Mais um acerto da Netflix. A Maldição da Mansão Bly não é mais do mesmo!

A Maldição da Mansão Bly (The Hauting of Bly Manor) é uma das novas séries da Netflix, que teve sua estreia no dia 9 de outubro. Sequência do sucesso A Maldição da Residência Hill (The Hauting of Hill House), ela integra mais um dos contos da série The Haunting, cujo criador é Mike Flanagan. E aqui já deixo um recado importante. Caso não tenha assistido A Maldição da Residência Hill, não se preocupe. Temos aqui duas histórias compactas (estilo minissérie) e de narrativas totalmente independentes. Se existe algo semelhante entre elas é o gênero suspense/terror, o fato de que ambas apresentam como pano de fundo mansões mal assombradas e a presença de vários atores e atrizes em comum (não estranhe reconhecer alguns rostos).


Danielle (Victoria Pedretti, A Maldição da Residência Hill; Você) é uma americana que se muda para a Inglaterra e aceita a vaga de Au Pair em uma mansão no interior, numa cidade de nome Bly, cuidando de duas crianças, Flora (Amelia Bea Smith) e Miles (Benjamin Evan Ainsworth), que passaram por traumas enormes e recentes. Os dois perderam os pais em um acidente ocorrido enquanto o casal viajava e, ainda por cima, sua última babá cometeu suicídio em um lago localizado na propriedade. Assim que chega, Dani é recebida pelos demais funcionários da mansão, a governanta Hannah (T'Nia Miler), o cozinheiro Owen (Rahul Kohli) e a jardineira Jamie (Amelia Eve). Em pouco tempo ela percebe que o tio das crianças, Henry Wingrave (Henry Thomas), novo tutor e responsável por elas, por alguma razão prefere se manter o mais afastado possível dos assuntos da mansão e nota ainda que existe algo muito estranho na atmosfera daquele local. Somado a isso, a própria Au pair traz consigo um passado bastante sombrio.

Esta temporada, que é inspirada no livro de 1898, A volta do Parafuso (The Turn of the Screw)  de Henry James, traz uma abordagem bem diferente de sua predecessora. Aqui não se trata de uma história sobre fantasmas, mas sim uma história de amor. Os fantasmas e todos esses elementos característicos do gênero são acessórios importantes, embora não sejam a essência da trama. Dessa forma, não espere sustos avassaladores, pois a proposta não é essa. A ênfase aqui são as relações e quão dolorosas e sombrias podem ser as consequências das atitudes das pessoas. Espere, portanto, um quebra-cabeças gigante que dá extremo prazer de montar pela complexidade de cada personagem, que chegou até mesmo a me lembrar com saudosismo o filme “A Chave Mestra” (The Skleton Key), um clássico pra quem curte um terror mais inteligente.

Victoria Pedretti encarna uma protagonista densa e é, sem dúvida, o grande nome da série. Em “A Maldição da Residência Hill” ela já tinha dado um show interpretando Nell, a caçula da família Hill, mesmo com pouco tempo de tela e depois se destacou interpretando Love, o interesse amoroso do protagonista da série Você. Agora mais uma vez ela brilha com um papel a altura de seu talento. Dani, sua personagem, traz consigo um trauma de seu último relacionamento que interfere diretamente em sua personalidade e jeito de se relacionar. Suas inseguranças encontram um porto seguro em Jamie e essa relação é um dos pontos altos da série, tendo um desfecho bastante audacioso e, sem dúvida, marcante.


A série possui nove episódios e pode não ser tão fácil de maratonar, se você não é fã de um ritmo mais lento e compassado. Os dois primeiros episódios podem ser um pouco mais monótonos, até mesmo porque introduzem a história, mas siga firme! Do terceiro episódio em diante você vai conhecendo as particularidades de cada personagem e, especialmente, os segredos por trás da mansão e, a partir daí, é impossível não se envolver. Inclusive é justamente isso que funciona tão bem na série. Todas as histórias têm destaque e são importantes no todo. O enredo não depende apenas da protagonista para desenrolar. Tanto que um dos carros chefe da trama é a relação entre Rebbeca (Tahirah Sharif), a última babá das crianças, e Peter Quint (Oliver Jackson-Cohen), um funcionário dos Wingrave bastante controverso que de acordo com os demais está desparecido.

No quinto episódio você se vê com várias interrogações, mas nos seguintes tudo é muito bem esmiuçado, não restando dúvida alguma e o ritmo passa a crescer de modo que é simplesmente impossível parar de assistir. E já te alerto. Prepare os lencinhos, pois o último episódio é de emocionar e  vai arrancar soluços dos mais sensíveis (totalmente meu caso hahaha).

A trama traz lições importantes e uma das mensagens centrais é de que o amor é o oposto do sentimento de posse. Pode parecer óbvio, mas a maior parte das relações afetivas hoje em dia, desde fraternais até mesmo amorosas, por muitas vezes podem acabar sendo regidas pelo controle do outro e como vemos muito bem em A Maldição da mansão Bly, isso nunca termina bem.

 

Nota: 8,5

 


Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem