Terceiro filme da franquia dos mutantes erra na condução de sua trama e entrega uma obra irregular.


Sinopse: A descoberta de uma cura para as mutações leva os mutantes a um ponto decisivo. Eles podem escolher entre abandonar seus poderes e se tornarem humanos ou continuar com os poderes e permanecerem excluídos. Uma batalha é travada entre os simpatizantes de Charles Xavier, que prega a tolerância, e os seguidores de Magneto, que defende a sobrevivência dos mais fortes.

X-Men: O Confronto Final é o fechamento da trilogia inicial dos mutantes lançada nos anos 2000. O filme tem duas tramas principais, a primeira diz respeito à descoberta da cura mutante, fato que gera grandes ramificações na comunidade mutante nos EUA e desencadeia a fúria de Magneto. Do outro lado, temos a saga da Fênix Negra com o retorno de Jean Grey após seu “sacrifício” no filme anterior. O grande problema do filme é que nenhuma das duas vertentes narrativas é bem desenvolvida pelo roteiro de Simon Kinberg e Zak Penn.

Se por um lado o discurso político ganha mais espaço, por outro é notável que os roteiristas não souberam trazer discussões interessantes sobre os dilemas éticos da descoberta da cura e seu possível uso como arma. O tema é tratado de forma simplória em debates rasos e subtramas que são tão ruins que fazem revirar os olhos de tamanha falta de imaginação. Por exemplo, o papel da Vampira nesse filme se resume a sentir ciúme do Homem de Gelo com a Kitty Pride e sem cerimônia, ela decide ir em busca da cura dando a entender que sua decisão é baseada no ciúme que possui. Só que em nenhum momento o roteiro explorou bem a personagem para dar credibilidade a tal afirmação.

Em segundo plano, Magneto lidera uma gangue de mutantes a fim de atacar as autoridades para que a fonte da cura seja destruída. Esse personagem é o mais bem trabalhado dentro do enredo, pois aqui é perceptível que ele manipula os mutantes para seus planos de dominação, porém não liga para o destino deles mesmo que tenham servido a causa fielmente. Isso faz com que o discurso hipócrita dele fique mais evidente e faz o espectador torcer contra seu sucesso na trama. A excelente atuação de Ian McKellen traz o carisma necessário ao personagem e o faz funcionar dentro do enredo de líder da “revolução” mutante.


Na outra parte da trama, temos o retorno de Jean Grey e aqui reside alguns dos piores pontos da obra. Por mais que a atuação de Famke Janssen seja perfeita ao transmitir a dor e ódio da personagem, o roteiro não trabalha isso de modo orgânico e deixa esse plot com um ritmo demasiadamente acelerado. Também vale mencionar que o personagem do Ciclope mais uma vez não serviu para nada na trama e sua presença só serve unicamente para tentar dar um “impacto” que não se concretiza, pois o personagem jamais foi explorado em nenhum dos filmes anteriores. Talvez a maior mudança esteja no personagem do Professor Xavier que tem seus atos questionados e demonstra não ser tão bonzinho quanto todos pensavam. Patrick Stewart interpreta bem essa nova faceta de Xavier e demonstra todo o seu talento em cenas mais dramáticas tais como na casa de Jean ou em sua conversa com Wolverine.

Falando nele, desta vez, o mutante com garras deixa de ser o foco, porém é notável uma mudança em sua personalidade. Nos outros filmes, ele era bem introspectivo e neste, ele aprende o valor do trabalho em equipe assim como recai o peso da liderança sob seus ombros tendo decisões difíceis a tomar. O restante dos personagens como Mística, Arcanjo, Kitty Pride, Tempestade e Fera são meros coadjuvantes que não recebem um bom tratamento e são jogados na trama para fazer intrigas, sorte que os atores são bons e fazem o possível com o material disponível.

A direção de Brett Ratner acerta nas cenas de ação que são muito bem coreografadas e sempre com bons ângulos de câmera. As cenas de ação na Ponte Golden Gate e na Ilha de Alcatraz são momentos memoráveis e cheias de adrenalina.  Ele só não é tão assertivo na direção de alguns atores em cenas que ficam um pouco mais piegas que o necessário vide o momento em que os personagens discutem o futuro da Escola Xavier. A computação gráfica é outro acerto e impressiona por sua qualidade até hoje. Basta dar uma olhada nas cenas do terceiro ato que possuem ótimo CGI e com pouca artificialidade. A trilha sonora de John Powell é repleta de bons temas que elevam as cenas e trazem boas sensações para o público. Também vale uma menção aos bons trabalhos de maquiagem na Mística e no Fera.

X-Men: O Confronto Final decepciona em alguns momentos, mas é um filme suficiente decente para uma diversão descompromissada.

Nota: 5,0

Publicado por: Matheus Eira

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