Nova série da Netflix baseada nas HQs de Frank Miller e Tom Wheeler tem um roteiro medíocre e excesso de drama adolescente.
Sinopse: Nimue (Katherine Langford) é uma jovem heroína com o misterioso, mas trágico, poder de se transformar na Dama do Lago. Na companhia de Arthur, ela embarca em uma aventura à procura do mago Merlin e da espada sagrada.
Cursed – A Lenda do Lago é o tipo a série que tinha potencial para ser excelente, mas que o desperdiça com roteiros preguiçosos, personagens insossos e drama adolescente barato. Ao longo de dez episódios, acompanhamos a jornada de Nimue, uma jovem com poderes especiais que sofre com preconceito e medo do seu povo por não saber controlar seus dons. Mas, após sua aldeia ser atacada pela Igreja Católica numa espécie de expurgo dos seres feéricos, ela deve usar todo o seu poder para garantir a sobrevivência de sua espécie e para isso conta a ajuda da lendária espada de Excalibur.
Desde o primeiro episódio é perceptível que a série possui uma pegada adolescente e pega vários personagens das histórias do Rei Arthur e dá uma repaginada na origem deles. Todo o drama dos personagens é fruto dos anseios da juventude, Nimue busca por aceitação, Arthur (Devon Terell) busca pela honra, Morgana (Shalom Brune-Franklin) busca uma vida com significado e Merlin (Gustaf Skarsgård) busca beber para esquecer de seus sentimentos. Esses são os principais personagens da narrativa com algumas subtramas correndo por fora como a do Monge Choroso (Daniel Sharman) e do Rei Uther Pendragon (Sebastian Armesto).
Com tantos personagens, era de esperar que o roteiro desse conta de desenvolver eles de maneira satisfatória, mas não é isso o que ocorre. O uso dela na narrativa é bem ruim, além do fato de alguns aparecerem apenas quando o roteiro lembrava que eles existiam. É o caso de Pym (Lily Newmark), amiga da protagonista, que some por vários episódios e quando reaparece não faz nada de interessante que justifique sua existência na trama. Outro problema do roteiro é a incompetência para construir reviravoltas, toda vez que alguma revelação é feita, o espectador já a descobriu há tempos. Isso tira e muito o senso de surpresa que a história poderia ter e deixa quase todos os acontecimentos bem previsíveis.
Os personagens são clichês andantes e os roteiristas não tentam sair dessa mesmice. Durante dez episódios, eles não apresentam uma evolução natural e sempre estão repetindo os mesmos dilemas só que em cenários distintos. Nimue passa a série toda duvidando de sua capacidade e quando tem a chance de provar a que veio, o roteiro arma artifícios para deixá-la fraca tirando muito do impacto que as cenas poderiam ter. A atuação de Katherine Langford não é ruim, mas é óbvio que estava perdida nesse papel, pois ela parecia desinteressada na maioria das cenas.
Gustaf Skarsgård interpreta uma versão jovem e problemática do mago Merlin, na trama ele é um homem que vive há muito tempo, mas que se acabou por conta dos terríveis atos de seu passado e pela bebida. Aliás, devo acrescentar que ele não faz magia nessa série, se afastando muito da história de mago poderoso que as pessoas têm conhecimento. O ator dá a Merlin uma personalidade cafajeste e malandra lembrando muito tipos pirata, aliás o visual dele lembra o de um também.
Fechando o quarteto de protagonistas temos Arthur e Morgana. O rapaz é um mercenário cuja família caiu em desgraça após a morte do pai e ele tenta reaver a honra de sua família e para isso ajuda Nimue e povo feérico. Quando apresentado, ele é um personagem de caráter dúbio e faz coisas questionáveis, porém ele “muda" quando percebe o egoísmo de suas ações. Na minha opinião, ele é o personagem mais bem construído e a atuação de Devon Terell é bem carismática.
Morgana é bem carismática também, mas graças a performance da atriz Shalom Brune-Franklin, pois o roteiro não desenvolve bem a jornada da personagem com todas as resoluções sendo forçadas ou terrivelmente convenientes. Também vale uma menção a péssima construção do Monge Choroso, o personagem passa a trama toda sendo o mais unidimensional possível para que perto do fim ganhe uma história forçada de culpa e empatia.
Existem outros subplots pela disputa pelo trono envolvendo Uther Pendragon e Cumber (Jóhannes Haukur Jóhannesson), mas eles são meros instrumentos para dificultar a vida dos feéricos e são pouco explorados pelos roteiristas. A resolução dos plots deles são bem apressadas dando mais uma vez a sensação de preguiça por parte dos criadores.
Se a condução da trama é ruim, o mesmo não pode ser dito da produção da série. Todos os cenários, figurinos e efeitos visuais são bem feitas e lembram muito algo medieval como o período pede. O visual dos castelos e cidades são bem bastantes cinzas e repleto de cores pouco amistosas para reforçar o espírito triste da época. O figurino é legal, mas não é destaque, funciona para a proposta da série e é isso.
Há pouca computação gráfica, mas quando ela é usada, funciona bem e não passa o ar de artificialidade. A direção não é das piores, as cenas são bem fotografadas com tons claros e ângulos de câmera que captam bem as belezas dos ambientes e filmam a ação sem muitos cortes com uma boa edição.
Cursed – A Lenda do Lago serve para assistir como uma diversão descompromissada, mas não deixa de ser uma série que poderia ser mais se quisesse.
Nota: 5,5
Publicado por: Matheus Eira
Sinopse: Nimue (Katherine Langford) é uma jovem heroína com o misterioso, mas trágico, poder de se transformar na Dama do Lago. Na companhia de Arthur, ela embarca em uma aventura à procura do mago Merlin e da espada sagrada.
Cursed – A Lenda do Lago é o tipo a série que tinha potencial para ser excelente, mas que o desperdiça com roteiros preguiçosos, personagens insossos e drama adolescente barato. Ao longo de dez episódios, acompanhamos a jornada de Nimue, uma jovem com poderes especiais que sofre com preconceito e medo do seu povo por não saber controlar seus dons. Mas, após sua aldeia ser atacada pela Igreja Católica numa espécie de expurgo dos seres feéricos, ela deve usar todo o seu poder para garantir a sobrevivência de sua espécie e para isso conta a ajuda da lendária espada de Excalibur.
Desde o primeiro episódio é perceptível que a série possui uma pegada adolescente e pega vários personagens das histórias do Rei Arthur e dá uma repaginada na origem deles. Todo o drama dos personagens é fruto dos anseios da juventude, Nimue busca por aceitação, Arthur (Devon Terell) busca pela honra, Morgana (Shalom Brune-Franklin) busca uma vida com significado e Merlin (Gustaf Skarsgård) busca beber para esquecer de seus sentimentos. Esses são os principais personagens da narrativa com algumas subtramas correndo por fora como a do Monge Choroso (Daniel Sharman) e do Rei Uther Pendragon (Sebastian Armesto).
Com tantos personagens, era de esperar que o roteiro desse conta de desenvolver eles de maneira satisfatória, mas não é isso o que ocorre. O uso dela na narrativa é bem ruim, além do fato de alguns aparecerem apenas quando o roteiro lembrava que eles existiam. É o caso de Pym (Lily Newmark), amiga da protagonista, que some por vários episódios e quando reaparece não faz nada de interessante que justifique sua existência na trama. Outro problema do roteiro é a incompetência para construir reviravoltas, toda vez que alguma revelação é feita, o espectador já a descobriu há tempos. Isso tira e muito o senso de surpresa que a história poderia ter e deixa quase todos os acontecimentos bem previsíveis.
Os personagens são clichês andantes e os roteiristas não tentam sair dessa mesmice. Durante dez episódios, eles não apresentam uma evolução natural e sempre estão repetindo os mesmos dilemas só que em cenários distintos. Nimue passa a série toda duvidando de sua capacidade e quando tem a chance de provar a que veio, o roteiro arma artifícios para deixá-la fraca tirando muito do impacto que as cenas poderiam ter. A atuação de Katherine Langford não é ruim, mas é óbvio que estava perdida nesse papel, pois ela parecia desinteressada na maioria das cenas.
Gustaf Skarsgård interpreta uma versão jovem e problemática do mago Merlin, na trama ele é um homem que vive há muito tempo, mas que se acabou por conta dos terríveis atos de seu passado e pela bebida. Aliás, devo acrescentar que ele não faz magia nessa série, se afastando muito da história de mago poderoso que as pessoas têm conhecimento. O ator dá a Merlin uma personalidade cafajeste e malandra lembrando muito tipos pirata, aliás o visual dele lembra o de um também.
Fechando o quarteto de protagonistas temos Arthur e Morgana. O rapaz é um mercenário cuja família caiu em desgraça após a morte do pai e ele tenta reaver a honra de sua família e para isso ajuda Nimue e povo feérico. Quando apresentado, ele é um personagem de caráter dúbio e faz coisas questionáveis, porém ele “muda" quando percebe o egoísmo de suas ações. Na minha opinião, ele é o personagem mais bem construído e a atuação de Devon Terell é bem carismática.
Morgana é bem carismática também, mas graças a performance da atriz Shalom Brune-Franklin, pois o roteiro não desenvolve bem a jornada da personagem com todas as resoluções sendo forçadas ou terrivelmente convenientes. Também vale uma menção a péssima construção do Monge Choroso, o personagem passa a trama toda sendo o mais unidimensional possível para que perto do fim ganhe uma história forçada de culpa e empatia.
Existem outros subplots pela disputa pelo trono envolvendo Uther Pendragon e Cumber (Jóhannes Haukur Jóhannesson), mas eles são meros instrumentos para dificultar a vida dos feéricos e são pouco explorados pelos roteiristas. A resolução dos plots deles são bem apressadas dando mais uma vez a sensação de preguiça por parte dos criadores.
Se a condução da trama é ruim, o mesmo não pode ser dito da produção da série. Todos os cenários, figurinos e efeitos visuais são bem feitas e lembram muito algo medieval como o período pede. O visual dos castelos e cidades são bem bastantes cinzas e repleto de cores pouco amistosas para reforçar o espírito triste da época. O figurino é legal, mas não é destaque, funciona para a proposta da série e é isso.
Há pouca computação gráfica, mas quando ela é usada, funciona bem e não passa o ar de artificialidade. A direção não é das piores, as cenas são bem fotografadas com tons claros e ângulos de câmera que captam bem as belezas dos ambientes e filmam a ação sem muitos cortes com uma boa edição.
Cursed – A Lenda do Lago serve para assistir como uma diversão descompromissada, mas não deixa de ser uma série que poderia ser mais se quisesse.
Nota: 5,5
Publicado por: Matheus Eira
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