O terceiro episódio da nova temporada de Pacificador é, em essência, um espelho distorcido, brilhante na superfície, mas profundamente perturbador quando olhamos de perto. James Gunn, como de costume, subverte expectativas ao mergulhar o público num universo paralelo que parece promissor.

O paraíso onde tudo parece certo, até demais

Chris Smith acorda em um mundo onde tudo deu “certo”. Sua equipe o idolatra, seu irmão está vivo e sorridente, e ele finalmente é o herói que todos celebram sem questionar. Mas esse mundo perfeito tem um defeito claro: ele foi feito para confortar, não para desafiar. É um espelho narcisista e soa como uma armadilha.

A crítica social é sutil, mas polemica. Não há diversidade visível nesse universo alternativo, em todo episodio nesse universo você não vê pessoas negras, não há espaço para debate, ambiguidade ou culpa. É um lugar onde o "herói" se encaixa perfeitamente, não por mérito, mas por alinhamento com uma ordem supostamente superior. É uma distopia pintada com as cores do paraíso.

A cena de combate no quartel dos Sons of Liberty é absurdamente estilizada, em um bom sentido. John Cena, mesmo sem o capacete icônico, entrega brutalidade com carisma cômico. A violência continua sendo uma linguagem central em Pacificador, e aqui ela é usada como forma de deslocamento narrativo enquanto o mundo alternativo tenta suavizar tudo, Chris volta à brutalidade como um lembrete de quem ele realmente é.

A série não se esconde atrás do choque, ela o usa como espelho da natureza interna de Chris. O homem é o mesmo, esteja em um mundo de sonho ou de pesadelo.

Esse episódio levanta uma questão poderosa que me deixou em duvida se o Pacificador  quer se redimir ou apenas encontrar um lugar onde seus erros não importem? O universo paralelo é tentador porque permite que ele evite o crescimento, permite que ele continue sendo o mesmo, mas aplaudido por isso. A grande ironia é que esse “mundo ideal” não exige transformação, só submissão.

OPINIÃO SOBRE O EP:

Eu gostei do uso inteligente do universo paralelo como crítica à idealização do herói, que trouxe uma reflexão sutil, mas potente, sobre ideologia, pertencimento e auto-engano. O retorno emocional de Rick Flag Jr. reabriu feridas importantes. O episódio mostra que a série não é apenas sobre piadas sujas e tiros na cabeça, e sim sobre um homem lutando para saber se merece ser melhor... Ou apenas ser aceito do jeito que é mesmo que isso custe tudo.

Agora, falando no geral, o único problema é que a fórmula de James Gunn talvez já esteja me cansando. Todo filme ou série tem a mesma premissa: o bonitão imaturo, a patricinha durona, a equipe engraçada e o animal engraçado. Isso vem desde Scooby-Doo e segue sendo assim, a equipe de desajeitados, banda de rock, problemas paternos, piadas com sexo e nádegas.

Outro ponto: não entendo onde ele quer chegar dando tanto protagonismo ao Pacificador. Será que o personagem realmente merece toda essa atenção? Tenho minhas dúvidas.

NOTA: 08/10

 

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