Vira e mexe eu pego para reassistir One Piece desde o início. Essa obra que já dura quase 30 anos coleciona mais de 1100 episódios, mais de 100 capítulos e tem como Mangaká, o respeitado Eiichiro Oda.

Oda começa a escrever a obra ainda com 22 anos e ao longo dessas quase 3 décadas One Piece não apenas se tornou um fenômeno de vendas e sucesso cultural como em seus centenas de capítulos cultiva até o momento uma história contínua, sem reboots ou grandes pausas e um crescimento que torna a obra mais relevante à cada passo que a história avança.

Acontece que tudo isso começou lá atrás com uma One-Shot chamada Romance Dawn



One-Shot de Oda já estabelecia Luffy como o protagonista brincalhão e desprovido de inteligência, mas de forte espirito. Posteriormente o nome "Romance Dawn" assim como seus conceitos foram levados para One Piece definitivamente dentro da Saga East Blue tendo uma adaptação da história original num especial do capitulo 907.

São nesses 4 episódios de Romance Dawn que conhecemos os primeiros membros dos Chapéus de Palha, assim como conceitos e promessas que caminham na obra até hoje, como: O sonho de ser o Rei dos Piratas, as Frutas do Diabo e o mar como fraqueza. O covarde e sonhador Koby, a Ladra Nami, o Caçador de Piratas e solador oficial da obra, Roronoa Zoro e a maior inspiração do protagonista Luffy, o pirata Shanks, o Ruivo.


O East Blue é uma saga de 61 episódios ao todo. Oda estabelece a nós uma escrita e uma narrativa que perdura em consistência e qualidade até hoje - oscilando entre o mediano e o incrível, mas que complementam o todo de forma que poucas obras (especialmente Shonens) se equiparam. É comum vermos um personagem apresentado aqui reaparecer de forma significativa e coerente 400 episódios (ou 40-50 volumes) no futuro. Isso em termos de tempo e lançamento, representam um espaço de 10 a 15 anos.




Acredito que unanimemente cada fã de One Piece possua sua teoria sobre o tesouro jamais revelado, e por talvez tantas teorias também terem sido reveladas e cumpridas ao longo dos anos por Oda, nós como fãs não nos sentimos traídos/enganados narrativamente por teorizar tanto. Não há furos grotescos ou Deus Ex-Machinas que tirem os méritos da obra ou nos fira como leitores/telespectadores.


Vale a Pena?


Com certeza em algum momento você já ouviu alguém dizer que o anime começa a ficar bom a partir de determinado episódio lá na frente. Seja a partir do episódio 30, 200 ou 800. 

Em certa medida o receio não é infundado, ao menos não se tratando de uma obra de quase 3 décadas e 1100 episódios. É possível afirmar com certeza que há uma melhoria na animação nos episódios mais recentes, mas a verdade é que a obra é interessante e impactante desde o seu principio - não se apegando em explicar suas estranhezas em nenhum momento e reservando seus maiores segredos e para o momento que o autor assim achar melhor.



Na segunda parte eu falarei da narrativa destes 61 episódios. Neste menciono os dois momentos mais impactantes de Romance Dawn. 


Episódio 1.

No icônico primeiro episódio temos a apresentação de Luffy. Um menino que sai de um barril e conhece Koby, um garoto de 15 anos cujo sonho é ser um marinheiro. Koby praticamente sequestrado vive há 2 anos no navio da pirata Alvida, "a mulher mais linda dos mares". 

Koby encontra em Luffy a determinação que falta nele mesmo, e a coragem de seguir seus sonhos - Luffy por outro lado enxerga o sonho de Koby como um objetivo valoroso e que merece respeito, embora diretamente antagônico ao de Luffy, ser o famigerado Rei dos Piratas.




Episódio 4. 

Oda não costuma revelar o passado ou mesmo pensamentos dos personagens entre si. Luffy pouco sabe (pra dizer nada) sobre o passado de seus amigos, ele os ama e os protege pelo que eles, admitindo inclusive que alguns deles não são fortes ou capazes de se protegerem sozinhos. Neste episódio vemos o passado do protagonista. 

No navio de Shanks, o Ruivo, o pequeno Luffy fere sua bochecha acreditando que isso fará aqueles homens o enxergarem como alguém bravo e capaz de fazer parte do bando. Mais tarde no bar de Makino ainda choroso Luffy presencia algo que para ele é altamente desonroso: um Bandido das Montanhas, Higuma afronta Shanks jogando álcool no pirata e quebrando uma garrafa e os copos em cima do pirata que Luffy tanto respeita. 

Shanks por sua vez, ri e desdenha da atitude de Higuma junto ao seu bando após a saída do bandido. Isso leva Luffy a se enfurecer e a comer uma fruta estranha num baú.

Tudo que vemos dos poderes do protagonista se deu porque num breve momento de frustração e fome o garoto roubou uma fruta.

A fruta no entanto se trata de uma Akuma no Mi, um fruto amaldiçoado que da características absurdas aos seus portadores, mas retira sua capacidade de nadar. Frustrado Luffy encontra Higuma e o desafia pela honra de Shanks - o desonrado bandido humilha Luffy em frente aos moradores da vila e promete o matar. Antes que Luffy possa de fato correr algum perigo, Shanks e sua tripulação aparecem. Uma arma é apontada para Shanks que despreocupado profere: 


"Já que sacou a arma, deve estar disposto a pôr sua vida em risco. Armas não são para ameaças, são para ações!"


Imediatamente um de seus tripulantes Lucky Roux o protege atirando sem hesitar. Luffy ainda nas mãos de Higuma é sequestrado e levado a alto-mar, em seguida é jogado para a morte. Luffy se afogando e frustrado por não ser capaz de enfrentar o bandido imediatamente vê Higuma sendo morto por um Rei-dos-Mares que em seguida o ataca. A cena troca e vemos Luffy chorando nos braços de Shanks que o salvou, porém não sem um alto custo - Shanks sacrificara seu braço dominante para salvar Luffy e o ensina uma valiosa lição: nada naqueles mares virá sem um alto custo.



É chegada a partida de Shanks. Luffy declara que não quer entrar mais no bando do ruivo, mas que encontrará seus próprios companheiros e se tornará um pirata tão valoroso quanto Shanks. O pirata entrega ao garoto o icônico Chapéu de Palha e nos deixa com a seguinte frase: 


"Quando você se tornar um grande pirata... No futuro, você vai devolver este chapéu para mim!"


Algo que marca Luffy e nós os leitores e nos mostra como Oda é desde sempre capaz de nos fazer idealizar um objetivo apenas com o diálogo e interação de dois personagens e um fundo em branco.





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