Um filme que apresenta cadáveres dançantes, uma mão que ganha vida própria e objetos que dão gargalhadas não pode ser considerado ruim. A sequência de The Evil Dead, que também pode ser considerado um remake, é mais espirituosa, mais cativante, possui uma personalidade forte que está presente no filme todo, e sua excentricidade é o que a faz ser tão especial e melhor que seu antecessor. Durante todo o filme eu sentia que Raimi estava sob o efeito de alucinógenos enquanto escrevia o roteiro e quando estava dirigindo de tão excessivo que o longa é. A trama aqui é igual à do primeiro filme, vemos Ash em mais uma noite infernal na qual ele tem que enfrentar espíritos malignos que foram invocados pelo Necronomicon. O principal fator para considerarem Evil Dead II como um remake é que muito do que estava presente no primeiro filme está aqui, só que desta vez Sam Raimi tem um orçamento consideravelmente maior, então ele refaz o primeiro Evil Dead, mas dessa vez extrapolando o que foi feito antes e com uma execução diferente, uma mais focada na parte cômica.

Aqui Raimi une dois radicais, os gêneros terror e comédia, não que isso seja algo novo ou inovador, mas ele faz com que momentos que de primeira parecem que estão mais no espectro do terror, que deveriam te assustar, e os torna engraçados por causa da execução, seja pelas gags visuais, influenciados pelo humor dos The Three Stoges, ou o quão absurdo e exagerado as cenas são, principalmente por causa da violência e do gore. Raimi também muda constantemente o tom durante o filme, e isso sem quebrar o momento ou fazer com que uma cena pareça deslocada do resto do longa, e todas essas mudanças se adequam com as situações em que são colocadas, o que torna esse filme tão divertido de se assistir já que ele sempre te surpreende e o faz de forma satisfatória. É praticamente uma montanha-russa, mas Raimi também sabe quando parar e deixar o espectador respirar, não deixando o filme se tornar cansativo.


Apesar de Raimi ser responsável pela energia contagiante desse filme, sua direção é um dos melhores aspectos com toda a certeza, os movimentos de câmera e ângulos são bastante inventivos, assim como foi no primeiro filme, mas dessa vez Raimi tem um orçamento maior e logo pode fazer muito mais, e sem contar a identidade visual única do projeto que vem praticamente dele, Bruce Campbell, que interpreta Ash, é também o responsável pelo charme desse filme. Ele literalmente carrega o filme nas costas durante o primeiro ato, quando ele está sozinho na cabana e tendo como antagonista sua mão possuída. Campbell brilha aqui e seu carisma ajuda muito o personagem de Ash, e o jeito que ele lida com as gags visuais é o que faz elas funcionarem, e é perceptível a evolução de Campbell do primeiro filme para esse, ele está claramente mais solto e Ash Williams é o personagem icônico que é por causa de sua atuação nesse filme.

Não há por que se preocupar tanto com estrutura narrativa quando se tem a performance carismática e variada de Bruce Campbell carregada de estereótipos de heróis de filmes de ação dos anos 80 e que se entrega a comédia física. Evil Dead II é eufórico e possui uma energia caótica que faz o longa ser simplesmente muito divertido de se assistir. O amor de Raimi pelos filmes B é o que torna este filme tão único. No final, Evil Dead II é a interpretação de Raimi sobre o apelo dos filmes B e sua celebração deles, e ao satirizá-los, Raimi faz um filme memorável. 

Nota: 10

Publicado por: Sam.

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