Episódio final sementa o Pinguim de Colin Farrell como um dos melhores e mais cruéis vilões de quadrinhos já adaptados para as telas.
As verdades vêm à tona enquanto a luta pelo poder entre Oz e Sofia alcança um ponto crítico.
Depois de ser sequestrado, Oz (Colin Farrell) é levado para a sua mãe, que confronta ele junto de Sofia (Christin Milioti) sobre a morte de seus irmãos. Logo de cara temos uma incrível sequência de flashbacks pela perspectiva dela, mostrando que ela sempre soube o demônio que seu filho era, cogitando até mesmo matar ele ainda criança. E essa escolha de mostrar esses flashbacks utilizando a atriz mais velha foi brilhante, dando um ar diferenciado para toda a cena.
O trabalho de Deirdre O'Connell (Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, Demolidor) como Francis Cobb já era excelente, mas aqui ela brilha e exacerba todos os tipos de emoções, desde a raiva, confusão e até arrependimento. É chover no molhado, mas todo o elenco desta série merece todos os elogios e prêmios possíveis.
Com sua mãe em coma após o derrame, resta para Oz “cuidar dela” enquanto ela sofrerá pelo resto da vida. Uma relação doentia e distorcida de mãe e filho, outra característica muito remanescente de “Sopranos”, uma das maiores séries de todos os tempos da HBO que foi uma das inspirações para “Pinguim”.
Oz, como sempre, é uma raposa ardilosa que até nos momentos de maior perrengue consegue contar com a sorte. Da mesma forma que ele manipula Vic ao longo da série com um discurso sedutor de poder, consegue virar a mente dos tenentes dos grandes chefões do crime para traí-los e tomarem o poder, sendo essa a grande causa da ruína de Sofia.
Por fim, Sofia recebe um destino pior que a morte: Ser jogada mais uma vez no Asilo Arkham, que é o seu inferno pessoal. Totalmente derrotada, abandonada e sem qualquer perspectiva de sair de lá. Tudo muda com a chegada de uma carta de Selina Kyle (Zoe Kravitz), que dá indícios de um possível retorno da personagem em um projeto futuro, já que ela agora terá a sua meia-irmã para apoiá-lá.
E é claro que temos o momento mais destruidor de toda a minissérie: a morte de Victor (Rhenzy Feliz). Vic e Oz são uma dupla baseada na manipulação e afeto, e mesmo o garoto tendo ajudado cegamente ele por toda a sua trajetória ao poder, ele ainda o descarta, em uma cena poderosa onde sufoca ele na beira de um lago. E mesmo ele estando visivelmente triste, ainda faz sem o menor remorso, e a cereja no topo é o momento em que ele rouba o dinheiro na carteira de Vic. Uma construção perfeita e fascinante de um vilão odiável do Batman.
Esse ato de Oz pode ser chocante à primeira vista, mas é algo que casa com o seu personagem. Com sua ascensão, Vic representava não só alguém importante para ele que seria vulnerável, como era alguém que sabia toda a sua trajetória e podres. E como vimos, os tenentes são os próximos na linha de sucessão. Estava telegrafado o destino do pobre garoto, e só serviu pra provar como o vilão vivido magnificamente por Colin Farrell (O Lagosta, Os Banshees de Inisherin) é cruel.
Por ser o episódio final, talvez esperava-se grandes sequências de ação explosivas cheias de tiroteios e momentos épicos E bom, não temos nada disto (ou quase). Até existe uma cena de ação envolvendo a fuga do Pinguim, mas o episódio toma a decisão de focar no drama e suspense que cerca os personagens, mais um grande acerto da roteirista e showrunner Lauren LeFranc (Agentes da Shield, Hemlock Grove) que vêm fazendo um trabalho excepcional. Um destaque positivo também para a direção de Jennifer Getzinger (Mad Men, Westworld), que cria alguns enquadramentos lindos como o momento final entre Sofia e Oz.
O ritmo e edição do episódio são um pouco corridos, e tudo se resolve muito rápido e deixa umas lacunas que poderiam ser preenchidas com mais detalhes. Sem falar na presença (e sumiço repentino) do Dr Julian (Theo Rossi), que é o personagem mais descartável e desconectado da série. Esses dois elementos que destoam do episódio e o impedem de alcançar a perfeição.
No fim, Oz vence e atinge seus objetivos. Não só ele agora é o grande chefão da máfia de Gotham, como não tem adversários nas ruas para lhe conter, restando apenas o bom e velho homem-morcego para freá-lo. Em uma cena que faria Sigmund Freud enfartar, temos Oz dançando com sua amante (Carmen Ejogo) vestida como a sua mãe em seu novo apartamento de luxo.
O que vai ser de Oz no futuro?? Bem, isso só Matt Reeves e a equipe do universo de “Batman” sabem. Mas se ele entrou como um personagem curioso e ambicioso, saiu (principalmente depois deste episódio) um personagem gigante e coroado como uma das melhores interpretações de um vilão de quadrinhos para o live-action. Uma aula não só de como construir um vilão excepcional, mas uma série (ou minissérie) de alto calibre.
Nota: 9,5
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