Nova série de Star Wars com uma das personagens mais queridas da saga tem começo promissor, mesmo cometendo os mesmos problemas de sempre e dependendo demais de conexões com outras séries.
Ahsoka Tano está à caça do malvado Grande Almirante Thrawn na esperança de que isso a ajude a localizar o desaparecido Ezra Bridger, o jovem Jedi que desapareceu com Thrawn há muitos anos
Ahsoka foi uma personagem criada para a reimaginação de “Clone Wars” produzida na metade dos anos 2000 capitaneada por Dave Filoni (The Mandalorian, Star Wars Rebels), sendo a primeira série animada canônica no universo de Star Wars que se passava entre os filmes da trilogia prequel. Ela logo então ganhou o coração dos fãs (incluindo este que vos fala) por sua personalidade única e força sem fim.
É claro que depois de tanto tempo sendo uma favorita dos fãs, ela logo ganhou uma versão live-action interpretada pela atriz Rosario Dawson (Á Prova de Morte, Demolidor) na 2ª temporada de “O Mandaloriano”, série de Star Wars para o serviço de streaming Disney+, e logo depois teve a sua série própria produzida e comandada por Filoni e Jon Favreau (Homem de Ferro, O Rei Leão).
Eu no entanto não tenho a melhor conexão do mundo com as animações de Star Wars, tendo assistido (e amado) Ahsoka em “Clone Wars” quando era criança, mas nunca finalizei a série ou sequer assisti “Star Wars: Rebels” a série animada que deu sequência a história de Ahsoka e introduziu uma grande gama de personagens amados e já icônicos.
Dito isso, o maior “defeito” dessa nova série da Ahsoka é a forte conexão com Rebels, fazendo com que quem não assistiu a animação fique completamente perdido com os personagens e direcionamentos da trama. Eles até colocam um letreiro explicando tudo no começo do episódio, mas eles realmente esperam que todas as pessoas e fãs tenham assistido as 4 temporadas completas de Rebels antes de ver Ahsoka???
Dawson é uma ótima atriz e tem presença com Ahsoka, representando uma versão mais velha da personagem, mais “moída pela vida” e com uma vivência maior. Mas curiosamente, nem parece que ela é a protagonista da série, já que ela divide muito o tempo de tela e importância com Sabine Wren, personagem interpretada por Natasha Liu Bordizzo (The Society, Armas em Jogo).
Sabine é uma mandaloriana apresentada em Rebels, e sempre foi também uma favorita dos fãs. Aqui seu visual inicialmente é um pouco diferente da animação, e o texto mal ajambrado faz dela uma personagem bem apática com uma rebeldia forçada no começo, sendo difícil gostar dela. Fica a curiosidade pra saber como Filoni vai trabalhar essa personagem daqui pra frente.
Os vilões da temporada consistem em uma dupla de mestre e aprendiz Sith interpretados por Ray Stevenson (Vikings, Thor) e Ivanna Sakhno (Círculo de Fogo: A Revolta, Alta Fidelidade), e que respondem diretamente a Morgan Elsbeth, vivida por Diana Lee Inosanto (O Mandaloriano), que promete ser a antagonista pelo menos no começo da temporada. Os sith tem uma boa presença, embora por enquanto não apresentem nenhuma camada de personalidade ou desenvolvimento. Morgan que apareceu enfrentando Ahsoka em “O Mandaloriano” é astuta e perigosa, tendo fortes conexões com os remanescentes do Império.
Já os outros personagens são reapresentados para o público, mas como não existe qualquer conexão emocional com eles,sinto que é mais uma vez o Filoni jogando nas costas de Rebels para que nós nos importemos com eles. De destaque vale apenas pontuar a personagem Hera interpretada por Mary Elizabeth Winstead (Scott Pilgrim Contra o Mundo, Aves de Rapina) com a sua maquiagem esquisitíssima, e o robô dublado por David Tennant (Doctor Who, Jessica Jones), que também dava voz a ele na animação.
O mundo gigante de Star Wars continua sendo sub-explorado nas séries live-action, mas é sempre bom ver o conflito envolvendo a república e o império sempre pairando no universo, com a traição que acontece no segundo episódio.
Enquanto todos os episódios tem roteiros de Filoni, ele assume a direção apenas do primeiro, com o segundo sendo dirigido por Steph Green (Watchmen, O Livro de Boba Fett). Filoni pode ser o grande conhecedor de Star Wars e um “ótimo” produtor, mas como diretor de live-action fica devendo muito, com cenas de ação fraquíssimas e uma má condução dos atores. A direção melhora consideravelmente no segundo episódio com Green, que sabe dirigir muito bem as perseguições e cenas de combate.
O valor de produção de “Ahsoka” é melhor que o das últimas produções de Star Wars (com exceção de Andor), mas se tem uma coisa que eu já estou cansado de ver essa paleta de planetas, cenários e fundos falsos cinzas sem qualquer tipo de criatividade ou vivacidade. Um destaque positivo para o cgi das naves e criaturas que está muito bom, principalmente o gato companheiro de Sabine.
Rebels acaba com o sumiço de Ezra Bridger e do Grande Almirante Thrawn, e sabemos que os dois irão aparecer na série sendo interpretados por Eman Esfandi (King Richard: Criando Campeãs, The Inspection), e sabemos que Hayden Christensen (Star Wars Episódio III: A Vingança dos Sith, Jumper) interpretará novamente de Anakin Skywalker/Darth Vader em cenas de flashback ou como fantasma da força. Então podemos aguardar mais referências às Guerras Clônicas e a busca pelos dois como o grande plot da temporada.
O começo de “Ahsoka” mantém alguns problemas recentes de Star Wars e é “prejudicada” para parte do público por exigir informações e uma conexão emocional pré-estabelecida com personagens e outras obras da franquia, mas ainda tem uma sensação gostosa de voltar á um universo coeso e interessante de Star Wars, explorando alguns temas e personagens que parecem ter uma bagagem e desenvolvimento intrigantes. Me deu um sentimento de esperança com Star Wars, algo que eu não sentia há tempos, e eu espero do fundo do meu coração não me arrepender de criar esse sentimento.
Nota: 6,5
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