DC entrega um de seus filmes mais divertidos que sabe trabalhar bem com a sua carga emocional 


Pode-se dizer que o Flash é possivelmente um dos heróis mais reconhecíveis e populares do universo DC ao lado de Batman, Superman e Mulher Maravilha, e isso muito se deve pelas participações frequentes do personagem nos quadrinhos, nas animações e até mesmo nas séries de TV que o ajudaram a ganhar vários fãs ao longo dos anos. Mas por mais irônico que isso seja, foi somente agora que o homem mais rápido do mundo ganhou seu próprio longa metragem de alto orçamento, anos depois de seus colegas da Liga da Justiça já terem sido estabelecido nos cinemas em diversas ocasiões. 

Anunciado em 2014 como parte do calendário original de Zack Snyder para o seu antigo universo da DC nos cinemas, o papel do velocista escarlate acabou ficando com Ezra Miller, mas devido a produção problemática de "Liga da Justiça" (2017), que foi onde elu fez sua primeira aparição oficial como o personagem, seu filme solo acabou sofrendo diversos adiamentos com vários diretores atrelados ao projeto que logo depois desistiram por diferenças criativas, até que em 2019, o cineasta Andy Muschietti acabou sendo contratado para dirigir "The Flash", e com ele no comando as coisas finalmente começaram a seguir em frente depois de tantos anos. 


Em "The Flash", quando Barry Allen (Ezra Miller) descobre que pode voltar no tempo, ele usa seus novos poderes para salvar a vida de sua mãe, mas ao fazer isso, ele acaba criando uma linha do tempo alternativa onde o General Zod (Michael Shannon) retornou e maioria dos membros da Liga da Justiça não existem. Para tentar salvar esse universo, Barry precisará unir forças com uma versão mais jovem de si mesmo, um Batman (Michael Keaton) diferente do qual ele conhecia e a Kryptoniana Kara Zor-El, também conhecida como Supergirl (Sasha Calle).  

À princípio, o começo do filme chega a ser meio incômodo devido ao uso excessivo de efeitos especiais constrangedores em vários momentos de seu primeiro ato e um pouco no terceiro. Mas apesar disso e de outras cenas cômicas estranhas por parte do ator principal, a carga dramática do filme que muito se deve pelas performances de Ezra Miller  como as duas versões do protagonista ajudam bastante o filme ao mostrar o charme de seu roteiro escrito por Christina Hodson e seus impactos emocionais. O Barry Allen do presente tenta tirar proveito da possibilidade de salvar sua mãe, pois ele quer acreditar que é possível salvar a todos. Já sua versão mais jovem começa de forma bastante imatura pois não sabe como foi ter uma vida sem os seus pais, mas surpreendentemente, ele se torna um personagem muito bem desenvolvido com o decorrer do longa.


O filme começa a alavancar mesmo quando chegamos à Batcaverna de Michael Keaton e damos inicio à invasão na base secreta da Sibéria que é sem dúvidas uma das melhores sequências do filme. Keaton faz seu grande retorno triunfal como o Homem Morcego depois de 31 anos desde sua última performance como o personagem em "Batman: O Retorno" (1992), trazendo uma versão modernizada de um Batman que parece ter saído diretamente de uma história em quadrinhos. A Supergirl de Sasha Calle também se mostra uma ótima adição para a história e merece ter a oportunidade de interpretar a personagem mais vezes no futuro. Os dois se destacam, mas não de uma forma que ofusque o protagonismo de Barry Allen como muitos temiam.    


Com o retorno do Gerenal Zod de Michael Shannon, seu papel é servir mais como uma ameaça ao em vez de ser o grande vilão como foi em "Homem de Aço" (2013). O que o torna o real antagonista do filme interessante e incomum para o gênero dificilmente será a reviravolta sobre sua identidade, mas sim o fato dele ser uma personificação da principal mensagem que o filme pretende transmitir, que é sobre os perigos de ficarmos obcecados pelo passado ao em vez de aceitar o presente e se dedicar à um futuro melhor. 


Apesar de descuidos que chegam a incomodar mais pelo departamento de efeitos especiais e sua cena final que tenta ser mais cômica, "The Flash" ainda consegue trazer um saldo que no geral é bastante positivo ao universo DC com um ótimo roteiro que acerta em cheio nos momentos dramáticos e traz uma proposta interessante para o conceito de viagem no tempo e multiverso de uma forma que não tira o mérito dessa ser uma história completamente sobre o velocista escarlate mas que ainda sabe se divertir com os outros heróis presentes. 


Nota: 8/10

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