Início da segunda temporada indica que a fadiga de super-heróis também chegou ao universo de “The Boys”.

The Boys” é uma das séries mais populares da atualidade, sendo uma das adaptações de quadrinhos mais queridas do público e um sucesso estrondoso da Amazon Prime Video. É claro que com esse sucesso, diversos derivados da série principal estariam em produção, sendo “Gen V‘, uma série focada em uma escola para jovens heróis, a primeira grande a ser lançada em 2023. O trio por trás da série principal, Eric Kripke (Supernatural, O Mistério do Relógio na Parede), Seth Rogen (O Estúdio, Invencível) e Evan Goldberg (É o Fim, Superbad: É Hoje), retornam para comandar mais uma temporada do derivado, lançado dois anos após a primeira.

Voltamos enfim a esse núcleo depois de pequenas pinceladas e participações especiais na 4ª Temporada de “The Boys”, com o grupo principal sendo traído por Cate (Maddie Phillips) e Sam (Asa Germann), aprisionando eles em uma prisão misteriosa. A temporada abre com eles já sendo liberados depois de um tempo presos, para descobrir que as coisas não estão nada boas desde que eles foram presos.

A protagonista Marie Moreau, vivida pela ótima Jaz Sinclair (O Mundo Sombrio de Sabrina), continua pra mim sendo a melhor coisa desta série. Desde o começo sua jornada é a mais fascinante e impossível de não cativar, seus poderes são interessantes e criativos, e sua personalidade forte a fazem a mais durona dentro da trama. Ela agora está tentando desmascarar a verdade por trás da escola, e acaba voltando aonde mais temia: Seu passado, a morte trágica dos pais que ela causou por acidente e a sua irmã, que não vê desde a infância.

O trágico falecimento do ator Chance Perdomo (O Mundo Sombrio de Sabrina, After: Depois do Desencontro), que interpretou o personagem Andre Anderson, foi um choque em 2024, visto que ele sofreu um acidente de moto á caminho para a leitura de roteiros da 2ª Temporada. Como Andre era um dos protagonistas, sua falta foi óbvia para o segundo ano, com eles reescrevendo os roteiros para mudar o destino dele e realocar diversas tramas. E apesar da tragédia, é nítido na narrativa que esse personagem acabou fazendo muita falta para a história.

De cara, a pior coisa da temporada até agora é a sensação de “comida requentada” que ela nos dá. Parece que tudo está sendo reciclado da primeira temporada, e até personagens que avançaram regridem para os mesmos arcos. Cate e Sam escolheram um lado na temporada passada e até se juntaram ao Capitão Pátria (Anthony Starr) e a Vought, fazendo atrocidades por pura vontade própria em “The Boys” sem qualquer remorso, para agora do absoluto nada mudarem completamente de personalidade e começarem a questionar seus atos?? Nos primeiros 3 episódios da temporada?? Parece que a série é incapaz de seguir com suas decisões e precisa ficar correndo em círculos reciclando esses arcos. 

Nos deparamos com mais mistérios, coisa que era o centro da primeira temporada, sobre suas origens misteriosas e os objetivos por trás da escola e daqueles que a regem. Enquanto a primeira temporada tinha bons twists e mistérios (como o da floresta) e já no primeiro episódio te deixar bem curioso pra saber onde tudo isso ia parar, aqui eles parecem mais superficiais e desinteressantes, e como eu disse, tirando a jornada de Marie e como seu passado está ligado a isso tudo, todos os mistérios parecem superficiais e sem qualquer graça nessa temporada.

O elenco apesar de tudo continua tendo carisma e segurando bem os seus papéis. Além de Sinclair, os personagens Jordan Li (London Thor e Derek Luh) e Emma Meyer (Lizze Broadway) tem desenvolvimentos interessantes, enquanto Polaridade (Sean Patrick Thomas) ganha um papel surpreendente e significativo na trama, tomando o espaço de seu filho, Andre, nas investigações e batalha contra a instituição. Ele é também um dos poucos personagens que agregam e tem realmente uma função nesses episódios.

O mais novo vilão da temporada, vivido pelo subestimado Hamish Linklater (Missa da Meia-Noite, A Grande Aposta) é uma adição interessante para a temporada. Mesmo ele não provando ao que veio ainda, ele tem uma presença ameaçadora e mostra estar no controle de tudo, mesmo na superfície parecendo ser mais um vilão/cientista genérico.

É claro que as participações especiais são um grande requisito para as séries de heróis, e não podiam faltar aqui. Temos rápidas aparições a Estrela-Luz (Erin Moriarty), Profundo (Chace Crawford) e até mesmo a Espoleta (Valorie Curry). Como virou padrão nessas séries, elas não têm grande impacto real na história, e são mais acenos para os fãs. Normalmente são inofensivas e até legais, mas quando a história em si já não oferece nada, elas acabam deixando um gosto mais amargo por ocuparem espaço que poderia ser cedido para trabalhar melhor a trama ou personagens de maneira orgânica.

Já os diretores Steve Boyum (Black Sails, The Old Man) e Karen Gaviola (Sombra e Ossos, Paper Girls), que comandam os três episódios fazem um trabalho razoável, e apesar de não saberem trabalhar bem com alguns efeitos especiais (os raios lazers infelizmente continuam parecendo terem sido feitos no After Effects por estagiários), as cenas de ação são surpreendentemente boas, sabendo utilizar bem os poderes dos personagens e criando momentos legais (for o choque causado pela violência extrema da franquia que ainda tem seu charme).

Os comentários políticos “ácidos” continuam extremamente presentes na série, visto que eles são a marca registrada de “The Boys”. Mas isso é outra coisa que tem cançado demais, principalmente na abordagem satírica que eles fazem. Não sei se isso é uma coisa particular minha, visto que a maioria das piadas perderam a graça já que o nosso mundo se tornou ainda mais verossímil com as sátiras da série, que não me encanta mais e só servem pra encher linguiça.

Com a revelação que Jordan faz ao público e Marie continua tentando se reaproximar da irmã, é esperado que deve haver uma cisão agora entre os estudantes em dois grupos, aqueles que seguem a doutrina do diretor e do Capitão Pátria, e aqueles que vão querer seguir o caminho da Luz-Estrela. Parecendo mais uma repetição do que vimos até agora nas temporadas de “The Boys” e no próprio “Gen V”.

A 2ª Temporada de “Gen V” chega mostrando um cansaço deste universo. Com tramas pouco interessantes e uma repetição de tudo que vimos no primeiro ano, a impressão é que eles não tem muito o que agregar ou fazer com esses personagens. Talvez seja uma coisa boa que a série principal vai ser encerrada ano que vêm, mesmo com vários derivados estando em desenvolvimento para os próximos anos.

Nota: 5.5

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem