Segundo episódio tira o pé do acelerador e foca completamente na construção da trama, contextualização dos personagens e alianças.

Sofia trabalha para garantir a fortaleza de sua família, enquanto Oz coloca Victor à prova.

Em Março de 2022 foi lançado o aguardado “The Batman”, ou apenas “Batman” no Brasil, que era a nova reimaginação do homem-morcego para os cinemas capitaneada por Matt Reeves (Planeta dos Macacos: A Guerra), que trouxe uma nova interpretação para este icônico personagem da DC Comics e da cultura pop. Dentre os vários personagens, um que mais se destacou foi o Pinguim, vivido pelo irreconhecível Colin Farrell (O Lagosta, Os Banshees de Inisherin), e logo como parte de uma expansão da franquia, recebeu uma minissérie derivada para a Max (que acabou passando para a HBO) focada só nele e na sua ascensão dentro do crime de Gotham.

O episódio dá uma puxada no freio para desenvolver mais o núcleo da família Falcone, apresentando com mais calma outros membros e o irmão de Carmine Falcone, que assumiu o poder.

Todo mundo disse isso quando assistiu o filme do Batman, mas uma das coisas mais assustadoras é o que fizeram com Farrell e essa maquiagem pesada que o transforma em outra pessoa. O Pinguim de Farrell é uma criatura abjeta, ele mascara suas intenções com uma voz engraçada e personalidade bonachão, mas está sempre esgueirando pelos cantos e procurando a melhor oportunidade para se dar bem. O trabalho de maquiagem é impecável, mas a interpretação e carisma que Farrell traz para esse personagem o torna um dos protagonistas mais divertidos e fascinantes de se acompanhar.

Palmas também para a showrunner e principal roteirista: Lauren LeFranc (Agentes da Shield, Hemlock Grove), que está sabendo trabalhar todo o clima do submundo do crime dessa Gotham e esses personagens bem diversos que povoam ela. O mesmo para o veterano diretor Craig Zobel (Mare of Easttown, The Leftovers), que possui um currículo bem forte na televisão.

E é claro que a sujeira de Gotham se espalha pela polícia, com um policial corrupto que ajuda os Falcones em troca de drogas para o uso pessoal e dinheiro. Isso é mais um elemento bem comum em produções de crime e máfia, que agrega para esse clima que a série quer emular, bebendo de fontes óbvias como “Scarface”, “O Poderoso Chefão” e “The Sopranos”.

Os relacionamentos pessoais de Oz também continuam sendo expandidos, onde temos mais um desenvolvimento de sua relação com a sua amante (Carmen Ejogo) e mãe (Deirdre O'Connell). Principalmente a com sua mãe, que está tendo o quadro de demência agravado, e tem um relacionamento bem tóxico com Oz, tendo ajudado a colocá-lo nessa vida de crime. Vai ser interessante ver como esses dois plots se desenvolvem..

Sempre que temos Vic (Rhenzy Feliz) e Oz contracenando não dá pra não dar risada ou se divertir com o carisma destes dois personagens. Muitos compararam Vic com o Robin (mais precisamente Jason Todd) não estão errados, já que ele claramente serve como um espelho do menino prodígio e fiel parceiro do Batman, mas que não deve ter um destino tão favorável no final da minissérie, visto que apesar de sentir uma empatia pelo garoto, Oz está disposto a sacrificá-lo a qualquer hora.

Mas apesar de Oz e o carisma sem fim de Farrell serem ótimos de acompanhar, a grande estrela da série para mim tem sido a vilã Sofia Falcone, vivida pela brilhante atriz Cristin Milioti (Palm Springs, Made for Love). Já era apaixonado por ela por outros trabalhos, mas aqui ela está brutal e hipnotizante, sempre tendo presença de tela quando aparece e causando um turbilhão ao redor de todos os personagens. 

Temos um pouco mais de sua história e pequenos flashes de porque ela é tão temida, tendo assassinado pelo menos 7 mulheres e já tem uma fama bem grande em Gotham. Seu relacionamento com o psicólogo (Theo Rossi) que aparece brevemente no começo do episódio deixa várias dúvidas sobre o que vão querer fazer com ela e esse núcleo, coisa que teremos que esperar e ver nos próximos episódios.

É divertidíssimo ver como o Pinguim, apesar de sempre ter grandes planos e maquinar tudo corretamente, tem sempre que suar para corrigir o curso das coisas e sair de todas as furadas que se mete. E mesmo assim, a série nunca esquece que estamos acompanhando a jornada de um vilão. Nos últimos anos, virou uma moda humanizar esses vilões, dando motivações relacionáveis e passados tristes. Não que isso seja algo ruim, mas é bom ver histórias que não sigam esse caminho. Oz é um cara ruim, ele não está fazendo tudo isso por um motivo nobre, e ele vai passar por cima de todos que forem uma ameaça, como o capo da família Maroni que ele manipulou pelo episódio todo, só para mata-lo no fim sem qualquer remorso.

O episódio termina com uma aliança de Oz e Sofia, que foi jogada de lado pelos homens da família e praticamente a tiraram do páreo, mesmo ela sendo tão capaz quanto eles para gerir os negócios. É claro que eventualmente ela vai descobrir a verdade que Oz assassinou seu irmão, já que embora sejam aliados, ela continua sendo o maior obstáculo do Pinguim nessa guerra.

Apesar do seu primeiro episódio explosivo, “Pinguim” toma uma abordagem mais lenta e suave para continuar desenvolvendo a história de ascensão deste grande vilão do Batman em seu segundo capítulo. E não que isso seja um demérito, já que ela continua sendo engajante e divertida de acompanhar, e muito se dá pelo carisma e talento gigante dos protagonistas, que carregam essa que já promete ser uma das grandes séries de 2024. Afinal, mesmo sendo um monstro, não tem como não torcer e manter a curiosidade pelo que vêm à frente nessa longa caminhada de Oz.

Nota: 8

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