O novo romance de época da Netflix, ainda que não inove, surpreende com seus personagens carismáticos. 


Os Bridgertons chegou ao catálogo da gigante de streaming no último dia 25 e vem causando burburinho nas redes sociais. Acontece que a série é baseada nos best-sellerers escritos por Julia Quinn que conta com 9 livros principais e uma sólida base de fãs. O primeiro ano do show adapta “O Duque e Eu”, focado em Daphne Bridgerton (Phoebe Dynevor) e Simon Besset (René-Jean Page).  

Com cenários deslumbrantes e figurinos condizentes, a atmosfera de uma fictícia Londres de 1813 proporciona um palco sustentado por fofocas perfeito para o desenrolar dos escândalos familiares. É nesse contexto que a protagonista Daphne inicia sua busca por um bom marido, na esperança de manter o prestígio do nome de sua família numerosa. No desenrolar dos acontecimentos, ela acaba se envolvendo convenientemente com o Duque de Hastings. 

Não se engane, no entanto, ao deduzir que a série limite-se ao romance juvenil e fantasioso. Embora seja o eixo principal, não é o único. Daphne é uma figura com um notável amadurecimento no decorrer da trama: ela ama sua família e está disposta a lutar por eles, mesmo que isso signifique sua infelicidade. Do outro lado, Simon representa um indivíduo de personalidade irredutível, construída na tentativa de blindar os traumas da infância. O relacionamento dos dois é bem desenvolvido, trazendo um viés divertido de se acompanhar.  


O ponto mais agradável dentro da proposta apresentada é o tom cômico e por vezes irreal que é nos entregue. As confusões familiares, a luta para manter o status, as intrigas - todos esse elementos rendem ótimos momentos. E c
ontando com 8 episódios, é louvável a capacidade da produção de manter os telespectadores entretidos. Muito disso se deve aos seus arcos bem definidos: ela não se prolonga mais do que o necessário no seu casal protagonista e ainda permite um vislumbre dos outros personagens. Na verdade, por ser um olhar inicial no mundo criado por Julia Quinn, parte do que é mostrado trata-se de uma introdução de plots futuros. E é justamente nos coadjuvantes e que Os Bridgertons ganha fôlego.  

Eloise e Anthony Bridgerton, por exemplo, possuem ambos enredos próprios e cativantes. Eloise representa a irreverência dos costumes: ela não almeja o casamento, tampouco os deveres de uma dona de casa. Anthony, por outro lado, é o primogênito da família e ainda que aja de maneira desregrada, com o passar dos episódios, mais distancia-se da vida boêmia e aproxima-se das responsabilidades impostas.  

Além destes, cabe citar a suntuosa Lady Danbury e o arco angustiante de Marina Thompson. Há também espaço para discutir a poder da mídia, mesmo que de forma generalizada e caricata, na forma da misteriosa Lady Whistledown e sua crescente influência dentro da comunidade londrina. Quase que de maneira onisciente, é ela que nos conduz pelas balbúrdias da alta sociedade por meio da publicação dos seus infames folhetins. Além disso, é a responsável pela mais surpreendente reviravolta do show. 

Outro ponto interessante a ser destacado é que não há uma distinção, ao menos aparente, entre as etnias dos personagens. É se admirar como negros, comumente marginalizados nas mais diversas mídias, aqui não são relegados à posições inferiorizadas. Existe sim desigualdades sociais e discriminação, mas elas não se restringem ao preconceito racial.  Esse detalhe permite uma diversidade no elenco e um maior dinamismo da história. 

Por fim, mesmo que deixe tramas em aberto, especuladas para as próximas temporadas ainda não confirmadas, a série consegue fechar de maneira satisfatória sua trama principal. Os Bridgertons não traz nada de novo à roda, mas definitivamente agradará fãs do gênero com seu enredo cativante e personagens ricos e envolventes.  


Nota: 8/10 

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