Após o polêmico Star Wars: Os Últimos Jedi, o diretor Rian Johnson aposta num projeto autoral no gênero de suspense policial e o resultado é um dos melhores longas de 2019.
Sinopse: O detetive particular Benoit Blanc é contratado para investigar o aparente suicídio do famoso escritor Harlan Thrombey, porém uma série de pistas o levam a crer que alguém da família pode estar por trás da morte de Harlan.
Entre Facas e Segredos é um filme que presta homenagens à personagens e autores de livros de detetive tais como Sherlock Holmes e Agatha Christie. A protagonista da trama é a enfermeira Marta Cabrera (Ana de Armas), o espectador é apresentado a essa história principalmente pelo ponto de vista dela. Isso faz com que ela seja peça chave nos principais desdobramentos do enredo como também fornece uma valiosa contribuição para o público enxergar hipocrisias e mentiras dos demais personagens da obra.
Inicialmente, vale ressaltar o excelente elenco do filme. Todos são bons atores e quase todos tem seu momento de brilho duramente a trama. O mistério da morte do patriarca da família Thrombey é muito bem construído pelo roteiro de Johnson de forma que ele subverte expectativas sempre que o público parece ter compreendido o que se passa. O guião também é cheio de diálogos bregas, mas com toque requintado que lembra os romances de Sherlock Holmes ao mesmo tempo em que constrói uma identidade própria. Nota-se que o diretor não poupa sua ironia para com os personagens e cria um background para cada um deles e usa isso para criar desconfianças na tentativa de dar múltiplos suspeitos para desviar a atenção da audiência do fio da meada.
A presença do detetive particular Benoit Blanc (Daniel Craig) é o que movimenta a trama e a atuação de Daniel Craig emula Hércules Poirot dos livros de Agatha Christie. O destaque no restante do elenco fica por conta de Chris Evans como Ransom Drysdale, Christopher Plummer como Harlan Thrombey e Michael Shannon como Walt Thrombey.
O primeiro personagem é caracterizado por seu jeito irônico e arrogância, mas ele é mais do que aparenta e a performance de Evans mostra bem isso. Já Harlan é apresentado por meio de flashbacks que mostram um homem idoso tentando reparar os equívocos que cometeu em relação à suas atitudes para com sua família, Plummer encanta com sua seriedade assim como fica bem em cenas mais descontraídas. Já o personagem de Michael Shannon é um dos mais intrigantes por tudo o que ele deixa de dizer, porém sua trejeitos o entregam. Por exemplo, numa cena ele usa um tom de voz sereno para conversar com um personagem, mas a câmera foca em suas mãos e pés ajudando a demostrar que ele está o exato oposto do que deseja ter transparecer.
Os aspectos técnicos do filme são muito eficientes, o design de produção captou bem a extravagância de mansões misteriosas, algo que a obra faz referência ao dizer que a casa de Harlan parecia um tabuleiro do jogo “Clue". O figurino é outro acerto, o estilo e as cores que cada personagem usa diz muito sobre a personalidade deles. Há os que se vestem muito formalmente e denotam ser caretas e retrógrados enquanto os mais estilosos aparentam ser de uma ideologia mais liberal. A edição ajuda a dar um ritmo dinâmico para o filme e a montagem deixa todos os elementos da trama arrumados de um modo que no fim tudo faça sentido.
Entre Facas e Segredos tem bons personagens, ótimo roteiro e uma direção estilosa que instiga o espectador. Um prato cheio de diversão para amantes de mistérios.
Nota: 9,0
Publicado por: Matheus Eira.
Postar um comentário