O Fórum Nerd foi convidado a conferir o filme “A Única Sobrevivente” em uma cabine de imprensa à convite do Adrenalina Pura+.

‘Odna’, traduzido como The One e A Única Sobrevivente é um filme russo lançado originalmente em 2022. Dirigido por Dimitriy Suvorov, temos recontada aqui a história real de Larisa Savitsky, interpretada por Nadezda Kaleganova, e que foi a, bem, única sobrevivente em um acidente de avião ocorrido na União Soviética no começo dos anos 80. Em uma história que mistura romance, sobrevivência e até missões secretas governamentais, somos jogados em uma obra que, infelizmente, perde muito de seu gás na parte final.


A primeira palavra que pode ser facilmente usada para descrever o filme é amarelado. Bem amarelado. E não como aquele infame amarelado sujo muito “conhecido” por ser usado em produções Hollywoodianas em representações de lugares mais à costa e ensolarados, a exemplo Miami, ou já descendo um pouco mais para o México. Não desse tipo, mas sim um que tenta ressaltar muitas cores, quase como um brilho, ao mesmo tempo que incomoda em seu exagero.


Apesar do pouco tempo de filme, é fácil inferir que essa estética seria trabalhada na dualidade entre as memórias mais afetivas da protagonista e a realidade selvagem que à afronta após o acidente de avião apresentando tons mais escuros e azulados, e isso é muito bem exposto na forma que a narrativa é estruturada. Após o acidente de avião, sequência principal dos primeiros minutos, não somos jogados diretamente nos perigos vividos por Larisa e sim transportados de volta à um tempo anterior, onde a história explora mais de perto a relação amorosa entre ela e seu noivo, Vladimir.


Em meio à esses momentos de memórias, vamos conhecendo um pouco mais da direção de Suvorov, que incorpora uma tremenda dinamicidade, principalmente na cena do avião, com a câmera indo e voltando, acompanhando os diversos pedaços desvencilhando, e as transições genuinamente criativas. Contudo, ainda é possível encontrar um ar meio barato no jeito que o filme é gravado, principalmente em uma sequência meio videoclipe que tira um pouco o espectador da experiência. Ainda sim, aqui ainda temos o ápice do que o filme tem de tratar, ao realmente vermos o final dessas memórias conectando-se com a situação real da protagonista, numa cena meio metalinguística bem genuína e criativa, assim dando passagem para a “verdadeira história”, se é que é possível definir assim.


A partir dai, o filme, essencialmente é dividido em duas histórias: A da protagonista tentando sobreviver à qualquer custo, ao mesmo tempo que procura ajuda, e uma sobre um agente do governo soviètico responsável por “encobrir” o acidente, ao mesmo tempo que investiga a natureza real dos acontecimentos. E bem por esse ponto é possível descrever uma queda de qualidade significativa. De começo, é interessante ressaltar como tudo que tange as seções focadas em Knyazev (Viktor Dobronravov), o tal agente russo, são simplesmente desinteressantes de se acompanhar, tal como o próprio personagem, uma sequência feita para termos uma exposição das circunstâncias em que ocorreu o acidente, e futuramente o resgate da protagonista, tentando, de forma pífia, forçar um momento emocional ao final, quando envolve a mãe de Larisa.


Além disso, não há espaço para discutir a veracidade das situações ocorridas por Larisa, esse não é um ponto, mas existe uma sensação de que, devido toda a “pressão” de se inspirar por uma história real, é como se o filme batesse em uma espécie de teto narrativo, fazendo com que toda a segunda metade fosse feita de momentos arrastados, e em geral só mantendo uma sensação de repetição para poder encher as quase 2 horas de filme, que são muito carregados pela atuação Nadezhda, genuinamente passando o sentimento de desespero e falta de esperança, contrastando com as memórias felizes e acolhedoras de Vladimir em sua mente.


Em geral, A Única Sobrevivente tem uma história interessante, mas fica encapsulada em meio à sua própria proposta, e em segmentos quase descartáveis, e um meio para final arrastado, porém, pelo menos tenta compensar isso com um pouco de criatividade em sua direção e fotografia.



NOTA: 4,5


Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem