Em seu penúltimo ano, The Boys retorna com ainda mais violência e vulgaridade em uma trama que começa trazendo vários comentários sociais relevantes.


Em uma época em que várias produções superficiais de alto orçamento estavam em alta nas grandes plataformas da mídia, "The Boys" conseguiu se destacar dentro dessa moda por mostrar uma quebra de perspectiva de como seria o mundo real se pessoas com super poderes realmente existissem e fossem tratadas como celebridades. Mesmo com a atual fadiga com o subgênero de super-heróis nos cinemas, a série da Amazon Prime Video baseada nas polêmicas HQs de Garth Ennis continuam a usar isto e vários outros tópicos relevantes para a sua vantagem.

Mesmo com uma qualidade consistente desde sua estreia em 2019, muitos fãs ficaram preocupados com a possibilidade de The Boys acabar sendo mais uma série que abusou de sua fama e decaiu durante o seu decorrer. Este medo foi ressaltado ainda mais com o surgimento de derivados como GEN V e sua intertextualidade com a trama principal, mas felizmente, o começo de sua nova temporada continua a fazer um ótimo trabalho em explorar os arcos de seus personagens em uma história envolvente em seus três primeiros episódios apesar de ainda se destacar pelos seus conteúdos gráficos.

Billy Bruto e Capitão Pátria 

Na quarta temporada de "The Boys", após abusar do Composto V temporário, Billy Bruto (Karl Urban) possui menos de seis meses para viver e tenta usar o tempo que lhe resta para se reconciliar com Ryan (Cameron Crovetti). E com Victoria Newman (Claudia Doumit) estando cada vez mais perto de se tornar a vice-presidente dos EUA, Capitão Pátria (Anthony Starr) recruta duas novas integrantes para Os Sete que o ajudarão a manchar a imagem de Luz-Estrela (Erin Moriarty) e seus seguidores enquanto ele passa por uma crise existencial. 

Capitão Pátria e seu filho Ryan 

Como este ano teremos as eleições presidenciais nos EUA, uma das coisas mais admiráveis nestes três primeiros episódios são suas críticas sociais direcionadas aos fanáticos de estrema direita e suas teorias da conspiração. O showrunner Eric Kripke deixou claro que a série sempre teve intenções de representar os ideais fascistas e figuras políticas como Donald Trump através do personagem do Capitão Pátria. Por isso, sempre foi revoltante ver pessoas considerarem este psicopata assediador como alguém relacionável, pois fica evidente que os indivíduos que pensam assim falharam completamente em entender a proposta dessa história. 

A temporada tenta acompanhar vários subenredos por episódio, tais como: o retorno da mãe de Hughie Campbell (Jack Quaid), a possível redenção do Trem-Bala (Jessie Usher), a crise de meia idade do Capitão Pátria e vários outros. Um arco bem repentino que insiste em se destacar até demais é o romance entre Francês (Tomer Capone) e seu novo namorado que trabalha para a Fundação Luz-Estrela, porém, ele acaba ficando muito mais interessante quando descobrimos sua ligação com o seu passado problemático. 

Susan Heyward como Irmã Sabia e Valorie Curry como Espoleta

Depois de toda expectativa e empolgação que foi criada por cima da chegada do Soldier Boy de Jensen Ackles na terceira temporada, três novos personagens são apresentados agora. Dentre eles, temos Jeffrey Dean Morgan (The Walking Dead) como o agente Joe Kessler, um personagem patético dos quadrinhos agora reformulado como um grande amigo de longa data de Billy Bruto. Também temos Valorie Curry (Detroit: Become Human) como Espoleta, uma super ativista de direita que diz cada coisa absurda mas entrega uma ótima performance em seus momentos de maior sinceridade. Porém, quem realmente se destaca entre essas novas adições é Susan Heyward (Orange Is The New Black) como Irmã Sábia, a pessoa mais inteligente do mundo que no momento mostra ser uma das melhores escolhas que o Capitão Pátria já fez em toda série.

Ainda é muito cedo para dizer se esta já é a melhor temporada de The Boys até agora, mas após o lançamento de seus três primeiros episódios, é seguro dizer que mesmo com suas vulgaridades, a série continua a manter a qualidade de seu texto com uma trama muito promissora repleta de ação, reviravoltas, sátiras e comentários sociais muito satisfatórios que devem levar seus personagens para outros patamares enquanto abrem caminho para o eventual confronto final entre Billy Bruto e Capitão Pátria.


Nota: 8,5/10 

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