Dave Filoni rouba o protagonismo da Ahsoka ao transformar quinto episódio em uma demonstração propagandística de sua habilidade como diretor

Ou melhor, suposta habilidade. 

É fácil notar que a tendência dessa série é sua obsessão pelo lore de Star Wars — que pode muito bem se transformar em uma constante nos projetos escritos pelo Dave Filoni, levando em conta o que vimos em The Mandalorian também. Há ainda uma tentativa de revitalizar a franquia com novos conceitos, como a outra galáxia na qual o Grande Almirante Thrawn está e o mundo entre mundos, visto pela primeira vez em Rebels e que recebe um destaque nesse episódio. A ideia advém apenas da necessidade, claramente eles querem evitar uma fadiga do público e isso só é possível se haver uma alternativa ao que tanto corrompe essa leva de filmes e séries da era Disney: uma repetição do que já foi apresentado e explorado previamente junto com a velha punhetagem referencial puramente para fãs que irão consumir qualquer coisa da franquia. 

Então Guerreiro das Sombras acaba sendo um episódio movido por uma visão contraditória, dividida entre "tradição" e inovação, essa última na sombra da primeira. Filoni deve se orgulhar de já ter sido descrito por colegas como uma enciclopédia viva de Star Wars, e ele acaba trazendo esse ar de fanboy encantado para todas suas obras. É engraçado que o dilema principal do episódio é o da Ahsoka no mundo entre mundos revivendo fragmentos de seu passado como aprendiz de Anakin, com a conclusão sendo ela aprendendo a se desapegar do passado e deixar ele para trás, quando ironicamente esse é um episódio preso no passado e na história da franquia.

A direção e roteiro do Filoni tem esse jogo de imagens que remetem à trilogia original, às prequels, e às séries animadas do próprio Filoni como Clone Wars e Rebels, feito precisamente para agradar a todo tipo de fã. O expectador casual então se sente fora da piada já que para entender a punchline é preciso conhecimento prévio de bastante coisa. Ele devia ter feito seu dever de casa assistindo as séries animadas.

O tema do conflito com o passado foi aproveitado de forma bem melhor naquele filme que não deve ser citado, o mesmo que eternos adolescentes reclamaram de maneira histriônica e ainda reclamam. Os Últimos Jedi, o alvo perpétuo do ódio desse coletivo de fãs que, viciados, abusam da nostalgia como se a mesma fosse uma droga. Os erros desse episódio podem ser entendidos ao ver os acertos do oitavo filme da Saga Skywalker, o único bom da nova trilogia, que se importou em construir uma narrativa audaciosa e não em hipertrofiar ainda mais a lore. Eis a diferença entre Rian Johnson, o iconoclasta e Dave Filoni, o saudosista. 

Guerreiro das Sombras se torna pouco mais do que o Filoni exibindo sua direção em um episódio de "prestígio", um dramalhão que tenta se elevar aos episódios anteriores ao explorar o passado da Ahsoka e trazendo de volta elementos amados pelos fãs de Clone Wars, tendo a volta do Hayden Christensen em uma aparição vazia. Fãs impressionáveis podem achar momentos como os flashes do Darth Vader enquanto o Anakin anda um tipo de expressionismo digno de palmas, mas é uma imagem que foi repetida mil vezes, até em pôsteres no qual a silhueta do Vader serve como sombra do Anakin. Nada de novo. É um gosto do que está por vir nos filmes live-action do Davi Filoni e apenas isso. 

Nota: 5

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem