Mais um acerto da Netflix. A Maldição da Mansão Bly não é mais do mesmo!
A Maldição da Mansão Bly (The Hauting of Bly Manor) é uma das novas séries da Netflix, que teve sua estreia no dia 9 de outubro. Sequência do sucesso A Maldição da Residência Hill (The Hauting of Hill House), ela integra mais um dos contos da série The Haunting, cujo criador é Mike Flanagan. E aqui já deixo um recado importante. Caso não tenha assistido A Maldição da Residência Hill, não se preocupe. Temos aqui duas histórias compactas (estilo minissérie) e de narrativas totalmente independentes. Se existe algo semelhante entre elas é o gênero suspense/terror, o fato de que ambas apresentam como pano de fundo mansões mal assombradas e a presença de vários atores e atrizes em comum (não estranhe reconhecer alguns rostos).
Esta temporada, que é inspirada no livro de 1898, A volta do Parafuso (The Turn of the Screw) de Henry James, traz uma abordagem bem diferente de sua predecessora. Aqui não se trata de uma história sobre fantasmas, mas sim uma história de amor. Os fantasmas e todos esses elementos característicos do gênero são acessórios importantes, embora não sejam a essência da trama. Dessa forma, não espere sustos avassaladores, pois a proposta não é essa. A ênfase aqui são as relações e quão dolorosas e sombrias podem ser as consequências das atitudes das pessoas. Espere, portanto, um quebra-cabeças gigante que dá extremo prazer de montar pela complexidade de cada personagem, que chegou até mesmo a me lembrar com saudosismo o filme “A Chave Mestra” (The Skleton Key), um clássico pra quem curte um terror mais inteligente.
Victoria
Pedretti encarna uma protagonista densa e é, sem dúvida, o grande nome da série.
Em “A Maldição da Residência Hill”
ela já tinha dado um show interpretando Nell, a caçula da família Hill, mesmo
com pouco tempo de tela e depois se destacou interpretando Love, o interesse
amoroso do protagonista da série Você.
Agora mais uma vez ela brilha com um papel a altura de seu talento. Dani, sua
personagem, traz consigo um trauma de seu último relacionamento que interfere
diretamente em sua personalidade e jeito de se relacionar. Suas inseguranças
encontram um porto seguro em Jamie e essa relação é um dos pontos altos da
série, tendo um desfecho bastante audacioso e, sem dúvida, marcante.
A série
possui nove episódios e pode não ser tão fácil de maratonar, se você não é fã
de um ritmo mais lento e compassado. Os dois primeiros episódios podem ser um
pouco mais monótonos, até mesmo porque introduzem a história, mas siga firme! Do
terceiro episódio em diante você vai conhecendo as particularidades de cada
personagem e, especialmente, os segredos por trás da mansão e, a partir daí, é
impossível não se envolver. Inclusive é justamente isso que funciona tão bem na
série. Todas as histórias têm destaque e são importantes no todo. O enredo não
depende apenas da protagonista para desenrolar. Tanto que um dos carros chefe da
trama é a relação entre Rebbeca (Tahirah Sharif), a última babá das crianças, e
Peter Quint (Oliver Jackson-Cohen), um funcionário
dos Wingrave bastante controverso que de acordo com os demais está
desparecido.
No quinto
episódio você se vê com várias interrogações, mas nos seguintes tudo é muito
bem esmiuçado, não restando dúvida alguma e o ritmo passa a crescer de modo que
é simplesmente impossível parar de assistir. E já te alerto. Prepare os
lencinhos, pois o último episódio é de emocionar e vai arrancar soluços dos mais
sensíveis (totalmente meu caso hahaha).
A trama traz
lições importantes e uma das mensagens centrais é de que o amor é o oposto
do sentimento de posse. Pode parecer óbvio, mas a maior parte das relações
afetivas hoje em dia, desde fraternais até mesmo amorosas, por muitas vezes
podem acabar sendo regidas pelo controle do outro e como vemos muito bem em A Maldição da mansão Bly, isso nunca
termina bem.
Nota: 8,5
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