🚨🚨POSSÍVEIS SPOILERS🚨🚨
Pode parecer que a série da Eco tenha sido em uma medida desesperada, da produtora, de levantar bandeira para uma minoria que em hollywood recebe pouca atenção, do que uma adição que significasse para o amplo universo compartilhado da Marvel, claro, existe sim uma representação forte, mas ela é importante e não foi jogada como eu pensaria que seria, apesar que em prol disso, infelizmente escanteia outra narrativa que é tão interessante quanto as raízes da personagem principal. 5 meses após ter supostamente matado o Wilson Fisk, o Rei do Crime (Vincent D’ Onofrio), Maya Lopez passará dias de turbulências com a sua missão de acabar com o império daquele que um dia foi seu “tio” além de descobrir mais de sua ancestralidade nativa americana Choctaw em sua cidade natal.
Eu nunca me importei tanto assim da existência de uma série da personagem titular, mas também não importava o suficiente para ter alguma preocupação de ver ela (claro que pelo excelente Vincent D’ Onofrio eu teria que dar uma olhada), será que a história sustentaria? A Eco (Alaqua Cox) é uma personagem boa o suficiente para aguentar o pesar de segurar uma série solo. Bem, ela conseguiu pelo menos acrescentar desenvolvimento narrativo para as origens e background amplo para a personagem, não é uma pessoa que carrega baita carisma também, mas isso é o de menos, além de reintroduzir o universo mais urbano da Marvel de uma forma mais visceral que antes se tinha mas não era oficializado de alguma forma (o que agora são todas canônicas). Devo acrescentar que apesar do selo Marvel Spotlight, deve ser aquele banner que vai acrescentar produção que não necessitam de muitas conexões com o universo maior, aqui meio que vai na contramão com o que é estabelecido na descrição dada a essa nova marca, quer dizer, a série é bem independente sim, mas a pessoa ainda precisaria conhecer como a personagem chegou aonde esta no inicio do episódio, com o primeiro episódio sendo basicamente é toda uma recapitulação do passado da Maya desde a infância onde foi tirada de sua cidade natal por um infeliz acidente e desentendimento familiar, até a sua ascensão no império criminoso do seu “tio” Rei do Crime que vê potencial nela para ser sua assassina pessoal. Vemos flashbacks de Gavião Arqueiro e assim por diante, obviamente uma conexão é necessária para você acompanhar a personagem e a história contada, mas também não tem a necessidade de ver a série anterior do MCU para entender o que se passa amplamente. Mas sendo sincero eu espero que as próximas produções desse selo realmente honrem mais a descrição do Spotlight, tipo Cavaleiro da Lua.
O primeiro episódio aliás, foi excelente, estabeleceu o rumo que a s[erie iria tomar de agora em diante e toda a narrativa em volta da derrocada de Fisk pelas mãos de Maya, ao mesmo tempo que ela vai para a sua cidade natal para se esconder do mesmo e iniciar uma jornada de conhecimento que ela sequer sabia que tinha de seus ancestrais. A série começa se afastando da convencional série de super-herói, sem muita piadinha ou alivio cômico fortemente presente e quando tem é bem dosado, mas não demora muito para que no decorrer dos episódios ela faz uma invertida onde a jornada de um herói se transformar na jornada do anti-herói, a personagem anda numa linha cinzenta na série o tempo todo, embora suas intenções sejam se tornar a nova “Rainha do Crime” e construir um império criminoso, ela ainda tem com o que se importar de sua família que lhe restou, não digo que é uma vilã propriamente dita aqui, mas ela tem objetivos de um, o que acho bom que pelo menos ela não busque redenção de seus atos (embora o final deixe em aberto).
A Maya é bem mais interessante aqui que na sua inauguração em Gavião Arqueiro, que era bem desinteressante e superficial, sem muito a acrescentar la, contudo, a produção de sua série faz com que seu objetivo seja sentido pelos ouvintes e sua maior força de narrativa e talvez a maior brilhante é a surdez, que é a base essencial, sem facilidades de comunicação e conseguindo carregar episódios sem diálogos da maneira tradicional, eu achava que seria monótono e até cansativo, mas fizeram com algo que seria desconfortável de se assistir para quem não entende muito de sinais. Mesmo que para frente a história traga um dispositivo que facilita mais a comunicação com a série de forma lógica.
O que acho um ponto não muito aclamado da série é a sua edição destrambelhada e a história que foi para uma direção que não queria que tivesse ido sinceramente, digo, a história e corrida da personagem com seus objetivos são muito críveis sim, mas em relação a sua história entrelaçada com Fisk, é bem insignificante para ela ser uma adversária formidável e de preocupação com o exército dele, ela está na maior parte do tempo em desvantagem e não parece representar um perigo a ser apressadamente resolvido pelo vilão, o roteiro deveria ter se preocupado em fazer da figura da Eco um inimigo reconhecível de verdade para que os fãs consigam engolir a sua luta com o Rei do Crime. Aliás, o Rei do Crime na série e sua presença é uma das melhores coisas da série, o ator passa imponência que vimos nas séries do Demolidor e ainda mais atormentado pelo seu passado violento, ele tem um peso significativo nessa série que para mim ficou ofuscada pela história ancestral que é interessante da mesma maneira mas que com a edição conturbada para apressar as coisas na série, infelizmente ficou muito pouco para apreciarmos. A série foi apresentada como +18 em seu primeiro trailer e a primeira produção adulta da Marvel no MCU, o que é um peso significativo a ser carregado já que precisa ser visto o quão é necessária e o que foi feito de violento e inapropriado no conteúdo para que possamos pedir mais, e vendo toda a série fica óbvio que essa decisão veio nas regravações da série já que pelas recepções negativas tiveram que editar tudo novamente (o que acredito que tenham cortado um episódio da série, por isso algumas partes apressadas) já que fica evidente que era uma produção de no mínimo PG-14, quer dizer, é raro ter um produto +18 sem nenhum palavrão proferido pelos personagem em nenhum momento, com exceção de uma cena em flashback no episódio final. É violenta? bastante, tem uma cenas com muito mais sangue que boa parte das obras do MCU, e eles a usam de boa maneira, embora que boa parte do sangue seja CGI, creio que falta aperfeiçoar mais isso ao decorrer desse selo, creio que se tivesse feita do zero para ser +18, teríamos uma produção muito mais apropriada do que já foi.
E como toda série da Marvel que se preze, ou quase, o final nunca alcança um apice necessário para encerrar a história, sendo o pior episódio da série, todo aquele lance de poder do amor com oferecimento todos os Jedis de Rey em Ascensão Skywalker não foi legal, poderíamos ter tido um final mais corajoso diria, não se ancorando em ação ou melodrama, mas um diálogo final talvez bastaria. O que posso elogiar bastante é as cenas de ação, as poucas cenas que tem, são bem aproveitadas (tirando as do final), as lutas você sente o impacto e ve que elas pegam mesmo, com boas coreografias, não perfeitas, mas boas o suficiente para você ficar feliz em ver algo próximo a uma série da Marvel Netflix, aliás, A luta da Maya com o Demolidor (Charlie Cox) é excelente e muito quadrinhos ver a presença do demônio de Hell's Kitchen tão acrobático quanto antes. Conclusão: A série merece ser vista pelo desenvolvimento cultural da protagonista e com a narrativa sendo entrelaçada com a história de seu povo e suas deficiências sejam a maior pérola da série, além da cena de ação muito boa, porém, como não é perfeito, ela tem seus problemas de ritmo e um tom meio inconstante, com vilões (tirando o Rei do Crime) fracos e sem nuances, espero que o selo cresça no futuro, e quem sabe venham mais obras com a mesma proposta desafiadora de Eco, apesar de não ter executado da forma que esperava, é um bom produto da Marvel. Nota: 7
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