Um filme de predador anti-herói sendo a caça.
Dan tratchenberg quando entrou na franquia pela primeira vez com o filme “Predador: A Caçada”, ninguém dava nada para um indivíduo que não tinha tantos trabalhos anteriores a não ser Rua Cloverfield, 10, que é excelente, no fim das contas o filme foi ótimo e botou a franquia nos radares novamente, então vemos a animação Predador: Assassino dos Assassinos e somos mais uma vez surpreendidos com uma animação violenta e antológica explorando núcleos da história de uma forma divertida. Mas a atração era o vindouro Predador: Terras Selvagens, filme que seria “diferente” da régua que foi criada para franquia, é que assim como Noah Hawley fez com a série Alien: Earth, subvertendo o público com uma trama mais humana e menos Xenomorfos para ser explorar, aqui temos a mesma coisa, se ficou bom, bem, é o que eu te direi agora.
A história conta com Dek (Dimitrius Schuster-Koloamatangi) um jovem Yautja treinado pelo seu irmão mais velho Kwei (Mike Homik) apesar do ódio de seu pai, Njohrr (Reuben De Jong) querer matá-lo por ser o mais fraco do seu clã, Dek acaba sendo catapultado para o planeta Genna onde, para provar seu valor, precisa caçar um Kalisk, criatura que é como o Santo Graal dos Yautjas, o protagonista acaba conhecendo Thia (Elle Fanning) uma androide da Weyland-Yutani que se junta a essa aventura de sobrevivência a um planeta perigoso.
O diretor, novamente, se recusa a fazer o repetido na franquia, ao invés de um Predador caçador de humanos num terror de sobrevivência e torcendo para o bicho se dar mal, aqui temos o que vai irritar muita fãs puristas das franquia, um filme de ação blockbuster divertido com muita ação e toque de comédia de amigos, quase um Buddy cop, só que sem o outro parceiro tendo tanto destaque, e também misturado numa jornada do “herói” sobre seu amadurecimento ao longo da película, tá bom ou precisa dizer mais alguma coisa? Sei o que estão pensando, Disneyficaram Predador? A resposta é, mais ou menos, mas de uma forma boa e inteligente, inclusive bem inteligente, temos um filme cheio de ação praticamente todo o filme, é bem violentas, claro, você não verá tanto sangue vermelho aqui mas a jogada de fazer um mundo inteiro alienígena com criaturas de sangue fluorescentes para burlar a classificação e deixa lá baixa (outro feito na franquia, primeiro filme pg-13) e assim poderem fazer sequências de ação 24 horas sem parar, com direito ao nosso protagonista levando surras colossais que chegam a dar pena, mas essenciais com o arco de desenvolvimento desse yaultja jovem, longe de ser o mais complexo, mas que acaba se formando um personagem com muita personalidade pelo que viu ao decorrer da história.
Entre várias pancadaria e outras, o que mais chama a atenção é a dinâmica entre Dek e Thia, ambos encontrando um meio termo em suas “programações originais” e aos poucos convergindo para construir os inevitáveis e mais do que esperados laços de respeito e amizade que, não tenham dúvida, são estendidos ao tal símio de carapaça que, garanto, é mais do que apenas um “bichinho fofinho” (e nem fofinho ele é) Há humor sem exageros e há a relativização daquilo que se convencionou esperar de um Predador, até porque nunca um Predador foi protagonista e não poderia ser tratado como uma silenciosa e solitária máquina de matar o tempo inteiro, aliás, é difícil entender como eles se desenvolveram tecnologicamente tão bem sendo tão isolacionistas.
Aliás a produção faz uma excelente composição aqui ao fazer Dek ter expressões faciais complexas aqui diferentemente dos famosos gritos e berros que a raça costuma ser apresentada, criada pelo mesmo criador da língua dos Na'vi de “Avatar”, pois aumenta a densidade dramática dramática caçadores nesse filme, tornando ótimo para se trabalhar uma raça alienígena não muito convencional como essa de forma crível e que nos importamos com o Dek. Já Thia, Elle Fanning acerta o tom de sua personagem logo de cara, ou seja, é a parceira que começa insuportavelmente chata, mas que não demora a ganhar contornos mais relevantes do que ser a falastrona que preenche os momentos de silêncio com curiosidades da Rádio Relógio, com a justificativa para a escolha de uma androide e não uma humana para fazer par com o Predador está perfeitamente inserida no roteiro.
Se você se importa com CGI, não se preocupe que acho que você não vai achar defeitos aqui, tudo muito bem feito, a menos que você seja extremada chato e procure o mínimo defeito possível, mas garanto que não há nada nível The Flash, aliás a franquia sempre tentou evitar o uso exagerado de CGI e aqui é o que se deve ter tido mais nesse quesito, embora perfeitamente equilibrados pelos efeitos práticos ótimos que se via desde A Caçada. E a trilha sonora continua sendo um primor, com lampejos heroicos, dramáticos e até com toques de terror nela muito bem feitas.
Conclusão: Ótimo, Dan tratchenberg retorna com a franquia ao topo novamente com a missão de revigorar uma propriedade audiovisual que estava praticamente morta pelo desgaste do tempo e da repetição, justificando esse renovado interesse pela fascinante criatura surgida nos anos 80. A diversão é garantida, assim como a pancadaria ininterrupta, mas Dek não é mais um alienígena monomaníaco recortado em cartolina e isso precisa ser compreendido e aceito se a intenção for apreciar Predador: Terras Selvagens.
Nota: 8,5
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