaço para heróis com abordagens mais sombrias, mas há uma linha tênue entre o que é construído para ser isso e o que é deturpado para tal objetivo. 'O Homem de Aço' é um filme que gosto muito, apesar de alguns problemas envolvendo a abordagem do Superman. Ele funciona muito bem como uma versão moderna de reapresentação do personagem para o público, mas os demais projetos não souberam desenvolver o kryptoniano e o transformaram num cara pálida que faz poses heróicas bíblicas, mas que não age como alguém que faz o bem para o próximo.
A personalidade guerreira de Diana é muito badass, sem sombra de dúvida, mas a personagem não se resume a isso. A Diana que decepcou a cabeça da Mera em Ponto de Ignição não pode ser a versão principal da personagem, pois isso não é a melhor maneira de retratá-la. Ela é uma guerreira poderosa que comete erros como todos, mas sua força está na convicção de que todos podem ser do bem e a luta dela é para garantir que pessoas boas não sofram com abusos e injustiças tanto de criminosos comuns quanto de entidades divinas como retratado na fase dos Novos 52.
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