Crítica | Wicked - Parte 1 (Universal Studios,2024)

 Com humor, músicas e bastante emoção, a primeira parte da adaptação do musical da Broadway entrega um dos blockbuster como muito charme.

Baseado no romance escrito por Gregory Maguire de 1995, o musical Wicked veio a se tornar um grande sucesso da Broadway desde sua estreia em 2003, servindo de certa forma como um prelúdio do clássico conto de O Mágico de Oz que ao mesmo tempo conta a trágica história de amizade entre a Bruxa Má do Oeste e a Bruxa Boa do Sul através dos seus pontos de vista até então desconhecidos pelo público. 

Agora em 2024, o primeiro ato do musical foi trago pela Universal Studios com a direção de Jon M. Chu (Em um Bairro de Nova York) e estrelado por Ariana Grande (Brilhante Vitoria) e Cynthia Erivo (Harriet - O Caminho para a Liberdade) em um novo blockbuster dividido em duas partes que também se mostra ser uma das maiores surpresas para o público neste final de ano. 

Ariana Grande como Glinda e Cynthia Evo como Elpheba em "Wicked - Parte1"

A muito tempo na mágica terra de Oz, Elpheba (Cynthia Evo) passou sua vida inteira sendo menosprezada por ter nascido com a pele verde mesmo demonstrando um grande potencial mágico, isso até ela ser matriculada na Universidade Shiz onde conhece Galinda (Ariana Grande), uma patricinha mimada mas que também possuiu ambições de se tornar uma feiticeira. Com várias tramas envolvendo animais perdendo a capacidade de falar, possíveis romances e claro, muitas musicas envolvidas, as duas acabam formando um amizade improvável que resultará em sua ida para conhecerem o grande Mágico de Oz (Jeff Goldblum).

Universidade Shiz

Não é segredo que o público leigo costuma ser muito crítico do gênero de filmes musicais mesmo essa sendo a proposta. Durante sua sequência de introdução, Wicked pode parecer uma experiência questionável onde seus personagem irão começar a cantar por qualquer motivo, mas no instante em que a história realmente se inicia, sua narrativa começa a ficar mais envolvente e também é possível notar a criatividade por traz de seus seguimentos com musicas.

Cynthia Erivo como Elpheba 

De um lado temos Elpheba que possui boa parte do protagonismo. A decisão de terem escalado uma atriz negra para o papel, mesmo com o uso de maquiagem, se mostrou uma escolha inteligente muito por causa da forma como a personagem é tratada no filme e como isso pode mimicar os preconceitos do mundo real. Toda a jornada que nos faz simpatizar com a Bruxa Má do Oeste é feita de uma maneira impressionante já que ela ainda consegue coincidir com os eventos de "O Mágico de Oz", mas o que realmente se destaca na protagonista é a performance de Cynthia Erivo durante os números musicais com sua voz capaz de até mesmo causar arrepios em momentos de maior emoção. 

Ariana Grande como Glinda

Por incrível que possa parecer, Ariana Grande também entrega uma excelente atuação cômica que casa perfeitamente com a proposta de sua personagem. Galinda, ou Glinda como muitos passam a conhece-la é a típica garota popular egocêntrica e pouco inteligente que já foi vista em vários outras histórias de colegial como "Garotas Malvadas" e "High School Musical", porém, Grande adiciona uma camada de ingenuidade na futura Bruxa Boa do Sul que a torna mais carismática e divertida. E como era de esperar, sua cantoria também é um dos pontos altos do filme.

O filme adapta apenas o primeiro ato do musical da Broadway em cerca de 2 horas e 40 minutos, deixando o restante da história para segunda parte que virá apenas no final de 2025. Embora esta seja uma duração um tanto longa só para mostrar o desenvolvimento de Elpheba e Glinda, também são incluídos outros subenredos engajantes envolvendo o desaparecimento dos animais falantes de Oz e o baile da Universidade Shiz que ajudam o tempo a passar despercebido por pelo menos boa parte da experiência.

Todas as musicas do primeiro ato do musical tais como "Popular" "What Is This Feeling" e a icônica "Defying Gravity" são adaptadas da forma mais fiel possível no filme com o charme de suas estrelas principais, mas o que realmente fazem esses seguimentos funcionarem tão bem é a forma como eles ganham proposito por ajudarem a historia a ser contada e por expressarem os desejos e as emoções de seus personagens. Curiosamente, como adaptação de "O Mágico de Oz", o filme também segue mais elementos do livro clássico de 1900 do que da primeira releitura cinematográfica de 1939. 

A Bruxa Má do Oeste e a Bruxa Boa do Sul

A primeira parte de "Wicked" é uma experiência musical única e diferenciada feita em alta escala que se destaca pela sua produção, história e principalmente pelo charme de suas protagonistas e seu grande elenco. Trazendo um novo ângulo de "O Mágico de Oz" à ser conhecido por um público mais amplo e abrindo o terreno para uma continuação que promete trazer alguns novos elementos e concluir outras pontas soltas. Se o filme tem chances nas premiações ainda é cedo para dizer, mas como experiência cinematográfica, ele se mostra uma boa aposta. 

Nota: 8/10