Adaptação da obra de William Steig é um dos melhores filmes de animação já produzidos.
Sinopse: Após ter sua tranquilidade interrompida por hóspedes indesejados, o ogro Shrek embarca numa aventura para salvar a bela Princesa Fiona a fim de recuperar seu pântano das garras do astuto Lorde Farquaad.
Shrek foi o primeiro filme de animação da história à ganhar o prêmio de Melhor Animação no Oscar. Sua importância é tão sugestiva quanto sua qualidade, aqui temos um filme que mistura paródia de contos de fada e ação numa narrativa cheia de referências a filmes da cultura pop. A trama se inicia de um modo bem ácido fazendo paródia com os filmes de contos de fada da Disney e subverte expectativas trazendo um ogro como mocinho. Shrek é um protagonista pouco convencional , não é bonito, tem péssimas higiene, não mora num castelo e come animais “exóticos”. Porém, o que faz dele um bom personagem são as camadas dramáticas que o filme adiciona a ele ao longo de sua jornada de ida e volta do resgate à Princesa Fiona.
O personagem se fecha para todos a sua volta com medo de ser julgado por sua aparência e isso o tornou uma criatura amarga. Então, durante a película, o roteiro coloca o personagem em situações nas quais ele deve trabalhar com outras “pessoas” para que juntos cumpram seus objetivos. Dessa forma, entram os co-protagonistas da obra, o Burro e a Princesa Fiona. O primeiro arranca ótimas risadas por seu jeito falante de ser e é um contraponto ao jeito ranzinza de Shrek. Já a Princesa Fiona subverte totalmente o clichê de donzela em perigo sendo dona de opiniões firmes e tendo uma personalidade cativante. O antagonista da obra é o diminuto Lorde Farquaad, o interessante sobre ele é a sua obsessão em perfeição. Durante as cenas com o personagem , é perceptível suas tendências ditatoriais, ele controla as reações do povo e tudo em seu reino é excessivamente homogêneo. Só é uma pena que ele apareça pouco.
O maior acerto é a interação entre esse trio improvável. Sendo tão diferentes entre si, os personagens criam cenas divertidas que funcionam por sua espontaneidade e pelos ótimos diálogos. O ponto central de virada da trama está num “segredo" que um dos personagens esconde, ele gerou uma ruptura necessária no grupo a fim de que cada um pudesse reavaliar suas prioridades e trouxe uma das melhores cenas do filme ao som da canção “Hallelujah”. Outro ponto forte é a trilha sonora, o compositor Harry Gregson-Williams dá um tom melódico às cenas mais dramáticas enquanto que as cenas de ação são carregadas por faixas enérgicas e marcantes. As canções musicais usadas no filme são bem utilizadas dentro de seus respectivos contextos.
Os aspectos técnicos da obra são bons, mesmo que com algumas ressalvas. A técnica de animação ficou um pouco datada em comparação ao padrão das produções atuais, porém isso não tira o mérito dos animadores por conseguem criar cenários e personagens com texturas, corpos e design totalmente opostos. Talvez o maior defeito resida no fato de que há um certo problema de lógica no que diz respeito aos objetivos do vilão da obra, entretanto isso não é um grande demérito. O trabalho de dublagem em português é muito eficiente e ouso dizer que a voz da Fernanda Crispim deu mais personalidade para a Fiona do que a Cameron na dublagem original.
Shrek é um dos grandes filmes da nossa geração e encanta por sua honestidade, personagens e humor bem equilibrados.
Nota: 9,5
Publicado por: Matheus Eira.
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