Heavy Metal, Megan Fox e uma cidade que leva o Diabo no nome. O maior mérito de Garota Infernal é ser um terror frontal que não busca se explicar e muito menos se levar a sério.

(Este texto contém spoilers)


Talvez seja o melhor trabalho de Megan Fox. O filme é uma crítica ao comportamento considerado intempestivo de uma mulher durante seu período menstrual, embebida em cinismo e sarcasmo, refletido na dinâmica entre Jenny, suas vítimas e a própria cidade. Não à toa, a "TPM" de Jennifer a deixa desgastada, mal-humorada e com fome. Essa condição logo se alivia após as matanças, trazendo de volta seu humor negro e autoestima. Também é possível entender a narrativa como uma jornada pelos traumas de Jennifer após uma brutal violência sexual. O "humor" de Jennifer é tão oscilante que se assemelha a surtos e crises, com cenas em que a personagem expurga o mal de dentro, evidenciando o comportamento de uma vítima e distanciando-se até mesmo do monstro que se tornou.


O cinismo do roteiro revela uma comédia torpe, onde a cidade idolatra os assassinos de Jenny, ou seja, essa comédia está na população e até em detalhes como a biblioteca da escola, que possui uma seção completa sobre ocultismo. Em determinada cena a mãe do personagem Chip (Johnny Simmons) entrega a ele um spray de pimenta, argumentando que "há um louco à solta que gosta de garotos indefesos!"



Dirigido por Karyn Kusama, o filme faz total sentido como uma obra concebida a partir de uma visão feminina. Para os personagens, Jennifer é apenas um belo pedaço de carne, inclusive para o público masculino. No entanto, no subtexto, Jenny representa uma psique destruída pelo abuso físico e mental na noite do incêndio. Ela é também uma perfeita succubus, tal como Salma Hayek em Um Drink no Inferno. É um terror frontal e burlesco, pois todas essas camadas não são mais importantes do que a diversão proporcionada pelos aspectos técnicos e ironias do roteiro, com suas cenas grotescas de body horror e gore. É possível assistir e gostar unicamente pelas bizarrices e pela fisicalidade de Megan Fox, ou então pela comédia envolvendo os personagens.



Megan Fox entrega uma performance que se assemelha à de Jennifer Carpenter em O Exorcismo de Emily Rose e à de Alyssa Sutherland em A Morte do Demônio: a Ascensão. Dessa forma, Kusama cria um filme que retrata as condições horríveis enfrentadas por uma vítima, apresentando-a como uma monstruosidade trágica.


Nota: 7.4/10

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