"Uma Noite em Haifa" explora conflitos políticos e étnicos em uma noite de festa de exibição de arte.
O Fórum Nerd foi convidado a conferir o filme em uma cabine de imprensa virtual á convite da Synapse Distribution.
Tenho que confessar não conhecer nada sobre o diretor Amos Gitai, a não ser elogios por filmes como ‘O Dia do Perdão’ e ‘Kedma’, como primeira experiência deste redator a um de seus filmes mais recentes, percebo como o diretor israelense aborda de forma bastante severa guerras e conflitos, que, o mesmo já presenciou a muito tempo e tempos depois partiu para a carreira de cineasta.
Durante uma noite fatídica na cidade portuária de Haifa, as histórias de cinco mulheres se entrelaçam em um clube onde israelenses e palestinos se encontram e se relacionam. O filme explora bastante contornos políticos procurando simultaneamente novas formas para sua arte. Só por ambientar o filme em Haifa, cidade portuária central na relação entre Israel e Palestina, sendo ele um israelense também nascido lá, e talvez por isso crítico à postura de Israel na questão, já traz por si só o ingrediente para uma boa narrativa entre mundos diferentes que poderiam pelo menos algum dia, se juntarem para fazer algo em comum, como explorado nesse filme, uma noite de bebedeira e conversa.
O filme tem uma sinopse que convenhamos não ser muito efetiva, já que a história vai além do que as cinco mulheres contadas na trama, que sequer recebem tanto foco assim, já que o verdadeiro ligamento para que a narrativa efetivamente ande, fica por conta do Gil (Tsahi Halevi) - que aliás, atua que nem uma porta boa parte do tempo, só não digo que ele é um 'Henry Cavill' da vida por que o ator ainda se esforça - um artista que faz parte da exposição de fotos que documenta revolucionários palestinos. Mas o diretor sabe muito bem transitar perfeitamente nos personagens foco do filme para que tenhamos um filme que é mesmo bastante monótono e não é para muitos.
Porém se tem aqui um dos maiores méritos, que é o jogo de câmeras extremamente competente do direto e edição eficiente, ele não nos mostra esses dramas numa narrativa convencional, embora esta pareça assim até certo ponto. Sempre com jogos de câmera ou etapas de encenação – da galeria para o bar, do bar para a cozinha – visando conjugar os ambientes e as vidas que nele circulam, dando mais vivência para o cenário que visualmente é muito belo. Conclusão: Bom filme, por vezes se perdendo e acertando, mas traz consigo conversas extremamente importantes. Palestinos e Israelenses se perdem em preconceitos diversos. Mas a escolha de colocar esse encontro às escuras se desenrolando dessa forma em um filme se passando em Haifa foi o certo a se fazer e deixar um diretor, com uma posição clara e que não agradará nem aqueles de seu próprio país, expressar o que sente.
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