Franquia não se satisfaz com o fundo do poço e nos mostra que na verdade o poço nunca teve um fundo, e ela está preparada para decair ainda mais

Mais de uma década após o lançamento do primeiro Velozes e Furiosos, a franquia chega á impressionante marca de dez filmes. O que começou com um filme sobre corridas de racha se transformou em uma história interminável sobre foras-da-lei que agora trabalham sob o comando de uma misteriosa agência de inteligência fazendo missões em todo o globo. A franquia está tentando apenas fazer blockbusters de ação sem pretensão alguma, e criticando-a nesse aspecto qualquer um chegará a conclusão que não há mais o que contar com esses personagens; não há mais sequências de ação criativas a serem feitas, a franquia a partir desse ponto está se repetindo de forma tediosa.

A verdade—antes de tudo—é que Velozes e Furiosos é meio que divertido de se assistir. A cada filme que passa os diretores, produtores e o chefão da franquia Vin Diesel (Guardiões da Galáxia Vol. 3) querem sempre fazer com que o novo filme seja mais exagerado do que o anterior, elevando a escala e tentando criar as sequências de ação mais ridículas da história, no sentido de que qualquer pretensão de lógica é abandonada, mas que em um nível técnico é aceitável, e até impressionante como no oitavo filme, com a sequências dos carros caindo que foi toda prática e sem ajuda de computação gráfica. O problema é aqui aqui não há essa escalada, e o que vemos é mais do mesmo. É difícil superar carros sendo lançados ao espaço para destruir um satélite como foi mostrado no filme anterior, mas aqui não há muito que possa igualar aquela extravagância, o que é decepcionante. 


Então o que vemos em Velozes e Furiosos 10 é a confirmação de que a fórmula da franquia está desgastada—e o que vemos Vin Diesel fazendo é apenas tentar tirar leite de uma vaca esquálida. Os mesmos tropos e clichês dos filmes anteriores são usados e não há respeito por nenhum momento dramático estabelecido previamente já que tudo é revertido e usado para efeito de choque e surpresa. O filme até tenta ter seu momento Vingadores: Guerra Infinita com o final sendo um cliffhanger, mas é um tão chato que chega a ser risível, e quando os créditos sobem não pude deixar de rir da conclusão tão repentina. A verdade é que ri até que várias vezes no filme, mas não em cenas que foram propositalmente cômicas. 

Os personagens introduzidos são a parte mais fraca do filme. O vilão interpretado por Jason Momoa (Aquaman), Dante, é salvo pelo carisma do ator, que está se divertindo bastante com o personagem efeminado e cheio de trejeitos, uma caricatura cartunesca na qual os roteiristas tentam dar uma história de origem e motivações pelas quais o público possa entender, mas o produto final é apenas alguém que é mau por ser mau. O novo líder da Agência na qual o Alan Ritchson (Reacher) interpreta não tem muita personalidade, sendo mais uma adição vazia para um elenco que já é plano demais.


Já Isabel, a personagem da Daniela Melchior (O Esquadrão Suicida), é uma que aparece em algumas cenas, e é parente de uma personagem já estabelecida na franquia porquê essa é uma franquia sobre família; até tentam dar algum tipo de peso pra personagem pela sua ligação com o Dom, que talvez se transforme em uma de mestre/aprendiz nos próximos filmes, mas não há nada muito a se falar. Outra que acaba sendo um punhado de nada é a Tess, interpretada por Brie Larson (Capitã Marvel). Acaba mais sendo um cameo glorificado do que uma personagem real, e tentam dar um momento impactante pra ela que chega a ser risível.

A atuação fraca é entregue pelos suspeitos de sempre, Vin Diesel faz o Dom Toretto como o homem de uma só expressão que balbucia suas palavras, Ludacris (Max Payne) e Tyrese Gibson (Morbius) não passam dos alívios cômicos, e Michelle Rodriguez (Dungeons & Drangons: Honra Entre Rebeldes)—sendo uma das poucas que tentam—não consegue entregar nada de uma versão feminina do Dom. A Charlize Theron (Atômica), que com certeza só está aqui porquê está contratualmente obrigada, nem parece a mesma ótima atriz que ganhou um Oscar.


Não há trama, os personagens não importam individualmente e sim apenas como o coletivo "família" que a franquia tanto adora, e pior ainda, com sequências de ação sendo mais do mesmo e mal dirigidas em várias partes, provavelmente por causa da troca de diretores que ocorreu no meio das filmagens, Velozes e Furiosos 10 é uma péssima tentativa de começar essa trilogia que promete dar um ponto final à saga de Dom Toretto & família. 

Nota: 2

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