Trama simples, final agridoce, mas que abre margens futuras, Ahsoka veio como uma nova esperança para o Mandorverso
🚨🚨POSSÍVEIS SPOILERS!!🚨🚨
Antes da estréia de Ahsoka, eu via pessoas comentando sobre o quão aprofundada a série seria em relação às animações Guerra dos Clones e Star Wars Rebels, é necessário realmente ter visto pelo menos uma delas para ter alguma noção do que estamos vendo nesse produto? além de outra preocupações com a qualidade geral da série visto os últimos produtos recentes de Star Wars que vêm deixando a desejar (exceto por uma ou duas produções) é compreensível, embora o meu maior problema seja que alguns atribuem toda a culpa nessa problemática em uma pessoa, que sequer encabeçou todo esse período sozinha. Afinal, Ahsoka realmente cumpriu com o prometido,
trouxe as raízes tradicionais de um bom Star Wars?
Ahsoka Tano (Rosario Dawson) parte em uma aventura ao lado de sua agora aprendiz Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo), para trazer de volta o Jedi Ezra Bridger (Eman Esfandi) desaparecido após isolar ele e o imperial Grande Almirante Thrawn (Lars Mikkelsen) para outra galáxia desconhecida. Juntas terão que enfrentar novas ameaças que estão no mesmo caminho, em busca de algo mais obscuro, além do apoio de antigos aliados como Hera Syndulla (Mary Elizabeth Winstead).
Já início a crítica ressaltando algo que nem mesmo a minissérie ‘Obi Wan-Kenobi’ conseguiu fazer com eficiência, que é o fato de ser realmente um produto que se inspira em jornadas anteriores para sua coluna dorsal e sabe que deveria ser assim de fato. Sim, Ahsoka é praticamente uma 5° Temporada de Star Wars Rebels, mesmo que a série se concentre exclusivamente mais em um personagem que é a togruta andarilha, não há como negar que a série precisa de pelo menos alguns conhecimentos prévios vistos no desenho passado, para pelo menos ter uma experiência melhor apreciada por parte do espectador, claro que não digo que você precisará ver toda as quatro temporadas de Rebels para enfim ver este show, mas pelo menos uma leitura básica de pontos vitais que aconteceram naquele desenho ou pelo menos ver episódios chaves, a série exigirá. Embora isso não impedirá que você tenha afeição aos personagens do mesmo jeito.
Mas para quem viu todo o desenho, não vai negar que é mais prazeroso para um fã daquela tripulação da Fantasma ver esses personagens em Live-Action enfim ganhando alguma relevância após 5 anos do término da série. Dave Filoni, o cabeça por trás não só dessa série, mas de Rebels também, decidiu que a série traria praticamente o mesmo tom do desenho para não só trazer homenagens, mas para expor todo o entretenimento que pode oferecer a experiência. A série possui momentos descontraídos que remetem diretamente ao desenho, coisa que você obviamente fã por dentro de tudo sabe identificar, fora claro jargões de alguns personagens e o clima quase que espiritual que a série possui em torno da força, algo que o desenho começou a se aprofundar mais na terceira temporada, retorna aqui de forma intensa e pragmática.
Obviamente que juntar tudo isso necessita de uma escrita que seja competente, no mínimo coesa, sem muita firula e trazer o básico que uma história simples necessita, e a série consegue ter isso, tirando do baralho produções recentes no streaming de Star Wars que se passam em outras épocas e adicionando apenas as que se passam inteiramente nesse período de Ahsoka (vou chamar de “Mandorverso”), desde 2020 que não tivemos uma história que soube se aprofundar, sem se desviar por um momento sequer, de sua história central e efetiva, por mais que tenha momentos de troca de protagonismo entre Sabine e Ahsoka, a série nunca deixa de ressaltar a importância e a presença, mesmo que não física, da personagem titular, como visto no episódio 6. É diferente do decepcionante O Livro de Boba Fett causou para si, Ahsoka intermedia muito bem. A trama não é das mais complexas (e nem deveria, apenas ter um produto divertido e que entretém é o bastante) mas é feita com óbvio carinho em querer contar uma história que tem o básico da franquia nela, e apesar da inserção mística em torno do arco de Baylan Skoll (Ray Stevenson) com os Deuses Mortis, ainda é uma escrita que não faz seu espectador ficar pensando em mil e uma coisas do que acontece em cada episódio.
Obviamente que a escrita tem seus defeitos, pois Dave Filoni, enquanto roteirista, peca em diálogos fracos, quase irreal, de momentos em que os personagens precisam interagir entre si ou contracenarem, ele precisa parar um pouco de fazer diálogos de desenhos animados para esses personagens enquanto Live-Action, ainda bem que pelo menos quando é preciso, existem genuínos momentos de diálogos bem escritos e com uma boa direção de Filoni tornando o momento especial, o monólogo de Baylan para Shin Hati (Ivanna Sakhno) sobre seu objetivo em se aliar a Morgan Elsbeth (Diane Lee Inosanto) e Thrawn, o ensinamento emocionante de Anakin Skywalker (Hayden Christensen) a sua ex-padawan no Mundo entre os Mundos, todas as vezes que o Thrawn abre a boca para falar algo que é certo ser bastante perspicaz.
Outro pecado se dá em torno do desenvolvimento de alguns personagens, que obviamente ficam de escanteio perante aos personagens que estão nessa aventura no outro lado da galáxia conhecida, é ótimo sim ver Hera Syndulla em carne e osso aqui, do lado do carismático droide rabugento Chopper, tem seus momentos que são muito legais, principalmente quando exigem alguma cena de ação aérea com a personagem que arrasa na profissão. Mas não sobra muita coisa para se contar dela depois disso, a partir do episódio 5, por exemplo, ela é reduzida e toda sua importância para a narrativa deixa de preocupar, embora no quesito político, ela toma a frente bem, assim como a presença de seu filho, Jacen, interpretado por Evan Whitten, não fede nem cheira, apesar de indicarem que alguém herdou uma pequena presença de Mid…. coff… coff. quero dizer, da força, de seu pai, e que pode ser importante no futuro?
Fora personagens como a já enjoativa presença do piloto da Nova República Carson Teva (Paul Sun Hyung Lee) que já está praticamente figurando nessas séries de SW, fora como já dito em minha crítica do episódio final, Morgan Elsbeth aqui não serviu para muita coisa, seu arco foi fechado de forma insatisfatória ao que a personagem poderia ter recebido de forma mais decente.
Mas sobrepondo a estes, temos o ótimo desenvolvimento dos antagonistas como Baylan e Shin, principalmente de Baylan, que sem dúvidas é um dos personagens mais cativantes e bem escritos que já surgiram na franquia recentemente, imponente, que questiona, e com uma boa complexidade em volta dele, ele não é “mau feito Pica-pau” nem mesmo almeja fazer o velho clichê de dominar tudo. Ele não é mais Jedi e nem mesmo Sith, mas que tem em mente um plano maior tanto para ele quanto para sua aprendiz Shin que envolve os mitos da força que a franquia expandiu desde então, isso tudo ainda reforçado pela ótima atuação do ator Ray Stevenson, o que deixa tudo ainda mais triste em saber que o ator se foi tão cedo. Falando nela, Shin é uma personagem bem enigmática, assim como Luke Skywalker e Ezra Surgiram em época que a ordem Jedi não existia e só foram treinados posteriormente, ela é cheia de dúvidas de sobre ela mesma e de seu propósito junto com seu mestre, resta saber o que será dela após o seu final em aberto futuramente, espero que não tenhamos o velho “venha para a luz”, que a série deixou muitos indícios disso ainda.
Um parágrafo dedicado para o excelente antagonista que aparentemente vai ser o grande vilão do que está sendo construído para o inevitável grande crossover do Mandorverso através do futuro filme do Filoni. Thrawn não poderia ter sido melhor representado aqui do que sua voz oficial no desenho Rebels, personagem que veio do Universo Expandido da franquia, o dito Herdeiro do Império, mais formal e astuto do que antes, volta com um plano de sair do planeta e da galáxia que se mantém preso desde o fim de Rebels, não apenas detém os melhores diálogos, como também sua presença pe de intimidar muitos em sua volta, até mesmo seres místicos como as Grandes Mães, perceba como a forma que ele aparece pela primeira vez já prenuncia um personagem quase sobrenatural, uma grande força que está a deriva de um grande e assustador Destroyer imperial pairando um planeta desconhecido com um exército de Stormtroopers zumbis a sua disposição, cantarolando uma marcha quando entra em cena, e seu final não podia ser mais triunfal desse primeira ano da série, praticamente ganhando vantagem perante os mocinhos, vai ser duro aguardar um tempo para ver o próximo passo deste indivíduo.
E o que dizer sobre provavelmente muitos irão teorizar até não poderem mais, do final emblemático de Balyan perante as enormes estátuas dos Deuses de Mortis, basicamente encarnações da Força, o Pai, a estátua no centro, sendo o equilíbrio da força, a Filha representante da Luz e o Filho sendo o representante do lado sombrio, atualmente mortos devido a eventos acontecidos com Anakin Skywalker e Ahsoka em Guerra dos Clones, o que será que Baylan irá fazer indo atrás desses seres, ou pelo menos, ir atrás ao que dava poder a eles, com certeza é uma trama que precisa ser continuada com delicadeza por ser uma parte que muitos ainda olham com maus olhos, já que acham não ser Star Wars (curioso, preferem algo científico como os Midi Chlorians? seus falastrões).
Conclusão: Com uma produção bem cuidadosa, uma trilha sonora marcante e cenários de ponta quase cinematográficos, Ahsoka pode não ser a série que passou a excelente segunda temporada de Mandaloriano, e nem mesmo dá para julgar lado a lado de Andor, tamanha a discrepância de material e tom. Mas com certeza é um dos melhores produtos recentes que Star Wars teve a oferecer e ofereceu muitíssimo bem, com episódios realmente marcantes (em especial, o episódio 5, uma carta de amor a todos que gostam e conhecem essa franquia apenas pelos desenhos), mesmo que tenha terminado de forma aberta seu primeiro ano, a fim de uma deixa proposital para uma segunda temporada que obviamente vai vim, sem dúvidas, é que teremos mais respostas do que estão preparando para Star Wars, espero que tragam mais personagens de Rebels volta, em especial um certo Lasat treinador de recrutas, mais de Ahsoka, a branca, treinando Sabine, enquanto presas no planeta Peridea, apesar dos maneirismos de sempre de Filoni, não há como não gostar de uma história que tem Bruxas, lutas samurais, diversão e personagens cativantes.
Nota: 8,5
Postar um comentário