O quarto episódio de Bem-vindos a Derry mantém o clima de tensão crescente da série, mas entrega essa atmosfera de forma mais contida e introspectiva. Enquanto episódios anteriores se apoiaram em revelações e cenas de impacto, aqui o ritmo desacelera mesmo tendo a cena mais pesada da saga “IT” incluindo os filmes, que é a cena Marge cortando os próprios olhos, mas esse EP foi para aprofundar personagens e alinhar peças importantes da narrativa, o que funciona.
A grande
força do episódio está no modo como ele explora os traumas silenciosos que
permeiam a cidade. A sensação de que algo maligno pulsa por baixo da rotina
aparentemente comum de Derry é reforçada por pequenas pistas e interações
carregadas de inquietação. O roteiro investe em construir um desconforto
psicológico mais sutil, deixando o terror explícito em segundo plano, mas nunca
ausente. outro ponto forte foi mostrar mais dos poderes do Dick Hallorann, mostrando que também pode ler mentes.
Ainda assim, o episódio sofre com certa irregularidade.
Em alguns momentos, a trama parece hesitar entre avançar a história ou
prolongar mistérios já estabelecidos, o que pode causar a impressão de que
parte do potencial emocional ou narrativo está sendo guardado para depois. Não
compromete a experiência, mas tira um pouco da intensidade que marcou os
primeiros episódios.
Tecnicamente, o episódio segue impecável: fotografia
sombria, enquadramentos opressivos e uma trilha que sussurra mais do que
anuncia. As atuações continuam sólidas tirando de um personagem em si, mas vou
dar mais tempo a ele antes de criticar.
A única
parte fraca do episódio, em minha opinião, é a forçada de barra em relação à
Charlotte Hanlon. Ela não é advogada nem nada do tipo, mas começa a investigar
um caso, confrontar a polícia e até criar estratégias de defesa. Achei tudo
isso totalmente desconexo, parecendo apenas uma tentativa de dar alguma
relevância para a personagem na série.
No fim, o
Episódio 4 funciona como uma ponte explicando toda historia do Pennywise e mostrando a sua com relação com a tribo indigena. Não é o mais assustador da série, nem o
mais revelador, mas cumpre bem seu papel de preparar terreno para eventos
maiores. Combinando inquietação, desenvolvimento de personagens e uma atmosfera
cada vez mais densa, ele mantém o espectador preso, ainda que pedindo um pouco
mais de ousadia.
Um episódio competente e necessário, ainda que não
tão memorável
Nota: 7,5/10

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