A dança dos dragões finalmente começa em meio à guerra, trazendo batalhas, tensão e luto.

Na ausência de Rhaenyra e Daemon, Rhaenys tenta estabilizar o Conselho Preto enquanto Cole organiza uma campanha nas Terras da Coroa.

Avançamos rumo a guerra. Os verdes continuam perdidos e fragmentados (assim como os pretos), com o execrável Sir Criston Cole (Fabien Frankel) marchando com um exército para subjugar exércitos remanescentes de casas menores que apoiam Rhaenyra (Emma D’Arcy). Alicent (Olivia Cooke) reflete sobre as descobertas do episódio anterior e revela que está grávida de um filho de Cole, tomando logo em seguida um chá abortivo para perder a criança. Conhecendo a sua personagem, isto é algo que vai afetá-la demais já que um dos estopins de sua briga inicial com Rhaenyra foi a princesa ter tomado um desses chás, indicando que ela teve um relacionamento fora do casamento (coisa que ela mesma está tendo).

O núcleo de Daemon (Matt Smith) em Harrenhal é simplesmente fantástico. Não só eles aprofundam mais o personagem do Daemon e seus medos, desejos reprimidos e traumas, mas adiciona toda essa camada de terror e misticismo à série, colocando ele em um castelo assombrado e com uma bruxa o atormentando. 

Daemon inclusive continua sendo um dos personagens mais interessantes da série. George R. R. Martin uma vez disse que príncipe era um de seus personagens favoritos de todo o universo de GOT, e cada vez mais tendo a concordar com ele. Sua relação com Rhaenyra e a forma dele enxergá-la como se fosse um empecilho para o trono, e como ela constantemente lembra ele de suas frustrações é muito interessante e agrega muito para o seu personagem. E no fim Daemon sempre se mantém como um cara incontrolável que tem seus próprios planos e maneiras de atingir os seus objetivos.

Já Rhaenyra enfrenta mais dilemas após basicamente abandonar o seu conselho para se infiltrar em Porto Real e conversar com Alicent (em uma cena bizarra) no episódio anterior. Um esforço da série para balancear os verdes e pretos é clara, e o showrunner Ryan Condal (Rampage: Destruição Total, Hércules) tem se esforçado muito nesta temporada para criar uma empatia mínima para os verdes e mostrar alguns pontos negativos dos pretos (embora a opinião popular dificilmente vai ser mudada).

Vemos então o que muita gente tem clamado nesta temporada: As incríveis sequências de batalha dos dragões. Pela primeira vez podemos ver uma briga entre essas feras, que fazem muito mais do que simplesmente cuspir fogo. O estilo de luta experiente de Meleys que utiliza suas afiadas garras para rasgar o peito dos outros dragões é sinistro e muito legal de se ver, e dá um significado real para o termo “Dança dos Dragões”, já que essa forma de lutar das criaturas faz parecer com que eles realmente estejam dançando nos céus.

Aemond (Ewan Mitchell) como sempre rouba o show quando aparece montado em Vhagar, o dragão mais ameaçador da série, e ele está cada vez mais disposto a humilhar seu irmão e buscar uma brecha para ascender ao trono de ferro.

A parte técnica continua em alto nível como sempre. Mas aqui, o trabalho de efeitos especiais é surreal e dá pra ver que a HBO sangrou dinheiro pra fazer essas lutas gigantescas dos dragões. E a direção do veteranoganhador do Emmy Alan Taylor (Game of Thrones, The Sopranos) não decepciona, com belos takes e controle da narrativa.

E temos que falar da linda despedida de Rhaenys, vivida pela atriz Eve Best (O Discurso do Rei, Lucky Man). Rhaenys sempre foi uma personagem complexa para mim, pois ao mesmo tempo que ela era fascinante e cheia de camadas, os roteiristas da série nunca souberam escrever ela a ponto de entregar o que “A Rainha que Nunca Foi” merecia. É bem tocante ver como ela mantém a sua classe e reconhece o filho bastardo de seu marido, e cobra para que ele reconheça ele como seu herdeiro. Ela lutou até o fim, e não tem como não se sentir triste com a sua morte ao lado de seu dragão. Uma personagem forte que fará falta.

Será no mínimo curioso ver o que será do Rei Aegon II (Tom Glynn-Carney) agora que embora tenha sido derrotado na batalha, deve conquistar o respeito de muitos por ter partido para o campo de batalha sozinho. Seu personagem até o momento é a representação de uma criança que busca a aprovação, admiração e amor alheio, mas esta batalha e tentativa de assassinato por parte do seu irmão podem afeta-lo bem mais do que imaginamos. 

Estamos entrando agora na metade final da temporada, com o conflito escalando e a guerra finalmente atingindo os campos. Sabemos como essa história termina, quais as consequências dela e o destino de certos personagens. Porém não deixa de ser interessante acompanhar toda essa novela de uma das famílias mais disfuncionais já vistas.

Apesar de uma narrativa mais estranha e lenta que visou construir melhor seus núcleos e peças, o quarto episódio da 2ª Temporada de “A Casa do Dragão” entrega o que muitos pediram, com um show de cenas de ação e porradaria de dragões. Toda a parte antes do conflito no entanto não fica abaixo de nada disso, e se não houvesse essas construções todas essas batalhas perderiam a emoção. Não é o episódio de explodir cabeças que muitos pintaram e nem chega ao auge do que essa franquia já entregou, mas como é delicioso acompanhar essa história, torcer, odiar e sentir luto por esses personagens (e tudo isso com um padrão de qualidade que só a HBO sabe entregar). Que venha muitos episódios assim.

Nota: 8.5

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem