OBS: Essa crítica contém spoilers
Imaculada, do original Immaculate é a mais nova cartada da atriz Sydney Sweeney para esse ano de 2024. Após o relativo BOOOM! que a comédia romântica Todos Menos Você, co-estrelada por Glenn Powell, agora ela entra em territórios mais dramáticos e de horror numa presepada que, provavelmente, se tornará mais uma dentro do cânone de terror católico (blockbuster).
No filme, vemos Sweeney interpretando a Freira Cecília, uma americana que é "sondada" para um convento na Itália. Após um tempo, ela e outros membros do corpo da Igreja acaba descobrindo uma gravidez, o que deveria ser impossível, devido ao voto de castidade feito pela mesma. Explicando, assim, o título do longa, vamos descobrindo se Cecília foi abençoada ou não, e se o convento esconde mais do que parece.
Mas falando sobre a nossa estrela principal, é, a personagem cai como uma luva para a atriz, no regulamentar do que o tipo de suspense desse filme necessita, e tudo bem. A melhor coisa sobre a personagem é a sua história, sobre procurar o "motivo" pelo qual Deus a salvou quando criança.
Já sobre os outros personagens, a única que acaba por destacar-se de uma forma a outra é Gwen (Bendetta Porcaroli), exatamente por se destacar, sendo a grande amiga da protagonista dentro do convento, além de ter essa personalidade bem contra o que você espera de alguém que decidiu seguir a vida na religião, sendo bem justificado pela sua própria história, mas em geral, ela acaba não tendo muito espaço para brilhar.
Porém, os vilões já são outros quinhentos, de tão caicatos que eles apresentam-se. Tanto a Madre Superiora (Dora Romano), como o Cardial (Giorgio Colangeli), são exatamente o que você espera das grandes lideranças religiosas maléficas, sem tirar nem por, além de eles mesmo não fazerem nada de muito especial durante a duração inteira. Já o grande antagonista principal, o Padre Sal Tedeschi (Álvaro Morte), apresenta um ângulo curioso numa dualidade padre/cientista maluco, contudo, sinceramente, tanto a roteirização, quanto o próprio ator não fazem jus ao que o personagem poderia ter sido.
Pegando a deixa de falar sobre o Padre, porém, admito que o conceito geral apresentado pelo filme é algo que genuinamente consegue chamar a atenção. Na verdade, não exatamente a ideia da Virgem Imaculada (Todavia, não minto também , mas sim, a estranha virada meio "ficção científica" (Dá pra chamar assim), que admito, me surpreendeu, mas não é como se uma hora para outra isso torna-se a obra inteira melhor do que ela foi pelas quase 1 hora anteriores à revelação.
Para aspectos mais "técnicos", a direção de Michael Mohan é muito morna, e comete o singelo crime de não conseguir aproveitar toda essa estética comentada do "terror católico". Não é de mentir que muitas das coisas podem ser meio previsíveis, devido, bem, a ser mais um filme de terror de freira, mas a pior parte é que não tem quase nada de criativo, que ressalte os olhos, ou que se encontre memorável, dentro daqueles cenários que visualmente são interessantes, mas são desperdiçados. Alguma das únicas peças visuais que se destacam no filme se encontram nos figurinos, tanto das freiras assassinas de máscaras vermelhas, que mesmo assim, são amplamente desperdiçadas, e da cena em que Cecília, e referida como santa e usa vestes similares às da Virgem Maria.
Não só esteticamente, mas o filme não consegue usar de quase nenhum de seus artifícios para construir o mínimo de tensão, então o segundo ato, que após toda apresentação da ambientação, deveria criar qualquer tipo de suspense, falha totalmente, além de qualquer tentativa, tirando se vê caindo nos mesmos clichês que você espera desse tipo de filme. Não quer dizer que, por todas as vias, o filme fique totalmente chato, mas é muito fácil se ver assistindo meio acordado, porque parece que você não perderá nada, e, verdadeiramente, não perde muita coisa mesmo não.
Pontuando porém, que tirando uma cena ou outra meio esquisita, as cenas de mais gore do filme, que se contrapões a aquela (não-existente) atmosfera de horror, ter realmente efeitos bons, como a maquiagem do Padre após ser quase queimado vivo.
Seguindo essa linha, só fica meio óbvio o apego de Sydney ao projeto no finalzinho do segundo para o resto da obra inteira, pontualmente sendo, a parte mais interessante do filme, assim, muito de longe, porque ele levemente morfa em uma experiência meio "nunexploitation", com a freira tornando-se uma "grávida duro de matar", se é que pode se dizer assim. E lembra quando foi falado alguns parágrafos atrás sobre os vilões genérico? Bem, pelo menos esse terceiro ato serviu para matar eles de forma minimamente interessante.
Em geral, é legal ver Sydney navegando em diferentes mares, e batendo no peito, quase, para querer encabeçar um projeto, mas em geral Imaculada não é exatamente a melhor jornada em nada que se propõe, sendo bem medíocres em muitos de seus aspectos, e perdendo uma ideia interessante nesse meio.
NOTA: 5