Alien Earth mostra que a franquia não é apenas os Xenomorfos o que dá para ser explorado neste universo.


🚨🚨POSSIVEIS SPOILERS!!🚨🚨

Noah hawley não falha, se tem alguém que se desafia ao tentar fugir de obviedades constantes, mesmo que talvez vá desagradar a maioria das pessoas (as acomodadas) num conceito só, vejam, eu adoro Alien, o primeiro é uma obra sem igual, assim como o Aliens, que é diferente a sua maneira e é tão bom quanto o anterior, a franquia decaiu não só por experimentações sem sentido em conceitos esquisitos ou apenas um roteiro fraco tentando replicar o que fizeram no primeiro filme, nem Ridley Scott escapou do conceito falho que ele mesmo criou para a franquia, com Prometheus e Alien Covenant.


A respirada, pelo menos, demorou décadas, com Alien Romulus voltando a uma estaca mais terror com horror e muita violência, o que foi eficiente para reacender a chama necessária a franquia nos cinemas, mas vamos concordar, eles fizeram o básico, o que é bom, mas eu sei que dá para explorar mais do que isso, e de forma mais interessante do que a idiotice de seres mega avançados como nossos criadores e blá-blá-blá.


Alien Earth apresenta Wendy (Sydney Chandler), uma robô sintética com a consciência implantada de uma criança com doença terminal que descobre que pode se comunicar com Xenomorfos, além dela, outras crianças que se transformaram em sintéticos participam de um mistério que assola a corporação responsável por elas sobre uma vida alienígena ameaçadora.

A série conseguiu fazer algo diferente e entregou uma obra que mantém os xenomorfos praticamente em segundo caso, por vezes até como figurantes, introduzindo novas e fenomenais criaturas alienígenas e mantém em destaque os verdadeiramente grandes antagonistas da franquia: a arrogância humana e o ego incontrolável das corporações, muito bem escrito aliás, com personagens que estão longe do superficial, até mesmo o Garoto Prodígio (Samuel Blenkin), chefe da Prodigy, um personagem extravagante que você olhando pode achar besteira, mas a direção o executa de forma tão boa que acaba caindo nos encantos do gênio fã de Peter Pan.

Prodigy, aliás, é umas das grandes corporações da Terra, que substituíram o velho governo e agora comanda várias partes do mundo com suas megacorporações, e claro, a Weyland-Yutani está nesse bolo sendo a principal encrenca dos acontecimentos na série, Noah Hawley ele precisou se desafiar e apresentou um cenário que quase sequer nunca foi explorado na franquia, nosso planeta Natal, aliás, um acerto a forma como é idealizada o planeta Terra com cidades beirando a tecnologia e ao retrô semelhante ao Alien 1, um trabalho de design incrível.


A ética e moralidade que as crianças são postas sobre o que é ser humano é muito interessante, e vai além do que simples imortalidade, diálogos que não beiram o expositivo mas também não é aquele negócio totalmente pagador de cult que se enche as orelhas de tão sem profundidade que poderia ser, tudo aqui é natural, e ajuda no desenvolvimento dos personagens.


Wendy por exemplo, é especial e não demora a desenvolver habilidades que não haviam sido codificadas em seu corpo sintético, o que lhe permite acesso a máquinas e aos xenomorfos, o que lhe abre o caminho para virar o jogo. Se seus mestres humanos a usam como um produto, então ela usará o xenomorfo como sua arma e uma criança imortal de 13 anos ganha a percepção de que ela é ao mesmo tempo menos e mais do que era quando estava doente. Some-se a isso a tentativa de a Weyland-Yutani, representada pelo ciborgue Morrow (Babou Ceesay), que chegou na Terra na mesma nave que foi caída na cidade controlada pela Prodigy, de reaver suas criaturas e pronto.


O trabalho de atmosfera é brilhante, o melhor episódio que representa bem isso é o 5  sendo uma bela reconstrução do terror que a franquia nasceu, em uma intensidade tão ameaçadora que você fica na cadeira nos momentos até mais calmos dos episódios, isso ajudado com o fato da direção inspirada e uso de computação gráfica nas criaturas de forma bem feita sem exageros.


Conclusão: uma temporada ótima, claro, sem ficar longe de defeitos, como algumas cenas longas em demasiado e talvez o episódio final meio decepcionante deixem a desejar para mim, mas como um todo, Hawley pula o óbvio e o básico e entrega o inspirado e fascinante, mesmo que isso não vá ser bem recebido de imediato, me resta torcer para que não acabe por aqui  pois quero muito mais, com certeza.


Nota: 8,5

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